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MI aposta na conversão dos sistemas de irrigação nos perímetros brasileiros
Primeiros resultados apontam redução de 55% no volume de água bombeada e de 30% no consumo de energia, além de aumento da área produtiva
A conversão nos sistemas de irrigação é uma das apostas do Ministério da Integração Nacional (MI) para reduzir os custos de produção nos perímetros públicos irrigados do país e preservar o meio ambiente. A metodologia é calcada na eficiência da aplicação de água e do consumo de energia, baseados em análises obtidas a partir da substituição de sistemas de irrigação por gravidade por sistemas pressurizados. Além de diminuir o consumo de água e de energia, sua adoção também visa a garantir maior oferta de alimentos ao longo do ano e melhores resultados econômicos para o agricultor irrigante.
O Mandacaru, no município de Juazeiro (BA), é o primeiro Projeto Público de Irrigação totalmente convertido de irrigação por sulcos para irrigação localizada. Segundo um dos responsáveis pela implantação da técnica, o engenheiro agrônomo Rodrigo Vieira, da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), os resultados são promissores. "Nos primeiros dois anos de conversão, houve queda de 55% no volume de água bombeada por ano, de mais de 30% nos custos de energia elétrica e o aproveitamento total da área produtiva", destaca.
O agricultor Pedro Bernardino da Silva, produtor de melancia, manga, acerola e melão retrata a nova realidade dos irrigantes que produzem no perímetro de Mandacaru. Após a conversão dos sistemas de irrigação, ele viu os custos mensais caírem e a possibilidade de adaptar novas culturas no semiárido baiano. "A implantação da tecnologia de irrigação localizada ampliou a produção, reduziu o desperdício de água e garantiu a qualidade dos produtos", atesta.
O perímetro Mandacaru tem um total de 677 hectares de área irrigada, dos quais 394 são destinados a 54 famílias de pequenos agricultores que cultivam manga, cana de açúcar, acerola, banana, mamão, maracujá, cebola e melão para o mercado interno e exportação, além de hortaliças. O perímetro conta com 25 km de canais; 30 km de drenos; 17 km de estradas e uma estação de bombeamento.
Mais oferta, menos inflação
A secretária Nacional de Irrigação do MI, Adriana Alves, explica que, além dos custos fixos, a conversão reduziu a pressão inflacionária, já que a partir do processo de irrigação localizada foi possível garantir uma oferta regular de alimentos, inclusive em períodos de escassez hídrica.
"Os resultados gerados no sistema Mandacaru repercutiram no aumento dos índices de produtividade, competitividade e lucratividade, gerando empregos e renda para os agricultores locais. Atenderam também aos interesses do Estado, que consegue manter um equilíbrio em relação aos preços dos alimentos nos diversos períodos do ano", afirmou.
Adriana revela que o MI já iniciou uma articulação com governos estaduais para viabilizar ações semelhantes. "A expectativa é atender, inicialmente, a cerca de 20 mil hectares de perímetros públicos. Essa é apenas uma ação inicial, queremos ampliar ainda mais e apoiar a conversão em perímetros privados", adianta. Linhas de financiamento também estão sendo negociadas com bancos de desenvolvimento para atender os produtores de baixa renda.
A escolha da tecnologia
O diretor de Irrigação Pública do MI, Antônio Carvalho Feitosa, explica que a escolha do método e do sistema de irrigação depende das culturas a serem irrigadas, de fatores relacionados ao solo e clima, e da situação socioeconômica do produtor.
A irrigação localizada consiste na aplicação de água próximo às raízes das plantas, em pequenas quantidades e com alta frequência. É uma das opções mais viáveis para a fruticultura e a olericultura, especialmente em condições menos favoráveis de clima, solo e disponibilidade de água, como as encontradas na região Nordeste.
"De modo geral, a eficiência do método é em torno de 85%, podendo alcançar 90% em sistemas com adequado manejo da irrigação. Quando bem dimensionados e manejados os gotejadores e microaspersores reduzem as perdas de água por evaporação e percolação (filtragem)", explica o diretor.
Menos consumo, mais qualidade
Para adoção dessa tecnologia, deve-se considerar o valor do investimento, os custos de energia e manutenção, além da capacidade de adaptação do produtor para uma correta operação. O valor unitário de implantação da irrigação localizada é superior ao das tecnologias de irrigação por superfície.
Mas, "quando se calcula o valor do investimento, comparado à redução dos custos operacionais durante a vida útil dos equipamentos, verifica-se uma melhor relação custo/benefício", assegura Feitosa. "A adoção da metodologia Mandacaru também proporciona o uso da fertirrigação (fertilizante dissolvido na água), que melhora a qualidade dos produtos e aumenta a produtividade", completa.
O diretor revela que o MI já trabalha para estabelecer parcerias com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), entre outras instituições de apoio à capacitação de produtores rurais.