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Irrigação - Intercâmbio entre Moçambique e Brasil em perímetros públicos no Nordeste
Representantes do governo de Moçambique estão no Brasil para conhecer a experiência na gestão de perímetros públicos de irrigação mantidos pelo Ministério da Integração Nacional em Alagoas e Pernambuco. O objetivo é subsidiar a criação do Instituto Nacional de Irrigação do país africano. Os projetos nordestinos são coordenados pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), vinculada à Integração Nacional.
Para o secretário Nacional de Irrigação, Ramon Rodrigues, a visita representa o reconhecimento internacional do setor de atuação nacional para estruturar e fomentar a agricultura irrigada no país. "Há oportunidades para parcerias entre Brasil e Moçambique na área de irrigação, por isso, a missão moçambicana fortalece esse intercâmbio técnico entre os dois países", afirmou.
Almeida José Almeida, técnico do Ministério da Agricultura de Moçambique, explicou que a ideia de vir ao Brasil surgiu após a criação da Secretaria Nacional de Irrigação (Senir). "Com a visita é possível identificar como são feitas as planificações da irrigação, as técnicas e tecnologias, e a gestão e organização dos agricultores. O Instituto Nacional de Irrigação de Moçambique tem muita semelhança com o trabalho desenvolvido pelo Ministério da Integração Nacional", explicou. Os moçambicanos possuem cultura de arroz, mas ainda são dependentes da compra do grão no exterior. "Com as experiências que vimos aqui, queremos aumentar nossa produção", finalizou Almeida.
Visitas - Em Petrolina (PE), a comitiva conheceu o perímetro irrigado Nilo Coelho, que se destaca pelo cultivo de frutas, especialmente uvas, e pela produção de vinhos no semiárido nordestino. Em Alagoas, foram apresentadas informações sobre a estrutura, produção e gestão dos perímetros públicos de irrigação de Itiúba, em Porto Real do Colégio, de Boacica, em Igreja Nova, e do Marituba, em Penedo. "Os perímetros de irrigação implantados no Baixo São Francisco possuem foco na agricultura familiar", disse Geraldo Mota, gerente regional de Empreendimentos de Irrigação da Codevasf em Alagoas. Para a manutenção dos perímetros, o governo federal investe na infraestrutura de irrigação e drenagem, no fornecimento de energia elétrica e na disponibilização de assistência técnica e extensão rural.
Técnicos que prestam assistência técnica e extensão rural nos perímetros de Alagoas apresentaram os trabalhos desenvolvidos junto aos agricultores familiares. Eles relataram suas experiências com agricultura irrigada a partir da infraestrutura pública de irrigação e drenagem. "Se não fosse a implantação desses projetos de irrigação no Baixo São Francisco, a pobreza seria generalizada", afirmou o agricultor João Roque, do perímetro de Itiúba.Este possui 854 hectares de área irrigada, dividida em 227 lotes, que produzem arroz, cana-de-açúcar e desenvolvem atividades de piscicultura. Em 2010, a receita total bruta foi de cerca de R$ 3,5 milhões. São 75,4 km de rede de irrigação e 70,1 km de rede de drenagem.