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Investimento de R$ 400 milhões amplia volume de água nas bacias e reduz assoreamento
Mais água disponível, por mais tempo, para consumo e produção de populações que sofrem com estiagens prolongadas. Esse é o objetivo da ação de recuperação e controle de processos erosivos, que integra o Programa de Revitalização da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco e do Parnaíba (PRSF) do Ministério da Integração Nacional. A ação é executada pela Codevasf, empresa pública vinculada à pasta. Contabilizando R$ 400 milhões no Orçamento Geral da União (OGU) para o período 2004 a 2014, a ação - cujos reflexos, em geral, aparecem no médio e longo prazo - já tem resultados positivos para mostrar.
"O cercamento da nascente e a revegetação, feitas no ano passado, fizeram com que, apesar da seca deste ano, não ficássemos sem água, pois a bacia do Ribeirão Boa Vista abasteceu os municípios de Divinópolis e Carmo da Mata. Há seis anos, chegamos a ter que fazer barricadas na bacia para segurar a água, mas graças à recuperação de áreas degradadas feita pela Codevasf, não precisamos fazer nada disso neste ano", testemunha Regina Greco, presidente do Comitê da Bacia do Rio Pará e uma das dirigentes da Associação dos Usuários da Bacia do Rio Pará, no centro-oeste de Minas Gerais, região do Alto São Francisco - uma área de 12,5 mil quilômetros quadrados onde vivem e produzem cerca de 950 mil pessoas.
Com sete diferentes empreendimentos concluídos este ano, a recuperação e controle de processos erosivos reúne ações espalhadas por mais de 945 mil quilômetros quadrados dos Vales do São Francisco e do Parnaíba e afeta, direta ou indiretamente, uma população de aproximadamente 23 milhões de habitantes.
"São ações que aplicam métodos diversos para cada um dos diferentes tipos de situação - calcados, principalmente na revegetação, no cercamento e na proteção de nascentes, e na implantação de barraginhas e terraços", explica o presidente da Codevasf, Elmo Vaz.
O objetivo final é, em geral, o mesmo: aumentar a oferta de água disponível por meio de mecanismos que mantêm a água das chuvas por mais tempo concentrada nas bacias e sub-bacias - retardando sua chegada aos rios, que despejam nos oceanos -, propiciar a infiltração desta água doce no solo e reduzir o carreamento de sedimentos para os cursos d'água, freando o processo de assoreamento.
"É água que contribui diretamente para a recarga do lençol freático e umidifica o solo, servindo para o consumo humano, a dessedentação animal e o desenvolvimento de pequenas áreas de cultivo", observa o engenheiro agrônomo Tiago Geraldo de Lima, da Unidade de Conservação da Água, Solo e Recursos Florestais da Codevasf.
Regina Greco, que é produtora rural, pôde atestar os efeitos na prática. "A água que infiltrou para o lençol freático, brotou novamente na nascente e caiu nos córregos. Mantivemos com ela o gado de leite e as hortaliças, mesmo durante a dura estiagem deste ano, e ainda teve água para gerar energia nas seis pequenas centrais hidrelétricas instaladas na cabeceira da nascente do rio Pará", garante. Na revitalização ambiental da bacia do rio Pará, que integra a ação de recuperação e controle de processos erosivos, a Codevasf investiu R$ 380 mil.
A conservação da vegetação, ou mesmo a revegetação, é uma das estratégias importantes. "Aprendemos a importância das árvores para o ciclo da água: se não há árvores, somente 17% do volume de água das chuvas conseguem infiltrar para o solo; se as árvores estão lá, 93% do volume de chuva conseguem infiltrar", ensina Regina que, com a participação da comunidade, mantém atualmente quatro hortos de produção de mudas que são usadas pelas famílias da região para recuperar as áreas degradadas das nascentes - um dos resultados da ação de comunicação e conscientização social também realizada pela Codevasf, atrelada às demais ações.