Notícias
Especialistas debatem, em Fórum, a viabilidade da implantação da tecnologia do biogás no Brasil
O II Fórum da Indústria do Biogás, realizado em São Paulo, destacou o grande potencial do Brasil para instalação do biogás. Especialistas, pesquisadores, políticos e empresários debateram os novos passos para sua inserção na matriz energética no país. O evento aproximou o setor público e privado para promoção de um diálogo para o desenvolvimento da tecnologia do biogás.
A importância do evento foi ressaltada pelo diretor de Articulação Institucional da Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental, do Ministério das Cidades, Ernani Ciríaco de Miranda, para quem "o diálogo entre a indústria e o governo é fundamental para aproveitar e difundir melhor os avanços e as tecnologias no setor de biogás”. Ernani observou ainda a latente necessidade do envolvimento da sociedade civil na promoção e defesa da tecnologia de biogás, para que ela seja inserida na matriz energética nacional. A segunda edição do Fórum foi realizada pelo Probiogás e pela ABiogás, Associação Brasileira do Biogás e do Biometano, com apoio da Câmara Brasil-Alemanha.
Além de ser uma fonte de energia renovável, o biogás se destaca das demais fontes alternativas por ser uma alternativa para o tratamento de resíduos e efluentes, por contribuir para a redução das emissões e por funcionar muito bem de forma descentralizada, como nas áreas rurais. Arno Jerke Júnior, Diretor do Departamento de Sistemas de Produção e Sustentabilidade, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), citou a suinocultura como uma atividade promissora para a aplicação das tecnologias de biogás e citou que o programa ABC (Agricultura de Baixo Carbono) disponibiliza alternativas de financiamento.
Cases - A implementação do biogás e biometano em esgotos sanitários e resíduos sólidos urbanos (RSU) e agropecuários já é realidade em algumas cidades no Brasil. Casos de sucesso foram apresentados e debatidos durante o Fórum. Além de planta de tratamento de resíduos orgânicos com co-digestão de lodo de estação de tratamento de esgoto prestes a ser inaugurada, foram apresentados casos de uso do biometano produzido a partir da digestão de dejetos de aves para abastecer frota de veículos e a realidade de uma fábrica da indústria de bebidas que conseguiu reduzir seus custos de produção com baixo investimento em sua planta por meio do aproveitamento energético do biogás.
Os quase 180 participantes tiveram ainda acesso em primeira mão à Proposta de Programa Nacional do Biogás e do Biometano - PNBB. Apresentado pela ABiogás, o PNBB propõe a primeira política pública específica para o biogás e o biometano. Elaborada pelos associados da ABiogás a proposta deverá ainda ser debatida pela sociedade civil em um seminário no início do próximo ano. O PNBB pretende estabelecer condições específicas para que os investimentos no biogás e no biometano sejam atrativos para potenciais produtores e usuários e que se estabeleçam como fontes de energia seguras, oficialmente inseridas na matriz energética, com qualidade e disponibilidade firme.
Investimentos - O biogás está num momento propenso ao crescimento e agora é necessário unir forças para consolidar os planos. Como aponta Ricardo Dornelles, diretor do Departamento de Combustíveis Renováveis da Secretaria de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis do Ministério de Minas e Energia (MME), “o Brasil tem potencial e tecnologia para chegar onde precisamos com o programa de biogás. O que nos falta é uma articulação institucional em todos os segmentos com uma visão de longo prazo, onde a indústria seja autossustentável, buscando no biogás o seu potencial economicamente viável e eficaz”.
Probiogás - O Projeto Brasil-Alemanha de Fomento ao Aproveitamento Energético de Biogás no Brasil, o Probiogás, tem o objetivo de ampliar o uso energético eficiente do biogás em saneamento básico e em iniciativas agropecuárias e agroindustriais, inserir o biogás e o biometano na matriz energética nacional e, por conseguinte, contribuir para a redução de emissões de gases indutores do efeito estufa. O projeto é fruto da cooperação entre o Brasil, por meio da Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades, e a Alemanha, por meio da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH.