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Defesa Civil Nacional coordena simulado de preparação para desastre em Novo Hamburgo (RS)
Novo Hamburgo (RS) - Chuva forte ao amanhecer e o nível do arroio Pampa chegando a sete metros, atingindo a cota de segurança. A Vila Kipling, na margem direita do córrego, está prestes a ser alagada. Moradores da Vila Getúlio Vargas, na outra margem, também estão sob ameaça.
Este foi o cenário de partida do simulado de preparação para desastre realizado neste sábado (12/11) em Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul, a 50 km de Porto Alegre, a capital do Estado. Nos anos de 2008 e 2009 a Vila Kipling, onde moram cerca de 500 famílias, foi totalmente inundada durante enchentes do Pampa, com a água subindo até um metro dentro das casas. As construções precárias do bairro começaram a ser erguidas há 20 anos, em área não regularizada.
Com o objetivo de conhecer os riscos para evitar perdas a simulação orienta moradores de áreas vulneráveis sobre como agir diante de uma situação de desastre provocado por chuva forte. O exercício é um treinamento também para os profissionais e voluntários que atuam em defesa civil.
Dinâmica - Os simulados têm sempre a mesma dinâmica. Ao soar uma sirene, ou ser alertados por carro de som percorrendo as ruas e mensagens por celular, os moradores devem pegar documentos e remédios necessários, desligar as chaves de luz e gás, e se dirigir a um local seguro, estabelecido previamente. A retirada ocorre por rotas também definidas com antecedência.
Em Novo Hamburgo o primeiro atendimento às "vítimas" mais graves, em uma rua próxima à Vila Kipling, foi feito por profissionais de saúde das redes municipal e estadual, utilizando equipamentos de reanimação, respiração artificial e remoção em ambulância até um helicóptero.
Outros participantes do treinamento se dirigiram ao colégio utilizado como abrigo e equipado com roupas, colchões, alimentos e até itens de recreação para as crianças. Um cadastramento realizado no local credenciou os envolvidos no exercício, cerca de 300 pessoas, a serem multiplicadores das orientações recebidas e também contatos da Coordenação Municipal de defesa Civil (Comdec) nas situações de emergência.
Sandra Silveira, 28 anos, diz que agora já sabe o que fazer quando o arroio transbordar. Ela conta que várias vezes teve que abandonar a casa onde vive com o marido e três filhos pequenos, um deles de seis meses. "A gente saia correndo sem saber pra onde ir. Agora pelo menos vamos saber o que fazer, é uma segurança", disse ela ao se cadastrar. Adelor dos Santos, de 58 anos, também se declarou satisfeito com o treinamento, mas faz um alerta. "É preciso parar jogar lixo no arroio. É a sujeita que faz entupir o leito e a água escorrer pra fora".
Meta alcançada - Para o coordenador do Departamento de Minimização de Desastres (DMD), da Secretaria Nacional de Defesa Civil, Alexandre Gomes, que acompanhou todo o simulado, o objetivo foi plenamente alcançado. "O envolvimento de todos - comunidade, voluntários, estado e município, mostra que nós estamos conseguindo construir soluções para as situações que representem risco para as pessoas. A idéia é nos anteciparmos aos desastres e evitar perdas de vidas humanas, sobretudo", disse ele.
O coronel Oscar Moiano, da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec/RS) atribuiu ao simulado uma importância que transcende o município de Novo Hamburgo, devendo ser replicado em outras localidades do estado. "Atividades como as de hoje, neste evento, nos ensinam a realizar ações que minimizam os danos no momento do desastre", afirmou, acrescentando que a Secretaria Nacional de Defesa Civil tem sido uma parceira dos gaúchos nas horas de dificuldade.
Simultaneamente ao simulado de Novo Hamburgo também foi realizado na manhã de sábado um exercício semelhante em Antonina, no Paraná, envolvendo moradores dos bairros de Graciosa e Portinho.
Comunidades em áreas de risco de Salvador (BA), Maceió (AL), Recife (PE), Petrópolis e Nova Friburgo, no Rio de Janeiro, também já receberam o treinamento.