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Dados fornecidos pelo Projeto São Francisco permitem estudos inéditos sobre a caatinga
Com 13,5 mil espécimes nativos catalogados, núcleo de pesquisas criado pelo Projeto se transforma em referência nacional na análise da fauna do bioma
Considerada um dos mais exóticos biomas do Brasil, a caatinga começa a ter suas riquezas naturais reveladas ao público. A unidade do Centro de Conservação e Manejo da Fauna da Caatinga (Cemafauna) - criada pelo Projeto de Integração do Rio São Francisco - já catalogou mais de 13,5 mil espécimes oriundos do bioma sertanejo.
Instalado na Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), em Petrolina, o núcleo faz parte dos 38 programas socioambientais do Projeto e reúne cerca de 200 profissionais que, além de realizarem pesquisa científica, atuam no resgate e tratamento de animais da caatinga.
Após sete anos de estudos, os dados e as publicações do Cemafauna estão tornando o Centro referência para pesquisadores de todos os cantos do Brasil e até do exterior. "Recentemente, recebemos cinco alunos da Universidade Estadual de Nova Iorque e eles ficaram impressionados com o nível de pesquisa desenvolvido aqui", ressalta o coordenador da unidade, Luiz César Pereira.
O ponto alto do compartilhamento dos primeiros resultados científicos obtidos pela equipe será o lançamento de um livro, previsto para novembro, sobre a vasta diversidade animal do semiárido nordestino. Com linguagem acessível para ampliar o público-alvo, a publicação reunirá informações básicas e imagens dos principais animais da caatinga e características do convívio entre eles. Após a divulgação da obra, está programada também a produção de uma série de volumes segmentados por espécies nativas, como aves, répteis e insetos, destinada a especialistas.
Legados para a ciência - As publicações representam, contudo, só uma parte dos avanços conquistados pelo Cemafauna. A entidade também contabiliza um extenso volume de artigos científicos de alcance internacional, além de descobertas inéditas, que incluem até novos espécimes. Um dos mais recentes achados foi a identificação de uma borboleta não conhecida pela ciência, que está em fase de registro científico.
Ainda segundo Pereira, o Projeto já propiciou outros legados para a ciência. "Até a década de 90, esse bioma era tido como pobre. Na verdade, a caatinga sempre foi negligenciada pela academia. Com o Projeto foi possível estudar essa fauna e agora qualquer pesquisador pode vir aqui para entendê-la". Ele também aponta a formação de novos profissionais como um benefício criado pela iniciativa. "Vários técnicos e alunos dessa região passaram ou estão no Cemafauna e, no futuro, estarão aptos para atuar em outras obras ou atividades", destaca.