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Comunidades indígenas participam de oficinas socioambientais do Projeto São Francisco
Membros das etnias Kambiwá e Pipipã aprenderam técnicas de comunicação social para divulgar a cultura indígena e o cotidiano das aldeias
Em mais uma ação do Programa de Desenvolvimento das Comunidades Indígenas, 96 representantes das etnias Kambiwá e Pipipã, localizadas nos municípios pernambucanos de Ibimirim e Floresta, participaram de Oficinas Temáticas de Educomunicação para Formação de Agentes Socioambientais. A atividade organizada pelo Ministério da Integração Nacional, de janeiro a abril deste ano, integra o conjunto de programas ambientais do Projeto de Integração do Rio São Francisco.
O foco desta edição foram as estratégias de comunicação social para divulgar a cultura indígena, por meio de instrumentos produzidos pela própria comunidade, como jornais, revistas, vídeos, blogs e uso das redes sociais. Com aulas teóricas e atividades práticas, os participantes conheceram a linguagem e as ferramentas relacionadas à divulgação de informações pelos diferentes tipos de mídia (impressa e audiovisual). Ainda neste mês de maio, as etnias Tumbalalá e Truká vão participar da capacitação.
Para marcar o encerramento das oficinas, cada etnia escolheu um meio de comunicação para colocar em prática os conhecimentos adquiridos. Os Kambiwá optaram pelo jornal impresso para registrar em notícias o cotidiano dos moradores, a política indigenista, a cultura e os problemas relacionados aos serviços de saúde nas aldeias. A motivação dos participantes foi tão grande que já pensam nas pautas das próximas edições do jornal A Borduna. "Podemos destacar na próxima edição a primeira formatura dos povos indígenas de Pernambuco", antecipou Romana Bezerra, uma das participantes da oficina.
O meio escolhido pelos membros da etnia Pipipã foi a produção de um vídeodocumentário, com o tema "Terra e Água", para retratar as dificuldades enfrentadas pelos povos indígenas no período da seca. Para Fábio Paz, as informações apresentadas durante as oficinas servirão de incentivo para a produção de outros produtos audiovisuais sobre a cultura e da luta dos povos indígenas. "Vamos continuar produzindo mais vídeos e divulgá-los na internet para que todos conheçam mais sobre nosso povo", argumentou.
História - Na fase que antecedeu as Oficinas de Formação de Agentes Socioambientais, as comunidades indígenas construíram de forma coletiva livretos artesanais contando a história da etnia. Religião, saúde, educação, demarcação do território e lugares sagrados foram alguns dos temas abordados nas publicações.
O cacique da etnia Pipipã, Valdemir Lisboa, sinaliza que vai lutar para que todos os materiais produzidos nas oficinas ganhem outros espaços, assim como o livreto artesanal elaborado por seu povo. "Já consegui a reprodução dos livros com a Secretaria de Educação. Agora quero ver se conseguimos construir ferramentas que possam aprimorar a nossa comunicação, ainda que a distância geográfica seja uma dificuldade, mas que será superada", afirmou.
A Formação de Agentes Socioambientais, realizada pelas Oficinas de Educomunicação, faz parte de um processo de transição para as capacitações de Organização Social e Gestão Produtiva, que abordam questões como associativismo e cooperativismo, criação de animais de pequeno e médio portes, beneficiamento de frutas, gestão de resíduos sólidos, agricultura orgânica, agrofloresta, reflorestamento, implantação e gestão de viveiros. Os temas tratados nas formações são escolhidos pelas próprias etnias em reuniões com técnicos do Ministério da Integração Nacional.
Programas Ambientais - As ações do Programa de Desenvolvimento das Comunidades Indígenas são direcionadas, atualmente, a quatro etnias: Tumbalalá, Pipipã, Kambiwá e Truká. Essa é uma das 38 estratégias ambientais desenvolvidas pelo Ministério da Integração Nacional com vistas à com vistas à minimização, compensação e ao controle dos impactos ambientais provocados pela implantação e operação do Projeto de Integração do Rio São Francisco.
Maior obra de infraestrutura hídrica do país, o Projeto São Francisco emprega, atualmente, 4,6 mil trabalhadores. Até junho serão contratados mais 4 mil profissionais. Com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2), o empreendimento levará água de beber a mais de 12 milhões de brasileiros nos estados de Pernambuco, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte. Para garantir um novo futuro em segurança hídrica ao semiárido brasileiro, o Governo Federal está investindo em várias outras obras estruturantes que somam mais de R$ 30 bilhões.