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Brasil e países do Mercosul decidem integrar gestão de riscos e desastres naturais
Sistema da Defesa Civil brasileira é considerado referência por autoridades e especialistas de países da região
Com características socioeconômicas e ambientais semelhantes e, mais ainda, com vulnerabilidades equivalentes em relação a desastres naturais, os países do Mercosul decidiram fechar um acordo para intercâmbio de dados e integração dos serviços hidrometeorológicos na região. A novidade foi anunciada na Reunião de Ministros e Altas Autoridades de Gestão Integral de Riscos de Desastres do Mercosul (RMAGIR), realizada esta semana em Brasília. O encontro, concluído nesta quarta-feira (29), foi presidido pelo ministro da Integração Nacional, Helder Barbalho, que responde pela Presidência Pro Tempore do Brasil da entidade.
"O Ministério da Integração traz para o diálogo a sua experiência como principal órgão público do Brasil no enfrentamento a desastres naturais, na prestação de auxílio humanitário emergencial e no desenvolvimento de medidas para prevenir e mitigar situações de calamidade", ressaltou Helder Barbalho. O desafio, na opinião do ministro, é buscar sempre o melhor aproveitamento dos recursos materiais, tecnológicos e humanos para a adequada gestão de riscos e o enfrentamento de desastres.
Representantes do Paraguai, Uruguai e Argentina participaram da reunião. Os órgãos brasileiros ligados ao setor - a Agência Nacional de Águas (ANA), o Instituto Nacional de Meteorologia do Brasil (INMET), o Serviço Geológico do Brasil (CPRM) e a Universidade de Brasília (UnB) - também estiveram no encontro, assim como o Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad), da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec).
Quatro eixos
Foram propostos quatro eixos para a integração da rede hidrometeorológica: o desenvolvimento de estudos conjuntos para definição de um sistema integrado de alertas; a promoção de capacitações conjuntas; a promoção e desenvolvimento da Plataforma WIGOS (Sistemas Integrados de Observação da Organização Mundial de Meteorologia); e o reconhecimento do Sistema Regional do Clima para o desenvolvimento do Centro Regional do Clima para o Sul da América do Sul (CRC-SAS).
"É fundamental que possamos unir esforços e informações, estratégias e conhecimentos que permitam que os países do Mercosul possam estar preparados na estratégia de prevenção a desastres naturais", reforçou o ministro. "Cada vez mais as mudanças climáticas nos ajudam a pensar, conceder e construir ações que evitem que os desastres ocorram e, ao momento dos acontecimentos, a população possa estar preventivamente protegida e informada a respeito do evento ocorrido".
Para o diretor do Cenad, Élcio Barbosa, o intercâmbio coloca o Brasil como grande interlocutor das ações de integração de dados. "A proposta abre a possibilidade para que os países busquem uma linguagem única que nos permita dar mais segurança à população", acrescentou. Élcio ressaltou uma iniciativa brasileira bem sucedida e que gerou grande interesse entre os participantes. Trata-se de um sistema gratuito de alertas de desastres naturais para a população, diretamente em seus celulares, via SMS. O serviço já está funcionando em vários estados e deverá ser implantado em todo o País até março do próximo ano. Leia mais.
Próximos passos
Durante o encontro em Brasília também foi aprovada uma declaração com dez ações estratégicas face aos principais riscos na região. Entre as iniciativas está, por exemplo, implementar mecanismos de cooperação, assistência humanitária e intercâmbio de experiências para a prevenção, mitigação, preparação, resposta e recuperação de riscos e desastres no âmbito da proteção e defesa civil. E, ainda, estimular o fortalecimento dos sistemas nacionais de gestão de riscos de desastres, por meio da busca de sinergias e da agilização dos fluxos para solicitação e prestação de auxílio mútuo entre os países, incluindo o acesso a dados, tecnologias e avanços científicos na matéria. Acesse o documento completo aqui.
Ontem (28), a Comissão Técnica de Serviços Hidrometeorológicos (CTSH) visitou as instalações do INMET e do Cenad para conhecer a estrutura e os protocolos utilizados para a gestão de riscos de desastres. Miguel Kurita, chefe de gabinete da Secretaria de Emergência Nacional do Paraguai; Fernando Traversa, diretor do Sistema Nacional de Emergências (Sinae) do Uruguai; e Emilio Renda, secretário de Proteção Civil e Abordagem Integral de Emergências e Catástrofes da Argentina estiveram à frente dos trabalhos, acompanhados pela diretora do Departamento de Prevenção e Preparação da Sedec, Adelaide Nacif.