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Biólogos do Projeto São Francisco já identificaram 13,8 mil plantas na caatinga
Realizado pela Univasf, trabalho de inventário traz novas informações sobre o bioma da maior obra de infraestrutura hídrica do país
Os biólogos que trabalham no Projeto de Integração do Rio São Francisco, executado pelo Ministério da Integração Nacional (MI), já identificaram 13.803 amostras de 1.261 espécies de plantas na caatinga, ao longo da maior obra de infraestrutura do país. Desse total, 1.716 amostras pertencem a 138 espécies exclusivas do bioma onde é construído o empreendimento. Iniciado em 2008, o inventário inclui coleta e identificação da flora local.
Responsáveis pela atividade, os biólogos especializados da Universidade do Vale do São Francisco (Univasf) registram a localização, a ocorrência geográfica e características das espécies. "Este projeto é uma oportunidade ímpar para construirmos um banco de informações científicas, sem paralelo, sobre a caatinga", explica o professor Daniel Pifano, curador do inventário.
A atividade é rotineira ao longo de todo o trecho de obras, onde são construídos os canais, reservatórios, túneis e nas áreas que fornecem areia ou pedra para o projeto. O ápice do trabalho de campo é a identificação de novas espécies. Mas a regra, no dia a dia dos pesquisadores, é a coleta de espécies conhecidas ou pouco conhecidas, importantes para a formação da base de dados sobre o bioma.
"A obrigatoriedade do resgate das plantas antes da supressão vegetal da faixa de obra permite o melhor conhecimento da caatinga", destaca a coordenadora-geral de Programas Ambientais do MI, Elianeiva Odisio. "São plantas que podem ser consideradas raras, ameaçadas. E descobrimos novas informações a respeito dos seus hábitos e características", acrescenta Pifano.
Essas informações são armazenadas no banco de dados do Herbário Vale do São Francisco (Hvasf) da Univasf. A equipe envolvida com o trabalho de inventário é formada por 10 profissionais: um coordenador, seis analistas ambientais e três mateiros.
Projeto São Francisco
O projeto é a mais relevante iniciativa do Governo Federal dentro Política Nacional de Recursos Hídricos. O objetivo é garantir a segurança hídrica para 390 municípios no Nordeste Setentrional, onde a estiagem ocorre frequentemente, beneficiando mais de 12 milhões de habitantes.
Trata-se do mais significativo volume de investimentos nas questões socioambientais e arqueológicas do semiárido. As ações desenvolvidas pelos 38 programas ambientais do projeto possibilitam o conhecimento aprofundado do bioma caatinga, não só no âmbito da fauna e da flora, mas também em diversos aspectos econômico-sociais, arqueológicos e na melhoria de condições de vida de comunidades indígenas e quilombolas na área de impacto do projeto.