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Angolanos são capacitados sobre pesca familiar e criação comercial de peixes
Objetivo do curso é incentivar a piscicultura para estimular a economia no país africano
Uma turma de dez angolanos vai se formar, na próxima segunda-feira, dia 28, em um curso de capacitação criado para fortalecer a pesca familiar e a criação comercial de peixes no país africano. Fruto de um acordo firmado em julho de 2012 entre a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), do Ministério da Integração Nacional, e a República de Angola, o curso teve duração de seis meses. O treinamento foi realizado no Centro Integrado de Recursos Pesqueiros e Aquicultura de Betume, em Neópolis (SE).
A formatura será realizada às 15h30, na sede da superintendência regional da Codevasf em Aracaju. Os técnicos africanos terão a missão principal de operar centros de apoio à pesca do Instituto de Pesca Artesanal (IPA) de Angola, semelhantes aos administrados pela Codevasf. Eles serão responsáveis também por prestar assistência técnica e imprimir caráter comercial à pesca em Angola, atividade desenvolvida no país africano em nível de subsistência na zona oceânica. Essas ações ajudarão a aquecer a economia nacional, muito prejudicada pela guerra civil que afligiu o país até 2002.
A criação de peixes e a pesca comercial ajudarão a diversificar a economia primária, cuja principal atividade hoje é a criação de gado. Samuel Vieira, que vive na capital Luanda, reconhece que terá muito trabalho ao retornar para Angola. "A primeira coisa que vou fazer é matar a saudade de minha família. Depois, chegará o momento de dispor de tudo o que aprendemos aqui", declarou.
Ildefonso Mucuenje, habitante da província litorânea de Benguela, afirma que terá uma responsabilidade muito grande quando voltar a seu país de origem. "A região em que vivo é muito parecida com Sergipe em relação ao clima. O objetivo de todo esse treinamento é poder ajudar as pessoas de camadas sociais mais baixas a colocar em prática a piscicultura, o que vai ser importante para diminuir a pobreza. A piscicultura tem um potencial muito grande em Angola", afirma Ildefonso.
Como os participantes do curso não possuíam nenhum conhecimento em piscicultura e aquicultura, o treinamento foi iniciado pela parte prática, para que os técnicos tivessem o primeiro contato com a área a ser estudada. Em seguida, os profissionais da Codevasf deram início à capacitação teórica, quando os dez angolanos puderam aprender sobre reprodução artificial de peixes, produção de alevinos, qualidade da água, operação de equipamentos, preparação de viveiros, entre outros conteúdos.
O engenheiro de pesca Irum Menezes Guimarães acredita que os técnicos angolanos estão devidamente preparados para executar essas atividades em Angola. "Eles aproveitaram bastante o curso e têm hoje uma visão global do assunto. Eles já dominam, por exemplo, a reprodução de tilápias, uma espécie nativa da África, e de curimatãs. Agora, eles terão que fomentar o desenvolvimento em suas províncias, além de capacitar e orientar pessoas que atuam nessa área", diz o engenheiro.
O acordo para treinamento dos técnicos angolanos em Sergipe foi firmado no dia 17 de julho pelo presidente da Codevasf, Elmo Vaz, e pelo embaixador da República de Angola no Brasil, Nelson Manuel Cosme. Na ocasião, o diplomata do país africano ressaltou que Angola possui interesse também em firmar novas parcerias com a Codevasf na área de irrigação e arranjos produtivos locais (APLs).