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Análise territorial mostra potencial de crescimento da irrigação no Brasil
De acordo com estudo, área irrigada pode expandir em até 10 vezes com sustentabilidade
O Brasil tem potencial para expandir as terras irrigadas em até 61 milhões de hectares - o equivalente a 10 vezes o tamanho atual. Essa é uma das conclusões do estudo "Análise Territorial para o Desenvolvimento da Agricultura Irrigada", elaborado em parceria pelo Ministério da Integração Nacional (MI), a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ/USP) e o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).
De acordo com a secretária Nacional de Irrigação, Adriana Alves, o estudo é a primeira etapa do planejamento da expansão da irrigação no país. Ela explica que o trabalho apresenta uma nova metodologia para a formulação e monitoramento de políticas públicas voltadas ao setor. A nova abordagem irá considerar as particularidades do território nacional, identificando estratégias específicas, coerentes com o planejamento e desenvolvimento de cada região.
"É evidente a oportunidade que a agricultura irrigada proporciona, sobretudo para as regiões onde há escassez hídrica. Além de diversificar as culturas e a produção de alimentos, a tecnologia irrigada atua diretamente no contexto do desenvolvimento regional. Diante disso, o ministério vem avançando em suas parcerias para consolidar o uso dessa técnica no Brasil. Este é o pontapé inicial para a elaboração do Plano Nacional de Irrigação, previsto na Política Nacional de Irrigação", afirma Adriana.
A secretária ressalta que o trabalho teve como base uma metodologia inovadora de análise territorial de abrangência nacional, desenvolvida pela Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" da Universidade de São Paulo (Esalq/USP). O estudo considerou as áreas já irrigadas e aquelas com potencial para expansão por meio da combinação de variáveis como aptidão agrícola, disponibilidade hídrica, preservação ambiental, infraestrutura existentes. Também levou em conta as características socioeconômicas do meio rural no país obtidas de fontes oficiais nacionais e organizadas nos mais de 50 mapas temáticos que compuseram o estudo.
"A metodologia consiste na avaliação e planejamento dessa expansão, assim como a consolidação das áreas existentes, respeitando as particularidades de cada região do Brasil e, principalmente, promovendo o uso racional da água na agricultura", garante Adriana. Ela acrescenta que o estudo possui uma ferramenta de consulta automatizada, na qual o gestor pode monitorar as políticas públicas para agricultura irrigada, possibilitando o refinamento das características territoriais, visualizar a aplicação de recursos e, ainda, analisar a efetividade das ações ao longo do tempo.
Aplicação
O estudo aponta que o Brasil tem grande potencial para expandir sua área irrigada em até 61 milhões de hectares com a disponibilidade hídrica superficial, especialmente na região Centro-Oeste. Porém, o que ditará o ritmo da expansão é a demanda interna e externa pela produção de alimentos e matérias-primas que poderão dar ao Brasil a oportunidade de consolidar e ampliar a importância como fornecedor de alimentos para o mundo.
O diretor de Política de Irrigação, Cristiano Zinato, ressalta ainda que a melhoria da eficiência dos sistemas de irrigação e a implantação de reservatórios para acumulação de água também podem ajudar a consolidar e ampliar a área irrigada nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste, promovendo o uso racional da água e reduzindo a competição com outros usos, como o abastecimento urbano e industrial e a geração de energia hidroelétrica.
Estimativas da Agência Nacional de Águas (ANA) mostram que o Brasil irriga, atualmente, cerca de 6 milhões de hectares, situados em regiões de São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Bahia e Goiás. Juntos, eles possuem cerca de 68% de toda a área irrigada atualmente.
Considerando o uso da irrigação nas áreas já cultivadas como sequeiro, a agricultura irrigada promoverá o aumento da produtividade, redução da pressão pelo desmatamento de novas áreas, produção agrícola com maior qualidade e maior valor agregado, redução dos riscos de perda de safra pela seca, além de potencializar a geração de empregos estáveis e renda para a população rural.
A preocupação com a preservação ambiental também está presente no trabalho, que considerou a legislação ambiental vigente, os critérios de outorga do uso da água e as áreas prioritárias para a conservação e utilização sustentável, parques e terras indígenas. O objetivo é criar condições para o desenvolvimento regional sustentável da agricultura irrigada no Brasil.