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Secretaria Nacional de Paradesporto apresenta o Diagnóstico do Surdoatleta no Brasil
Foto: Caio Henrique/ CBDS
Realizada entre os dias 3 e 7 de dezembro, em São José dos Campos (SP), a Surdolimpíada Nacional 2021 extrapolou os limites do esporte. A competição, que reuniu 740 atletas de todo o país, foi o ponto de partida para uma iniciativa inédita promovida pela Secretaria Nacional de Paradesporto (SNPAR) da Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania: o Diagnóstico do Surdoatleta no Brasil.
O objetivo deste diagnóstico foi subsidiar tanto a Secretaria Nacional de Paradesporto quando a CBDS de informações que nos permitam traçar um perfil mais preciso do surdoatleta no Brasil”
Agtônio Guedes, secretário nacional de Paradesporto do Ministério da Cidadania
Ao todo, 670 brasileiros, de 23 unidades da Federação, todos surdos ou com deficiência auditiva e praticantes de esportes, responderam a um questionário produzido pela SNPAR que teve como objetivo traçar o perfil do surdoatleta no Brasil. O questionário foi preparado de forma acessível, com perguntas em vídeo com tradução para LIBRAS.
A maior parte dos que responderam ao questionário (80%) disputou a Surdolimpíada 2021 no interior paulista. Os demais são praticantes de esporte para surdos que tiveram acesso à pesquisa por meio de parceria da SNPAR com a Confederação Brasileira de Desportos de Surdos (CBDS).
O diagnóstico indica que 35,7% dos entrevistados vivem na região Sudeste, sendo que a maior parte deles moram no estado de São Paulo. Na sequência, aparecem as regiões Sul (29,2% do total), Nordeste (20,5%), Centro-Oeste (10%) e Norte (4,7%). Os estados de Roraima, Acre, Tocantins e Sergipe não tiveram representantes no diagnóstico, pois nenhum atleta desses estados respondeu ao questionário.
Modalidades
Outro dado refere-se às modalidades praticadas, com uma predominância de esportes coletivos. O vôlei, com 155 praticantes, seguido por handebol (138) e basquete (52) foram os mais citados. Na sequência, aparece o atletismo, com 51 praticantes no grupo de entrevistados.
No total, os surdoatletas ouvidos são integrantes de 15 modalidades: atletismo, badminton, basquete, boliche, ciclismo de estrada, tênis de mesa, handebol, natação, mountain bike, vôlei, vôlei de praia, xadrez, judô, taekwondo e caratê.
“O objetivo deste diagnóstico foi subsidiar tanto a Secretaria Nacional de Paradesporto quando a CBDS de informações que nos permitam traçar um perfil mais preciso do surdoatleta no Brasil”, explicou o secretário nacional de Paradesporto, Agtônio Guedes.
“Tivemos um número expressivo de participantes de todas as regiões e praticamente de todos os estados. Os dados nos permitirão promover políticas públicas mais eficientes para o surdoatleta brasileiro”, continuou o secretário.
Frequência
A pesquisa mostrou que, dos 670 entrevistados, 69,4% nasceram surdos. Os demais ficaram surdos ou com deficiência auditiva ao longo da vida. O diagnóstico também identificou a frequência de dias e horas por semana que eles dedicam aos treinos e há quanto tempo e onde eles praticam esportes.
É uma triagem que demostra a diversidade das pessoas surdas, pois fazemos parte de quase 10 milhões de surdos no Brasil”
Diana Kyosen, presidente da Confederação Brasileira de Desportos de Surdos
Entre os 670 entrevistados, 268 disseram praticar esporte há mais de cinco anos, enquanto uma boa parte deles, 178 pessoas, adquiriu o hábito há menos de um ano. Sobre a frequência, 160 praticam três vezes por semana. Quando indagados quantas horas por dia dedicam aos treinamentos, o maior grupo (260 pessoas) respondeu entre uma e duas horas.
Em relação ao local onde praticam esportes, 218 responderam clubes, 163 disseram que usam estruturas oferecidas por prefeituras e 21 responderam que era na universidade. O restante (268 pessoas) optou pela opção “outras localidades” em suas respostas.
O diagnóstico descobriu ainda que 415 dos 670 entrevistados (61,9%) pratica esporte orientado por um treinador. A maioria deles, 625 (93,2%) não recebe auxílio financeiro voltado para a prática esportiva.
“É a primeira vez que o Governo Federal faz um levantamento desse tipo. Uma triagem que demostra a diversidade das pessoas surdas, pois fazemos parte de quase 10 milhões de surdos no Brasil”, ressalta Diana Kyosen, presidente da Confederação Brasileira de Desportos de Surdos.
A dirigente destacou que a criação da Secretaria Nacional de Paradesporto na estrutura do Ministério da Cidadania trouxe um olhar mais atento às pessoas com deficiência. “Com a Secretaria Nacional de Paradesporto criou-se um olhar para os surdos no esporte. Isso traz, para nós, da CBDS, o sonho de avançarmos num futuro de mais equidade”.
Socieconômico
A iniciativa da Secretaria Nacional de Paradesporto ainda traçou um perfil acadêmico e socioeconômico dos entrevistados. Em relação ao nível de escolaridade, 33,7% têm o ensino médio completo, enquanto 21,7% concluíram o ensino superior. O diagnóstico revelou ainda que a maioria dos atletas está no mercado de trabalho: 460 entrevistados, ou 68,6% do total.
Em relação à renda mensal, 470 (70,1%) ganham até três salários mínimos, enquanto 155 (23,1%) têm rendimentos entre 3 e 10 salários mínimos. Dezesseis pessoas (2,3%) disseram ganhar entre 10 e 20 salários mínimos e 4,3% afirmaram ganhar mais de 20 salários mínimos.
A pesquisa tratou também da questão de hábitos de saúde e constatou que a maioria não fuma (658 pessoas) e não faz uso de bebidas alcóolicas (422 pessoas). “Esse diagnóstico é importante, pois preenche uma lacuna história em relação ao perfil do surdoatleta. A partir de agora, temos um retrato mais preciso deste público, que está fora do arcabouço dos Jogos Paralímpicos, mas que tem um movimento muito forte no país”, afirmou a diretora do Departamento de Paradesporto da Secretaria Nacional de Paradesporto, Giselle Chirolli.
Diretoria de Comunicação – Ministério da Cidadania