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Esporte paralímpico
Em iniciativa pioneira do Governo Federal, atletas paralímpicos ganharão cães-guias
Uma parceria inédita, envolvendo a Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania, por meio da Secretaria Nacional de Esporte de Alto Rendimento (SNEAR), o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) e o Centro de Treinamento e Formação de Cães-Guia do Instituto Federal Catarinense (IFC) Campus Camboriú permitirá que quatro atletas paralímpicos, portadores de deficiência visual, recebam cães-guia para auxiliá-los nas tarefas do dia a dia.
Permitir que nossos atletas tenham cães-guias é uma forma de incentivá-los a ter mais independência, e isso tem impactos até mesmo nos treinamentos”
Bruno Souza, secretário nacional de alto rendimento do Ministério da Cidadania
Os cães-guias permitem que as pessoas portadoras de deficiências visuais adquiram um nível maior de independência. Os animais auxiliam em várias tarefas cotidianas, como atravessar a rua, parar em sinais, evitar obstáculos e encontrar as portas dos estabelecimentos, entre outras habilidades.
“A ideia dessa parceira surgiu depois de uma visita que eu realizei ao IFC no final de outubro”, conta Bruno Souza, secretário da SNEAR. “Permitir que nossos atletas tenham cães-guias é uma forma de incentivá-los a ter mais independência, e isso tem impactos até mesmo nos treinamentos”, prossegue Bruno.
O projeto prevê que quatro cães-guia sejam cedidos ao CPB em 2021. O primeiro deles já está pronto para ser entregue. Chama-se Gael e é um labrador macho. Os outros três serão entregues até o fim do ano.
Por envolver um processo que exige grande dose de empatia entre o cão e seu futuro dono, a escolha do atleta depende de fatores variáveis. “Não é todo deficiente visual que pode receber um cão-guia. Primeiramente, é preciso ter boas noções de mobilidade, ou seja, a pessoa tem que saber caminhar bem”, esclarece Sirlei Albino, diretora-geral do IFC Campus Camboriú.
“Além disso, as duas partes precisam ter uma afinidade tremenda. É por isso que nem todo deficiente visual consegue ter um cão-guia. A seleção é feita com no mínimo três candidatos para cada cachorro. Um animal mais alto, por exemplo, vai para alguém de maior estatura. Um cão mais veloz vai pegar alguém mais ágil. No caso dos atletas paralímpicos, serão escolhidos cães mais rápidos. É a primeira vez que temos essa parceria. Nunca havia sido feito um edital para atender uma demanda específica como essa. Vejo como mais uma forma de inclusão social”, prossegue Sirlei.
O esporte de alto rendimento não envolve apenas treinamentos e competições. No caso dos atletas paralímpicos, principalmente, essa equação vai muito além disso. Com os cães-guia, nossos atletas com deficiência visual ganharão confiança para desempenhar suas funções. É uma forma de incentivá-los ainda mais”
Marcelo Magalhães, secretário especial do Esporte do Ministério da Cidadania
Para o secretário especial do Esporte, Marcelo Magalhães, a iniciativa demonstra que a atenção com o esporte paralímpico vai além dos treinos ou das competições. “Nosso papel, como gestor do esporte dentro do Governo Federal, é trabalhar para garantir a nossos atletas as melhores condições para defender o Brasil nos grandes eventos mundiais. O esporte de alto rendimento não envolve apenas treinamentos e competições. No caso dos atletas paralímpicos, principalmente, essa equação vai muito além disso. Com os cães-guia, nossos atletas com deficiência visual ganharão confiança para desempenhar suas funções. É uma forma de incentivá-los ainda mais”, ressalta o secretário.
“É uma iniciativa importante porque vai permitir que atletas cegos tenham a rotina facilitada por meio desses cães-guias”, acrescenta Mizael Conrado, presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro.
Longo treinamento
Os animais do Centro de Treinamento e Formação de Cães-Guia do IFC Campus Camboriú são das raças labrador e golden retriever. Por se tratar de uma função altamente específica, o treinamento de um cão-guia dura, no mínimo, dois anos e meio.
“São animais de linhagens melhoradas geneticamente. Com quatro ou cinco meses, o cão é enviado para uma família socializadora, que são nossos parceiros. Essas famílias ficam com ele em torno de dois anos. Os custos com os cães são mantidos pelo Instituto, e as famílias são treinadas para dar os primeiros ensinamentos. Vão com eles para a praia, para o restaurante, para o ônibus. Essas pessoas têm uma carteirinha que as autoriza a entrar com o cão em todos esses espaços”, explica Sirlei Albino.
As famílias vão periodicamente ao instituto para serem treinadas. Depois de dois anos, os cães voltam para o centro, onde recebem treinamento intensivo de seis a sete meses, já na fase final da preparação.
Os candidatos a receberem o cão-guia Gael deverão permanecer hospedados no Centro de Formação de Treinadores e Instrutores de Cães-Guia, em Camboriú, por três semanas, a fim de realizar o processo de adaptação, momento em que será avaliada a compatibilidade entre a pessoa e o cão-guia, bem como a capacidade do candidato.
A quarta semana do processo de formação de dupla acontece na residência do candidato, para a demarcação da rota de trabalho. O animal graduado como cão-guia trabalha em média 8 anos, antes de se aposentar.
Diretoria de Comunicação – Ministério da Cidadania