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Força-Tarefa
Com cinco mil cestas entregues e atendimentos integrados ao Povo Yanomami, ministro avalia: "Ações vão permitir salvar vidas"
Cestas de alimentos já chegaram a representantes das comunidades indígenas. Foto: Divulgação / MDS
Diante de um quadro de desnutrição e insegurança alimentar graves, prestação de atendimentos em saúde, logística integrada e cinco mil cestas de alimentos entregues, um total de 80 toneladas. A Força Tarefa do Governo Federal iniciou o trabalho para atender o Povo Yanomami em Boa Vista no último sábado (21.01), e o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), Wellington Dias, já faz um balanço positivo. "O trabalho envolve vários ministérios e exige ações em parceria com o município, o estado, as próprias lideranças indígenas. A ideia é garantir que se tenha a qualidade de vida e a dignidade que se deseja para esse povo", comentou o ministro.
Houve uma retirada de serviços que se prestava há muito tempo, além da entrada de pessoas estranhas. Imagine um Parque Nacional e a chegada de pessoas para garimpo, sem autorização, madeireiros, produtores, criadores. E isso é muito pior num território que tem particularidades, de povos que não tiveram contato com o ambiente externo. Uma simples gripe, que para nós não é problema, para eles é fatal"
Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome
O quadro que o Governo Federal encontrou na capital de Roraima foi considerado muito grave. "É uma situação crítica. Acho que todo mundo já percebeu. Isso que aconteceu é uma tragédia. Eu digo que é um genocídio". Segundo o ministro, os números ainda não foram consolidados, mas a estimativa é de que mais de 540 índígenas, entre eles muitas crianças e idosos, tenham morrido de causas evitáveis (como pneumonia, gripes e quadros de diarreia) nos últimos quatro anos na Terra Indígena Yanomami. A região congrega cerca de 78.500 indígenas em 719 comunidades, de acordo com informações do Governo de Roraima.
O contexto, segundo Dias, envolve a contaminação de rios da região por altas taxas de mercúrio em função da mineração ilegal e a presença indevida de madeireiros. Muitos dos povos indígenas da região são isolados, e por isso mais suscetíveis a doenças comuns decorrentes do contato com outros povos.
"Ali houve uma retirada de serviços que se prestava há muito tempo, além da entrada de pessoas estranhas. Imagine um Parque Nacional e a chegada de pessoas para garimpo, sem autorização, madeireiros sem autorização, produtores, criadores. E isso é muito pior num território que tem particularidades, de povos que não tiveram contato com o ambiente externo. Uma simples gripe que para nós não é problema, para eles é fatal", comentou.
Diante desse quadro, o Governo Federal estabeleceu o Comitê de Coordenação Nacional para Enfrentamento à Desassistência Sanitária das Populações em Território Yanomami. Oficializado na última sexta-feira , o grupo envolve, além do MDS, as pastas da Saúde, dos Povos Indígenas, da Defesa, da Justiça e Segurança Pública e de Gestão e Inovação em Serviços Públicos.
Atendimento em saúde conta com o auxílio das forças Armadas. Foto: Divulgação / MDS |
Assistência emergencial
A prioridade, num primeiro instante, é garantir assistência médica emergencial, cuidar de graves quadros de desidratação e desnutrição, levar cestas de alimentos adaptadas à realidade regional e retomar, aos poucos, a rede de proteção ao Povo Yanomami. Uma ação articulada que envolve MDS, Funai, Forças Armadas e ministérios da Saúde, dos Povos Indígenas, da Justiça e Segurança Pública e dos Direitos Humanos.
"Na linha da segurança alimentar, garantimos a chegada de 80 toneladas de alimentos, quase cinco mil cestas. Os helicópteros da Força Aérea, quando chegam com os alimentos, levam também o atendimento médico e, quando necessário, transportam crianças, mulheres, idosos que precisam de atendimento mais emergencial", explicou Wellington Dias.
"Infelizmente perdemos muita gente e ainda há muita gente em situação crítica, mas agora as ações que retomamos vão nos permitir salvar vidas. É a principal meta nesse trabalho integrado", estimou o ministro.
É um conjunto de projetos que estão parte já em execução, em atividade, com equipes em campo, e outros em formatação. Um trabalho que envolve vários ministérios e exige ações em parceria com o município, o estado, as próprias lideranças indígenas para garantir, enfim, que se tenha a qualidade de vida e a dignidade que se deseja para esse povo"
Educação e comunicação
Para o ministro, ainda há desafios adicionais a serem superados. Entre eles, a extensão do território Yanomami, de mais de 17 mil quilômetros quadrados, a falta de estradas e o fato de que muitos deles não falam o português.
"Muitas comunidades são verdadeiramente isoladas. Não há estrada. Muitas não são próximas de rios, não dá para ir de embarcação. Há uma certa complexidade. A maior parte não fala português. São seis idiomas segundo as lideranças indígenas. Vamos ter de trabalhar na perspectiva de um esforço integral", explicou o ministro.
"Há uma emergência nessa área da comunicação. É preciso respeitar a língua primeira, originária, mas também pensar em levar o português, numa estratégia pensada principalmente para os jovens", completou Dias.
Busca por dignidade
Segundo o titular do MDS, haverá vertentes ainda para ajudar os povos locais a retomarem lavouras de mandioca, milho e a criação de aves, além de permitir que pontos de pagamento do Bolsa Família e das políticas de assistência social cheguem mais próximas das comunidades.
Assessoria de Comunicação - MDS