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Cuidados e prevenção às drogas
Dia Nacional de Combate às Drogas e ao Alcoolismo alerta sobre o aumento do consumo de álcool na pandemia
Financiamento de vagas em comunidades terapêuticas é uma das vertentes do trabalho do Governo Federal. Foto: Min. Cidadania
Fator que contribui para mais de 300 mil mortes anuais nas Américas, o consumo excessivo de álcool é associado a mais de 200 problemas de saúde, entre doenças hepáticas, acidentes rodoviários, violência, câncer, doenças cardiovasculares, suicídios, tuberculose e HIV / AIDS. A maioria dessas mortes (64%) acomete pessoas com menos de 60 anos, segundo estudos da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) referentes a 2018.
Os quadros de ansiedade aumentam em mais de 70% as chances de que as pessoas bebam de forma mais pesada, e muito poucos buscam ajuda”
Quirino Cordeiro, secretário nacional de Cuidados e Prevenção às Drogas do Ministério da Cidadania
Uma outra pesquisa exploratória conduzida pela Opas em 33 países da América Latina e do Cariba identificou que as contingências econômicas e sociais impostas pela pandemia de Covid-19 ampliaram o consumo de álcool durante a pandemia, tanto entre homens quanto entre mulheres. Em muitas situações, o álcool é o primeiro passo para o acesso a drogas ilícitas Para dar visibilidade a esses indicadores e à necessidade de prevenir e combater o consumo excessivo de álcool, o 20 de fevereiro é o Dia Nacional de Combate às Drogas e ao Alcoolismo.
“O estudo da Opas aponta que 74% dos brasileiros entrevistados beberam durante a pandemia, e 42% beberam de forma pesada em algumas situações”, afirmou Quirino Cordeiro, secretário nacional de Cuidados e Prevenção às Drogas do Ministério da Cidadania. “Os quadros de ansiedade aumentam em mais de 70% as chances de que as pessoas bebam de forma mais pesada, e muito poucos buscam ajuda”, reforçou o secretário.
“O álcool é frequentemente usado para socialização e, por alguns, para lidar com emoções difíceis. À medida que as taxas de ansiedade, medo e depressão se tornaram mais usualmente relatadas durante a pandemia, o consumo de álcool também aumentou, apesar do fechamento das instalações licenciadas”, afirma a diretora nacional de Prevenção, Cuidados e Reinserção Social do Ministério da Cidadania, Cláudia Gonçalves Leite. A amostra da Opas teve 12.328 participantes, e o Brasil contou com o maior número de respondentes: 30,8% do total.
No âmbito do Ministério da Cidadania, uma ação de relevância em torno do tema é o financiamento de vagas em comunidades terapêuticas, instituições que acolhem pessoas que buscam voluntariamente se recuperar da dependência química. Elas utilizam como tratamento atividades laborais, esportivas, recreativas, oficinas profissionalizantes e oferecem acolhimento psicológico e espiritual.
As comunidades terapêuticas passaram a ter papel protagonista na atual gestão do Governo Federal, com significativa ampliação de vagas financiadas. No início de 2018 eram 2.900, com aporte de R$ 40 milhões ao ano. Entre 2020 e 2021, foram repassados R$ 193,2 milhões e mais de 80 mil dependentes químicos tiveram oportunidade de tratamento em mais de 10.657 vagas financiadas em 483 comunidades terapêuticas pelo Brasil.
Em dezembro de 2021, o Governo Federal abriu novas 6.337 vagas em 203 comunidades terapêuticas, em um investimento de R$ 90 milhões por ano. Com isso, subiu para mais de 17 mil o número de vagas custeadas.
Retomada de Daniel
Daniel Braga, de 43 anos, é exemplo das consequências positivas desse trabalho. Ele tinha um histórico de múltiplas idas, vindas e recaídas em função da dependência química e álcool e drogas. Nessa trilha, perdeu contato com família, amigos, deixou de ver o filho e abandonou a faculdade.
Em 2021, Daniel cumpriu os nove meses de tratamento na comunidade terapêutica Fazenda Senhor Jesus, no Recanto das Emas, no Distrito Federal, e retomou vínculos com família e filho. Hoje, atua como voluntário na instituição que o acolheu.
“Voltei para a faculdade, faço gerontologia. Ou seja, a gente não pode desistir. Estou na luta de novo. Tenho um trabalho para ajudar outras pessoas, um canal no YouTube chamado ‘Em sobriedade’, em que dou palestras e falo sobre dependência química, porque a doença é física, mental e espiritual", disse Daniel.
Sistema Nacional de Prevenção
Outra ação importante do Governo Federal é a implementação do Sistema Nacional de Prevenção - SINAP, em parceria com o Escritório das Nações Unidas de Drogas e Crime – UNODC. Trata-se de uma plataforma destinada ao público em geral, gestores das políticas públicas e profissionais que atuam na área.
O SINAP tem como objetivo sistematizar a prevenção, possibilitando a descentralização das ações; o mapeamento nacional e internacional de programas de prevenção ao uso de álcool e outras drogas com a melhor adequação ao cenário brasileiro; a seleção e adaptação de metodologias selecionadas para a disseminação nacional; a criação de instrumentos de avaliação de critérios de qualidade de programas; a avaliação da adequação das leis brasileiras e o aprimoramento da legislação sobre álcool e tabaco, principalmente no que se refere à regulação de horário, locais de venda, publicidade e consumo; a transparência e a ampla divulgação dos programas, ações e recursos da política pública de prevenção ao álcool.
Política Nacional
As comunidades terapêuticas e o SINAP são elos da Nova Política Nacional sobre Drogas. A legislação diferencia usuário e traficantes. Prevê ações de endurecimento contra o narcotráfico. Tem foco na abstinência, posição contrária à legalização e ações tanto no tratamento de dependentes químicos quanto voltadas para a família.
O modelo atual aposta na interligação da rede de assistência, que envolve dezenas de instituições e entidades federais, estaduais e municipais, como Unidades Básicas de Saúde, Ambulatórios, CAPS, comunidades terapêuticas, hospitais gerais, hospitais psiquiátricos, clínicas especializadas, casas de apoio e grupos de mútua ajuda, entre outros.
Diretoria de Comunicação – Ministério da Cidadania