Maus-Tratos a Animais e Governo Aberto - Primeira etapa das Oficinas de Cocriação
DADOS GERAIS
Maus-Tratos a Animais e Governo Aberto - Tema priorizado pela Sociedade
Datas dos 3 encontros (via plataforma Teams): 08, 09 e 10 de setembro de 2021.
Participantes:
- Ministério do Meio Ambiente: Maria Beatriz Palatinus Milliet, Wagner Fischer e Bernardo Broetto
- Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA): André Souza de Oliveira
- Federação Brasileira dos Animais: João Lourenço Espolaor Jr
- Ampara Animal: Rosângela Gebara
PRIMEIRA ETAPA DE OFICINAS DE COCRIAÇÃO
A primeira etapa das Oficinas de Cocriação consistiu na realização de três encontros virtuais, organizados pela Controladoria-Geral da União (CGU), com a participação de especialistas do governo e da sociedade sobre a temática.
Durante os encontros os especialistas fizeram a análise do cenário atual relacionado ao tema e a partir daí construíram o cenário desejado. Posteriormente identificaram os bloqueios que dificultam a transformação do cenário atual para o desejado e, em seguida, definiram o desafio que desejam superar.
Antes das oficinas foi realizado consulta ao público para o recebimento de contribuições que foram analisadas de forma a qualificar os debates e possibilitar a construção de compromissos relevantes para a sociedade. Conheça as contribuições recebidas.
O desafio escolhido: Criar espaços de diálogo entre a sociedade e os órgãos públicos responsáveis pelas diversas espécies/categorias animais e ter base de dados para entender melhor como ocorrem os maus-tratos no Brasil.
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Veja o resultado desse processo:
RESULTADO DO 1º ENCONTRO – CENÁRIO ATUAL
Data: 08/09 de 9h às 12h
CENÁRIO ATUAL |
Pontos positivos |
Estudo de espécies invasoras em andamento |
Tráfico de animais silvestres é um crime inafiançável |
Criação de Coordenação-Geral Nacional de proteção e defesa animal, no MMA |
Já há um projeto de integração dos sistemas de cadastro de animais silvestres, inclusive com estados |
Práticas como rinhas de cães e galos são proibidas há décadas |
Questões relacionadas aos animais têm grande repercussão na mídia, podemos explorar isso quando formos criar campanhas massivas de comunicação a respeito dos maus tratos animais |
Lei Federal 9605 (Lei de Crimes Ambientais - trata de maus tratos também - Art. 32) |
Pessoas e organizações sensibilizadas sobre o tema |
Envolvimento de pessoas nas redes sociais no combate aos maus tratos |
Aumento da pena para maus tratos cães e gatos na lei 9605 |
Sociedade não aceita casos de maus-tratos em cães e gato |
Arcabouço legal importante |
Grande quantidade de ONGs e protetores independentes atuando localmente na fiscalização de maus-tratos. |
Servidores qualificados e comprometidos na proteção da fauna silvestre |
Pontos negativos |
Falta de um sistema de acolhimento de denúncias de maus -tratos completo, local onde levar animais após a identificação do crime. Muitas vezes, o criminoso fica como fiel depositário dos animais (ex: rinhas de galos) |
Fim da operação de entrega de anilha pessoalmente aos criadores de aves. |
Falta de regras e controle para o treinamento e o uso de animais para segurança |
Ausência de legislação sobre os requisitos para criação de animais |
Cadastro único de criadores de animais |
Desconhecimento das pessoas sobre equilíbrio da fauna / espécies invasoras |
Manter cães presos a correntes é comum e não é visto como maus-tratos em muitas regiões. |
Crime de tráfico poderia ser melhor tipificado e com pena de reclusão (acima de 3, 4 anos). Faltam agravantes |
Práticas na produção animal - como corte de cauda, corte de dente em suínos, debicagem aves, castração sem anestesia, marcação a fogo, etc, são intrinsicamente cruéis |
Falta de capacidades para fazer o controle de espécies invasoras de forma humanitária |
Pessoas não sabem para quem ou como denunciar maus tratos |
Abandono de animais |
Falta de capacidades/recursos na fiscalização de criatórios de animais silvestres e domésticos, cadastro único, exigência de Responsável Técnico (RT) veterinário |
Falta de delegacias especializadas em recepcionar denúncias de maus-tratos aos animais em todos os municípios |
Falta de treinamento da polícia militar e civil em identificação e recepção crimes de maus-tratos |
Abate religioso (hallal e kosher) é intrinsicamente cruel |
Falta de regulamento e fiscalização em relação à criação de animais domésticos (cães e gatos) e silvestres |
Falta de pessoal capacitado para reconhecer e avaliar maus-tratos em diferentes espécies |
Falta de uma lei federal que proíba uso de animais em atividades de entretenimento (circos, etc) |
Vulnerabilidade social traz altos índices de vulnerabilidade e negligência a animais |
Ausência de canis e gatis públicos, integrados através do governo federal, estadual e prefeitura |
Crimes contra animais são considerados crimes de menor potencial ofensivo (especialmente se não for cães e gatos) |
Algumas pessoas são negligentes e/ou não sabem cuidar dos animais |
Pobreza e vulnerabilidade social trazendo grandes desafios em relação à negligência aos animais |
Inexistência de polícia específica para atuação sobre atos de maus tratos |
Algumas práticas da produção animal e de alimentos são intrinsicamente cruéis |
Algumas práticas desportivas aceitas como patrimônio cultural (vaquejadas /rodeios) são intrinsicamente cruéis |
Apesar da lei, traficantes de animais silvestres não são presos e cometem o mesmo crime várias vezes |
Ausência de fiscalização no sentido do abate de animais que são destinados a alimentação, para verificar se o método está correto |
Ausência fiscalização suficiente e de cadastro de criadores de animais |
Falta de ferramentas e recursos para uma fiscalização apropriada |
Ausência de sistema de registro único e cadastro de animais domésticos e de cativeiro |
Ausência de CETAS (Centro de Triagem de Animais Silvestres) e nos Estados e Municípios e Centros de triagem, cuidados e destinação dos governos locais. |
Falta de um sistema único de fauna |
Falta de um programa nacional de educação humanitária em escolas públicas |
Fiscalização e cadastro de adestradores |
Sociedade não entende casos de maus tratos em outras espécies /categorias animais (além de cães e gatos) |
Pessoas adotam animais silvestres como pets |
Falta de obrigatoriedade de microchipagem e cadastro único federal para cães e gatos |
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Print do Painel:
RESULTADO DO SEGUNDO ENCONTRO – CENÁRIO DESEJADO
Data: 09/09 de 9h a 12h
CENÁRIO DESEJADO |
CANAIS PARA DENÚNCIAS E ATENDIMENTO (2 votos) |
Existe pelo menos uma delegacia treinada e especializada em recepcionar denúncias de maus-tratos em cada região/cidade. Com pessoal capacitado e treinado para conduzir a denúncia, abrir o inquérito e proceder à investigação. |
Existe um sistema único e integrado de recepção de denúncia-crime de maus tratos contra animais integrado aos crimes contra pessoas. *(elo entre a violência doméstica e violência animal) |
Polícia específica e um telefone central de atendimento para cuidar especificamente de maus tratos de animais domésticos |
Sistema federal para acompanhar os crimes contra animais, com protocolos estabelecidos |
Ter uma espécie de 190, específico pra maus tratos animais |
FISCALIZAÇÃO (2 votos) |
A criação clandestina será punida com mais rigor. |
A criação de animais de companhia (cães e gatos) e de animais domésticos e de espécies silvestres, terá um registro obrigatório, seguira padrões mínimos de excelência pautados no Bem-Estar Animal (BEA) e existirá um sistema de fiscalização de todos os criatórios, que obrigatoriamente terão que ter Responsável Técnico (RT) veterinários/biólogos. |
A operação delivery do IBAMA é novamente realidade e os sistemas de fiscalização na criação de animais silvestres é efetivo. |
As pessoas só poderão comprar e adquirir animais de criadores certificados |
Existe um protocolo unificado de avaliação de maus-tratos aos animais domésticos e outro para animais silvestres (check list inicial) que é utilizado pelas polícias civil, militar, ambiental, Guarda civil municipal etc. |
Existirá um sistema de fiscalização de todos os criatórios, que obrigatoriamente terão que ter Responsável Técnico (RT) veterinários/biólogos e as pessoas só poderão comprar e adquirir animais destes criadores certificados |
Fiscalização de todos os métodos de abate de animais, de forma que não haja crueldade de forma nenhuma |
Fiscalização e cadastro de criadores, e adestradores de animais domésticos |
PROGRAMAS DE ADOÇÃO, ACOLHIMENTO E CONTROLE (2 votos) |
Amplo programa de castração nacional - incentivar |
Programa de controle de natalidade |
Programa de recolhimento, triagem |
Um programa ou sistema de adoção de animais silvestres e domésticos |
COMUNICAÇÃO, EDUCAÇÃO, SENSIBILIZAÇÃO E CAPACITAÇÃO (1 voto) |
Algumas práticas da produção animal foram abolidas e substituídas por técnicas novas e menos deletérias ao animal, como a marcação a fogo, o corte da cauda, castração e dentes em suínos, debicagem, etc. |
As pessoas entendem o que são maus-tratos nas principais espécies animais. |
As pessoas estão mais conscientes e procuram animais de forma menos impulsiva. |
Existe um programa federal de educação humanitária nas escolas primárias e secundárias que fala sobre guarda responsável e ajuda na prevenção dos maus-tratos advindo da falta de informação (negligência) |
Existem campanhas massivas em rádio, TV e mídias sociais alertando as pessoas sobre os maus-tratos, o que são maus-tratos e quais são as penas |
Maior sensibilização sobre rodeios, vaquejadas e os maus tratos envolvidos |
Não há abertura de novos zoológicos e os que existem estão bem estruturados, com novos recintos, com atividades educativas e de conservação ampliadas. |
Pessoas compram de criadores cadastrados e responsáveis |
Sensibilização da sociedade sobre o abate hallal e kosher e sobre a possibilidade de insensibilização do animal. |
Sociedade sensibilizada sobre espécies invasoras e como lidar com elas de forma humanitária |
Ter uma plataforma pública de capacitação de cidadãos para a aquisição e guarda legal e responsável de animais domésticos e silvestres. |
Uma política de doação nacional, incentivada pelo governo e pelas empresas da área pet |
SISTEMA DE INFORMAÇÃO (1 voto) |
animais de companhia (cães e gatos) e de animais domésticos e de espécies silvestres, terá um registro obrigatório, seguira padrões mínimos de excelência pautados no Bem-Estar Animal (BEA) |
Cadastro único (e website) com informações de animais de companhia (cães e gatos) que estejam para doação. |
Cadastro Único, centralização de um cadastro único para controle e ações para sabermos a população real dos animais domésticos |
Existe um sistema de registro e identificação com microchipagem de animais de companhia - cães, gatos. e esse registro é obrigatório e gratuito. |
Existe um sistema único e integrado de recepção de denúncia-crime de maus tratos contra animais integrado aos crimes contra pessoas. *(elo entre a violência doméstica e violência animal) |
Registro de todos os criadores e órgãos de controle e fiscalização afins, federais, estaduais e municipais |
Ter um sistema integrado, com diferentes níveis de acesso, onde sejam registrados todos os animais silvestres de criadores comerciais, amadoristas registrados como pets, de zoológicos, dos CETAS, CRAS etc. |
Um programa ou sistema de adoção de animais silvestres e domésticos |
CUIDADOS COM ANIMAIS SILVESTRES (1 voto) |
A operação delivery do IBAMA é novamente realidade e os sistemas de fiscalização na criação de animais silvestres é efetivo. |
As compras e as vendas de animais domésticos e silvestres seguirão com a aplicação de um questionário e seguirão critérios mínimos, evitando a compra e aquisição por impulso. |
Cada microrregião possuirá um CETAS e um CRAS bem estruturado com recursos humanos e instalações compatíveis para recepcionar animais feridos, vindos do tráfico etc. |
Em cada estado há pelo menos uma área de soltura protegida e com programas de soltura estruturados. |
Há um sistema de reintrodução de animais silvestres em áreas de soltura bem estruturado para aqueles animais que podem ser reintroduzidos. |
Melhores soluções de destinação |
Que todos os estados e municípios tenham centros para recebimento de animais silvestres, incluindo PPPs |
Um programa ou sistema de adoção de animais silvestres |
CRIAÇÃO, COMÉRCIO E GUARDA DE ANIMAIS DOMÉSTICOS (0 voto) |
As compras e as vendas de animais domésticos e silvestres seguirão com a aplicação de um questionário e seguirão critérios mínimos, evitando a compra e aquisição por impulso. |
Cada microrregião possuirá um CETAS e um CRAS bem estruturado com recursos humanos e instalações compatíveis para recepcionar animais feridos, vindos do tráfico, etc. |
Definição de ambientes específicos como baias e locais apropriados para deixar um pet |
Em casa cidade/região há um órgão responsável pelo bem-estar dos animais, com equipe multidisciplinar e esse órgão vai agir em parceria com a polícia local, ajudando na investigação de maus-tratos e na condução do caso, orientação, retirada do animal, ressocialização, acolhimento temporário do animal e depois a reintrodução desse. O município poderá ter um centro de triagem ou sistema de lares temporários. |
Espaços para acolhimento, castração e adoção (centros de recolhimento e triagem) |
Regulamentação do comércio de animais |
Um programa ou sistema de adoção de animais domésticos |
PESQUISA (0 voto) |
Há investimento pelos órgãos de fomento para a pesquisa na área de maus tratos, epidemiologia do abandono etc. |
REGULAMENTOS (0 voto) |
A criação clandestina será punida com mais rigor. |
A criação de animais de companhia (cães e gatos) e de animais domésticos e de espécies silvestres, terá um registro obrigatório, seguira padrões mínimos de excelência pautados no Bem-Estar Animal (BEA) |
A criação de animais de companhia (cães e gatos) e de animais domésticos e de espécies silvestres, terá um registro obrigatório, seguira padrões mínimos de excelência pautados no Bem-Estar Animal (BEA) e existirá um sistema de fiscalização de todos os criatórios, que obrigatoriamente terão que ter Responsável Técnico (RT veterinários/biólogos. as pessoas só poderão comprar e adquirir animais destes criadores certificados e a criação clandestina será punida com mais rigor. |
Algumas práticas da produção animal foram abolidas e substituídas por técnicas novas e menos deletérias ao animal, como a marcação a fogo, o corte da cauda, castração e dentes em suínos, debicagem, etc. |
As compras e as vendas de animais domésticos e silvestres seguirão com a aplicação de um questionário e seguirão critérios mínimos, evitando a compra e aquisição por impulso. |
As pessoas só poderão comprar e adquirir animais de criadores certificados |
Em todo território é proibido o uso de animais em atividades de entretenimento, ex: circos |
Existirá um sistema de fiscalização de todos os criatórios, que obrigatoriamente terão que ter Responsável Técnico (RT veterinários/biólogos. |
Não é permitida aquisição e manutenção de cães para segurança patrimonial em empresas, salvo em raras exceções e seguindo regras bem rígidas. |
O abate hallal e kosher deve ser precedido por um certo de grau de insensibilização do animal. |
O controle de espécies invasoras se dá por equipes especializadas contratadas pelos órgãos governamentais, que utilizam técnicas mais efetivas, mais humanitárias possíveis e sustentáveis |
Protocolo nacional para definir as regras de maus tratos para unificar os agentes fiscalizadores |
Regulamentação do comércio de animais |
Regulamentação sobre práticas deletérias usadas em vaquejadas, rodeios e outras práticas |
Regulamentar o funcionamento de zoológicos, santuários etc. para permitir apenas os bem estruturados, com recintos adequados, com atividades educativas e de conservação ampliadas funcionarem. Padrões mínimos para o bem-estar dos animais. |
Ter a tipificação do tráfico de espécies silvestres regulamentada na legislação nacional com penalização adequada que desestimule a prática. |
Uma política de doação nacional, incentivada pelo governo e pelas empresas da área pet |
Print do Painel:
RESULTADO DO TERCEIRO ENCONTRO – DEFININDO O DESAFIO
Data: 10/09 de 9h a 12h
Antes da definição de desafio, foram identificados os bloqueios (problemas) que dificultam a transformação do cenário atual para o cenário desejado (um bloqueio para cada grupo temático).
BLOQUEIOS DOS GRUPOS TEMÁTICOS |
CANAIS PARA DENÚNCIAS E ATENDIMENTO |
Peculiaridades nacionais e diferenças das estruturas públicas dos municípios brasileiros |
Falta de articulação dos órgãos públicos nos níveis Federal, Estadual e Municipal |
Falta de conexão das estruturas de atendimento para dar continuidade às denúncias de maus tratos |
Inexistência de um sistema centralizado para realização de denúncias |
Dimensão do país e limitação de recursos públicos (orçamentário-financeiros e humanos) para tratar dos crimes contra animais |
FISCALIZAÇÃO |
Descumprimento da legislação por falta de recursos (humanos, financeiros etc) |
Falta de regramento em alguns setores |
Falta de ferramentas que possam colaborar com o trabalho de fiscalização (operação Delivery do IBAMA) |
Falta de capacitação de agentes fiscalizadores |
Falta de equipamentos para investigação de crimes de maus tratos |
Falta de integração com as polícias científicas |
PROGRAMAS DE ADOÇÃO, ACOLHIMENTO E CONTROLE |
Falta de um programa integral de manejo populacional (com ações de educação, registro, identificação, guarda responsável e controle reprodutivo) de cães e gatos |
Falta de compreensão técnica dos gestores públicos quanto a programas de manejo populacional de cães e gatos |
Falta de sistema único de registro de animais (microchipagem) |
Dimensões do país e limitações orçamentária-financeiras e humanas para tratar do problema |
CUIDADOS COM ANIMAIS SILVESTRES |
Dimensões do país e limitações orçamentária-financeiras e humanas para tratar do problema |
Inexistência de mecanismos para rastreio de animais silvestres |
Insuficiência de unidades de CETAS e CRAS no país |
Print do Painel:
Desafio definido: Criar espaços de diálogo entre a sociedade e os órgãos públicos responsáveis pelas diversas espécies/categorias animais e ter base de dados para entender melhor como ocorrem os maus-tratos no Brasil.
Print do Painel:
FOTOS DOS ENCONTROS: