Auditoria e Fiscalização
AVALIAÇÃO
CGU publica Relatório de Gestão Fiscal do terceiro quadrimestre de 2019
Veja, acima, a evolução do percentual da Dívida Mobiliária e da DCL
A Controladoria-Geral da União (CGU), por meio da Secretaria Federal de Controle Interno (SFC), ratificou os dados do Relatório de Gestão Fiscal (RGF) relativo ao terceiro quadrimestre de 2019. O documento foi publicado na Seção Extra do Diário Oficial da União do dia 30 de janeiro deste ano e cumpre os termos da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).
A avaliação dos limites fiscais é feita nos meses de maio, setembro e janeiro, em relação ao quadrimestre encerrado. A atividade tem por objetivo garantir a confiabilidade dos demonstrativos produzidos pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN), com dados do Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi), e assegurar o cumprimento dos limites de execução da despesa do Poder Executivo Federal.
>>> Para acessar o documento: clique aqui
Foram analisados os demonstrativos de despesas com pessoal, dívida consolidada, garantias e contragarantias, operação de crédito, bem como os demonstrativos referentes ao montante das disponibilidades de caixa em 31 de dezembro de 2019 e às inscrições em restos a pagar, sendo que a Receita Corrente Líquida (RCL) é parâmetro utilizado para cálculo desses limites, conforme estabelecido na LRF.
A relação entre a despesa total com pessoal e a receita corrente líquida (RCL), no âmbito do Poder Executivo Federal, ficou em 25,24%, abaixo do limite fixado de 37,9% para a União, e um pouco abaixo do percentual atingido no 2º quadrimestre de 2019 (27,71%)
Ressalte-se que os limites das dívidas Consolidada Líquida e Mobiliária para a União ainda não foram regulamentados pelo Senado Federal e Congresso Nacional, respectivamente, estando em tramitação o Projeto de Resolução do Senado nº 84/2007 e o Projeto de Lei nº 3.431/2000 (PLC nº 54/2009), que tratam da matéria. Na ausência desse limite legal, o TCU vem considerando como limite indicativo o referencial de 350% da RCL para a Dívida Consolidada Líquida da União e de 650% da RCL para a Dívida Mobiliária, conforme proposto pelo Poder Executivo.
A Dívida Consolidada Líquida da União encerrou o 3º quadrimestre de 2019 em R$ 3,58 trilhões, contra R$ 3,49 trilhões observados no 2º quadrimestre de 2019, representando um crescimento de 2,76% em relação ao último quadrimestre. al crescimento foi fortemente influenciado pela elevação da Dívida Mobiliária do TN em Mercado (R$ 353,53 bilhões) e em Carteira do BCB (R$ 93,94 bilhões), em que pese a diminuição nas Operações de Equalização Cambial – Relacionamento TN/BCB (-R$ 20,48 bilhões) e na Dívida Contratual (-R$ 4,06 bilhões).
Por outro lado, houve aumento de R$ 54,47 bilhões nos valores dedutíveis da Dívida Bruta, decorrente, principalmente, da elevação dos Ativos Disponíveis consubstanciados nos Depósitos do TN no BCB (R$ 162,05 bilhões), embora tenha havido uma diminuição nos Haveres Financeiros em cerca de -R$ 92,21 bilhões (capitaneado pela diminuição de Outros Créditos Bancários de -R$ 127,26 bi).
No acumulado, a Dívida Consolidada Líquida da União encerrou o exercício de 2019 em R$ 3,58 trilhões, contra R$ 3,20 trilhões observados em 2018, representando um crescimento de 11,88% (cerca de R$ 380,58 bi).
Vale ressaltar que esse cenário demonstra o acentuado processo de endividamento ocorrido nos últimos anos, o que acarretou desde 2016 o atingimento dos limites referenciais da dívida.
Um importante mecanismo para controle do potencial endividamento da União diz respeito às garantias concedidas e respectivas contragarantias de valores recebidas pela União.
O art. 9º da Resolução nº 48/2007 do Senado Federal fixa o limite de 60% da RCL para o montante das garantias concedidas pela União em operações de crédito externo e interno. Já as contragarantias constituem exigência do §1º do art. 40 da LRF.
De 2012 a 2015 observa-se o crescimento constante no percentual das Garantias Concedidas em relação à RCL. Contudo, no período seguinte, o percentual caiu para 39,75% e atualmente encontra-se em 30,86%. Ainda assim, conforme observado, o limite encontra-se bem abaixo daquele estabelecido pela LRF (60%).
O Demonstrativo das Operações de Crédito apresenta o endividamento público ao longo do exercício. Enquanto a dívida é acompanhada pelo saldo a cada quadrimestre (estoque), o controle das operações de crédito se dá pelo fluxo das receitas das contratações ao longo do exercício em análise e, portanto, o controle do limite só faz sentido quando da apuração do demonstrativo do 3º quadrimestre, quando do encerramento do ano.
Neste 3º quadrimestre, como vem ocorrendo em períodos anteriores, o item mais representativo, que afetou o percentual, foi a ‘Amortização/refinanciamento do principal de dívidas’ cujo montante atingiu R$ 753,56 bilhões, sendo que tal valor é dedutível das operações para fins de limite, evidenciando que o valor das contratações do período (pela metodologia atualmente utilizada) resultou em um percentual para fins de limite de 24,92% da RCL, portanto bem abaixo do limite de 60% da RCL.
O Demonstrativo da Disponibilidade de Caixa e dos Restos Pagar visa dar transparência ao equilíbrio entre a geração de obrigações de despesa e a disponibilidade de caixa. Neste 3º quadrimestre, verificou-se que houve suficiência de recursos para inscrição em RP não processados em todas as fontes, sendo que a disponibilidade líquida de caixa alcançou o montante de R$ 1,335 trilhão.
Assim, os limites estabelecidos na LRF para os demonstrativos de pessoal, das garantias e contragarantias e das operações de crédito foram cumpridos neste 3º quadrimestre de 2019. Os limites referenciais propostos pelo Poder Executivo para a Dívida Consolidada Líquida e para a Dívida Mobiliária, ainda não regulamentados pelo Senado e Congresso Nacional, encontra-se extrapolados desde 2016, alcançando neste quadrimestre, 395,74 % e 678,66% da RCL, respectivamente.