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Hage diz que a CGU trabalha com denúncias concretas
O ministro interino da Controladoria-Geral da União, Jorge Hage, afirmou hoje que o trabalho do órgão é investigar as denúncias envolvendo recursos públicos federais, inclusive aquelas veiculadas através da imprensa, mas, “para isso, é preciso que a denúncia traga fatos concretos – nomes, órgãos, valores, alguma coisa que revele um mínimo de consistência e objetividade – o que não é o caso da entrevista do sr. Sílvio Pereira”.
Hage citou o caso dos Correios, onde foi feita uma varredura completa pela CGU, a partir de denúncia pela imprensa, feita por Maurício Marinho: “nos Correios, sim, a denúncia era consistente e, por isso, entramos lá com mais de 30 auditores, selecionamos os 257 contratos mais importantes, num universo de 600, e constatamos inúmeras irregularidades, e os resultados concretos vieram logo: foram demitidos ou afastados mais de 20 pessoas, incluindo toda a Diretoria, vários contratos com empresas foram rescindidos ou suspensos; ontem, por exemplo, recebi do presidente da ECT o comunicado de que a estatal está revendo a metodologia de contratação e pagamento dos vôos da RPN (rede aérea postal noturna), que era um dos ralos de dinheiro público, havia muitos anos, desde a década de 90” , informou Jorge Hage.
“Mas o sr. Sílvio Pereira não trouxe nada de concreto; ele faz apenas afirmações genéricas, que dizem pouco mais que o óbvio: falar em empresas combinarem entre si nas licitações – o famoso “combinemos” –, é lamentável dizer, mas é algo absolutamente corrente no meio empresarial. Ouço falar nisso pelo menos desde que me entendo como gente. Dizer o contrário, fingir surpresa diante disso ou é ingenuidade ou é cinismo, aliás muito em moda nos dias de hoje entre esses novos arautos da moralidade. Eram os mesmos que sempre se beneficiaram de tudo isso a vida inteira”.
O que há de novo é apenas que tudo está vindo à tona, acrescentou Jorge Hage. “Justamente porque agora essas falcatruas estão sendo investigadas com seriedade pela primeira vez na história do país. E estão sendo divulgadas, por conta da ampla liberdade que tem tido a Controladoria, a Polícia Federal, o Ministério Público e a imprensa, para a felicidade de todos nós. Mas todos sabemos que nada disso absolutamente é novidade”, diz.
Segundo ele, a Controladoria faz auditorias especiais em um determinado órgão ou empresa quando há uma denúncia consistente, ou quando são detectados esquemas criminosos nas fiscalizações regulares, como foi o caso recente da Operação Sanguessuga, que, comunicada à Policia Federal pela CGU em 2004, estourou um esquema de âmbito nacional.
Outros exemplos citados por Hage foram a Previdência, no caso de contratos de locação de equipamentos de informática por preços exorbitantes, suspensos a tempo; o Ministério da Saúde, no caso da Operação Vampiros; o Ministério do Trabalho e Emprego, nos casos da empresa Cobra e dos fiscais da DRT/RJ, a pedido do próprio ministro Luiz Marinho; em Furnas, que está sendo auditada neste momento; no DNIT, e assim por diante.
“Mas nossa atuação é sempre em cima de coisas concretas. Agora, pretender que o órgão de controle seja pautado por qualquer denúncia vazia e absolutamente genérica, como essa do sr. Pereira, não é o nosso caminho; nós não vamos nos prestar a isso, mesmo porque a própria lei da CGU dispõe que devem ser apuradas as denúncias fundadas em elementos concretos. Por que então não se sugere investigar a tese da “alternativa numero 1” , por ele aventada: a de que o esquema Valério vem de longe, e que se ele falasse tudo iria alcançar o PSDB e o PFL. Por que não aprofundar isso, então, como sugeriu o insuspeito jornalista Fernando Rodrigues, na Folha, ao dizer que essa foi a informação mais relevante da entrevista?”, indagou o ministro.