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Polícia Federal garante trabalho da CGU em Mucuri
Atendendo solicitação do Ministro do Controle e da Transparência, Waldir Pires, o Diretor-Geral da Polícia Federal, delegado Paulo Lacerda, determinou hoje (23/10) um reforço do esquema de segurança montado pela PF para dar cobertura ao trabalho de auditores e fiscais da Controladoria-Geral da União, que apuram denúncias de irregularidades na administração municipal de Mucuri, no extremo-sul da Bahia.
Ontem (22/10) à noite dois policiais federais que davam segurança a um auditor da CGU foram feridos a tiros, em Vitória, por policiais do Espírito Santo, num incidente que ainda não se sabe se tem ligação com o trabalho da CGU em Mucuri. Acompanhado pelos agentes Marcos Slonovicz e Maurício Simões, o auditor Antônio Ed Souza Santana tinha ido a Vitória checar a existência de uma empresa cujo nome aparece em muitas notas fiscais como fornecedora da Prefeitura de Mucuri.
Pelo que se informou, o carro utilizado pelos agentes federais chamou a atenção da polícia do Espírito Santo, que destacou dois policiais do serviço reservado da PM do Estado para seguir o carro e abordar seus ocupantes. Na abordagem houve troca de tiros. O agente Slonovicz foi atingido no abdome e Simões recebeu um tiro em cada perna. Os dois foram atendidos no Hospital São Lucas, na capital capixaba. O Ministro Waldir Pires ligou para o governador Paulo Hartung pedindo que o caso seja apurado em profundidade e com rapidez.
Pistoleiro
Independentemente do incidente de ontem à noite, em Vitória, a CGU já cogitava de pedir à Polícia Federal reforço à segurança dos auditores que estão atuando em Mucuri, tendo em vista notícias dando conta da presença, no município, do agiota e pistoleiro Floro Calheiros, foragido de uma cadeia do Estado de Sergipe e acusado de vários crimes, incluindo fraudes praticadas em conjunto com prefeituras do litoral sul da Bahia.
Calheiros é acusado também de envolvimento no assassinato do deputado estadual de Sergipe, Joalbo Barbosa, ocorrido em janeiro último. A notícia sobre a presença dele na região de Mucuri causou apreensão na comunidade, não somente em virtude de suas possíveis ligações com irregularidades praticadas pela prefeitura local, mas também porque um agente da Polícia Federal encarregado da segurança dos auditores da CGU teria sido um dos responsáveis pela sua prisão, ocorrida em janeiro.
O Ministro Waldir Pires garantiu hoje que, com a segurança da Polícia Federal, o trabalho da Controladoria-Geral da União em Mucuri vai ser realizado em sua totalidade, com a completa apuração de tudo quanto foi denunciado. A conclusão do trabalho está prevista para a próxima quarta-feira, dia 29. As denúncias contra a administração municipal dão conta de irregularidades na aplicação de R$ 3,5 milhões, recursos dos Ministérios da Educação e da Saúde. Sete auditores da Controladoria-Geral da União estão em Mucuri apurando as denúncias.
Outros municípios
Denúncias como as que foram feitas contra a Prefeitura de Mucuri já levaram a CGU a fiscalizar também, este ano, os municípios de Maragogipe/BA, Porto Seguro/BA e Guamaré/RN (maio); Cansanção/BA e Eldorado dos Carajás/Pa (junho); Barra do Corda/MA e Satuba/AL (julho); Porto Alegre/MT (agosto); Anápolis/GO, Cantá/RR, Jacutinga/MG, Ponta de Pedras/PA e Goiás/GO (setembro). Nos cinco últimos municípios e em Mucuri o trabalho dos auditores ainda não foi concluído.
Para se ter idéia da relevância do trabalho executado, somente em Porto Seguro o montante de recursos federais envolvido em irregularidades praticadas pela administração municipal, segundo relatório dos auditores, alcança R$ 48,5 milhões. Há pouco mais de um mês, com base no relatório da CGU, o Ministério Público Federal pediu à Justiça Federal o afastamento liminar do prefeito, bem como a indisponibilidades de seus bens e a quebra de seu sigilo bancário. Aguarda-se a decisão judicial.