Notícias
Carta a Mauro Rasi
Em carta bem-humorada, dirigida ao escritor, jornalista e teatrólogo Mauro Rasi, a Ministra Anadyr de Mendonça Rodrigues pede para que ele e suas tias não tenham tanta pressa com as irregularidades denunciadas, "onde todos os envolvidos estão tendo o mais amplo direito de defesa, em obediência aos princípios constitucionais e legais". Mauro Rasi, em sua coluna publicada em O Globo, dia 02/07/2001, sob o título "Procura-se Anadyr, desesperadamente", afirma que a "Ministra da Corrupção tomou chá de sumiço".
Na coluna da semana seguinte, dia 09/07/2001, já bem mais calmo, Mauro Rasi afirma, textualmente: "Anadyr, ficamos muito satisfeitos em saber que você está viva e bem. Se for hoje à agência Jardim Botânico do Banco Itaú verificar os 15 depósitos do Jader que acabam de aparecer, dê um pulinho aqui no Leblon para tomar um cafezinho com a gente. Um beijo carinhoso".
A carta
02/07/2001
Caaaaalma, por favor, Mauro Rasi! Não se desespere! Não suspeite de todo mundo! E tranqüilize as tias Olga, Norma e Lola!!!
Anadyr, a Corregedora-Geral da União, de fato está desaparecida, mas apenas do noticiário jornalístico. Não mais aparece nas manchetes, não mais é objeto de bem-humoradas charges, não mais está presente em imagens da TV.
Por que? Porque foi fazer a volta ao mundo? Porque o esqueleto dela está no fundo da represa de Furnas? Não, ainda não.
Está desaparecida do noticiário, porque desapontou as expectativas catastróficas... Cadê a Grande Inquisição que dela esperavam? Cadê a invasão de seara alheia, tão temida? Cadê as relações diárias de nomes de demitidos, presos e exilados, em reedição de "saudosos" tempos?
Ora, ora... Ao invés de alimentar a sede de sangue, que a levaria aos píncaros da glória midiatizada, pôs-se Anadyr a dar tedioso tratamento às irregularidades denunciadas, qual seja o de velar para que – pasme! – fossem apenas apuradas, com a punição unicamente dos culpados... E com a séria agravante de pretender que, ainda por cima, a apuração se desse com obediência aos princípios constitucionais e legais, imagine!
Pior: não satisfeita em se dedicar a tarefa tão maçante, Anadyr ainda cometeu o desatino de supor que atenderia ao interesse público, facultando aos cidadãos, indiscriminadamente, a partir de 28 de junho, via internet, o acesso a Banco de Dados que contém a relação de todas as denúncias chegadas à Corregedoria-Geral da União, desde a data de sua instituição. Banco esse que, muito proximamente, indicará, caso a caso, as providências adotadas para as apurações. Que ingenuidade...! Claro que tão insossa iniciativa só poderia, mesmo, ter o desprezo que mereceu: passar em branco pelas manchetes nacionais.
Como vê, Anadyr não saiu à francesa: saiu à brasileira, mesmo, mas à brasileira do modo antigo, daquele tempo em que o importante era trabalhar.
Por falar nisso, tem razão, Mauro Rasi: em contexto diferente, Anadyr não faz falta alguma, mesmo.
Ah! Se ainda quiser saber o seu paradeiro – quando menos, para não suspeitar injustamente de todos! –, acesse, por favor, o site www.presidencia.gov.br/cgu e, nele, encontrará não só a agenda diária da Ministra, como as notícias sobre as suas atividades e, na opção "processos", o tal Banco de Dados.
Queira receber meus cumprimentos pela sua verve.
Atenciosamente,
Anadyr de Mendonça Rodrigues