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CETENE e UFPE se unem pela preservação e aproveitamento sustentável do Vale do Catimbau
Foto: Milene Silva / CETENE
Pesquisadores do Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (CETENE), vinculado ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), e da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) estão unidos em favor da preservação e sustentabilidade do Parque Nacional do Catimbau, também conhecido como Vale do Catimbau, localizado no Agreste do Estado. Entre os últimos dias 17 e 19 de abril, uma equipe formada por especialistas das duas instituições realizou visita técnica à região, conhecida mundialmente pela riqueza e singularidade de seu bioma, a Caatinga, com o objetivo de fortalecer ações de conscientização, bem como avançar em estudos que permitam o aproveitamento sustentável das potencialidades do Parque para o desenvolvimento de processos e produtos de interesse biológico e comercial.
Pesquisadora responsável pelo laboratório de Biomas do CETENE, Laureen Houllou explica porque é tão importante preservar a Caatinga do Vale do Catimbau. "É muito comum na região a vegetação ser cortada para produzir carvão, forragem ou abrir área para pasto, por exemplo. Isso vai desertificando o solo, o que é muito difícil de recuperar. É um bioma extremamente delicado também pela escassez de recursos hídricos na área", resume. Ela reforça que a Caatinga é o ambiente de semiárido com a maior biodiversidade do planeta, chegando a ter 33% de flora exclusiva.
Já para a pesquisadora do CETENE Milena Silva, a visita técnica ao Vale do Catimbau foi uma oportunidade produtiva e enriquecedora. "Encontramos uma riqueza de biodiversidade de espécies presente por todo lugar, a partir de diferentes ambientes, com plantas crescendo até em rochas. Realmente, um tesouro para inovar, valorizar e proteger", pontua.
Entre as espécies observadas na ocasião, Milena destaca o Alecrim-pimenta (Lippia origanoides Kunth). "Atualmente, o CETENE possui um canteiro desta planta, além de outros de plantas de interesse, para estudos na linha de pesquisa de óleos essenciais". A caracterização e extração dos óleos ocorrem, especialmente, no Laboratório de Fitoquímica e Integração de Processos (LAFIP), com suporte da Central Analítica (CEAN) e supervisão do tecnologista James Melo, responsável pelo laboratório.
O tecnologista destaca outros produtos extraídos de espécies da Caatinga pelo CETENE de forma sustentável: cosméticos, defensivos agrícolas e biofertilizantes, mas especialmente biocombustíveis. "No geral, a gente aproveita algumas espécies para a produção de biodiesel, por exemplo, para bioquerosene de aviação, bioetanol e biometano. Tudo por meio de processos que estão sendo sempre otimizados", enfatiza.
Outro ponto destacado por James é o envolvimento da Biofábrica Miguel Arraes, também situada no CETENE, que permite a produção de mudas em larga escala e com alto padrão fitossanitário e de fidelidade genética.
"Na reposição de espécies que estão ameaçadas, como na Caatinga, fazemos a parte de cultura de tecido vegetal e sua micropropagação, ou seja, a gente multiplica essas matrizes de planta de forma escalonada e manda de volta para o campo", explica.
A contribuição do Núcleo de Bioprospecção e Conservação da Caatinga da UFPE, por sua vez, é validar o conhecimento tradicional para uso medicinal, muitas vezes transmitido de forma oral por gerações. "A gente tem uma flora nativa da Caatinga que ainda, infelizmente, não é tão conhecida cientificamente, mas que em comunidades tradicionais têm uma importância medicinal e alimentar imensa", explica a professora Márcia Vanusa, do Departamento de Bioquímica do campus.
"A gente também tem o papel social de voltar às comunidades e dar as devolutivas de todo esse potencial", complementa. De acordo com ela, o índice de confirmação é alto, acima de 80%, e inclui atividades cicatrizantes, antitumorais, antibióticas, anti-inflamatórias, entre outras, além das respostas moleculares das plantas a estresses bióticos e abióticos.
Além da UFPE, outras instituições como a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Universidade Federal do Agreste de Pernambuco (UFAPE) e o Jardim Botânico do Recife (JBR) são parceiros do CETENE em iniciativas de preservação e aproveitamento sustentável de biomas.