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Censipam sedia Workshop sobre monitoramento de óleo na Amazônia Azul
Brasília (DF), 04/10/2024 - De 1 a 3 de outubro, o Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam) foi palco do 2º Workshop de monitoramento de óleo na Amazônia Azul. O evento reuniu representantes do Censipam, da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). E teve o propósito de avaliar o andamento do projeto de construção de um sistema que possibilitará aos gestores e interessados na prevenção da poluição hídrica no mar. A abertura do workshop contou com a presença de diversas autoridades do Censipam, incluindo o Diretor-Geral Adjunto, Harley Angelo de Moraes. Além do Diretor Operacional (DIOP),
Daniel Dias Pereira; da Diretora Técnica (DITEC), Renata Bitar Tiveron; da Coordenadora-Geral de Monitoramento Ambiental, Edileuza de Melo Nogueira, e do Coordenador-Geral de Inteligência, Raimundo Lopes Camargos Filho.
Por parte do Censipam, participaram da reunião, o Capitão de Corveta (EN) Tadeu Corrêa Pinheiro, o Primeiro Sargento (HN) Alexandre Batista, e o Servidor Ariel Gamba. Da Universidade Federal da Bahia , os professores André Telles Da Cunha Lima, Carlos Alessandre Domingos Lentini e Luís Felipe Ferreira de Mendonça. E da Universidade Federal de Pernambuco, Syumara Queiroz de Paiva e Silva.
Durante seu discurso, Harley destacou que o interesse do Centro é de investir em projetos que realize a entrega de um produto, como é o caso, e que este projeto representa uma oportunidade ímpar para desenvolver um sistema que não apenas contribuíra para a pesquisa científica, mas também servirá como ferramenta decisiva em situações de vazamento de óleo no mar.
Já o Capitão de Corveta Tadeu apresentou uma retrospectiva do projeto, dividido em três fases. Meta 1 – Detecção, que consiste no desenvolvimento e implementação de modelos de inteligência artificial para detecção de manchas de óleo em imagens de sistemas SAR e óticos. A meta 2 - Modelagem numérica de dispersão de óleo, trata do desenvolvimento de índice de probabilidade de contaminação da costa, a partir da combinação de diferentes propriedades físicas do óleo (Três tipos de API’s – leve, médio e pesado) associado a diferentes forças atmosféricas e oceânicas. E, por fim, a meta 3 - Integração/Automação, quando ocorre a integração do sistema de detecção a um ambiente virtual com interface gráfica para que os usuários possam analisar os resultados gerados pelos modelos de inteligência artificial.
Avanços do Projeto
O Dr. André Telles da Cunha Lima, coordenador do projeto de detecção de manchas de óleo em parceria com o Censipam, discutiu os avanços e a importância deste sistema inovador para o Brasil e sua natureza. O projeto, que já está na fase final de execução, promete trazer significativas contribuições para a preservação ambiental.
“Esse sistema tem como principal objetivo detectar manchas de óleo no oceano, que podem resultar de derrames ocasionados por embarcações em trânsito ou de navios que já estão submersos”, explicou Dr. Telles. Utilizando tecnologia de satélite e inteligência artificial, o sistema consegue identificar a localização das manchas e prever sua direção. Essa detecção precoce é fundamental, pois permite ações preventivas para mitigar os impactos ambientais.
Além da proteção ambiental, o impacto social do projeto também é um ponto central. “Quando um vazamento ocorre, os pescadores são os mais afetados, pois a contaminação pode eliminar a pesca na região, levando a consequências sociais profundas”, destacou.
A Importância da Colaboração
A parceria entre academia e órgãos de proteção ambiental, como o IBAMA e a Marinha, é essencial para o sucesso do projeto. Dr. Telles ressaltou que a detecção por satélite deve ser complementada com verificações em campo, uma vez que imagens podem gerar falsos positivos. “O trabalho deve ser em conjunto, envolvendo diferentes instituições para uma resposta efetiva”, afirmou.
Ele também enfatizou o valor da colaboração científica, destacando que o projeto é um exemplo claro de como a academia pode contribuir com soluções práticas para problemas reais. “Esse é um projeto que valida a pesquisa acadêmica e a torna relevante para a sociedade. Estamos entregando não apenas um sistema, mas também todo o código-fonte, garantindo transparência e a possibilidade de melhorias futuras”, disse.
O professor ainda deixou uma mensagem para outros pesquisadores: “A ciência precisa dialogar com a realidade e ser direcionada para resolver os problemas que enfrentamos. A colaboração entre diferentes áreas do conhecimento é crucial para o sucesso de qualquer projeto”.
Compromisso e Entregas
Edileuza destacou que o projeto, estruturado em um Termo de Execução Descentralizada (TED), prevê entregas parciais ao longo de três anos. “Estamos no segundo ano e já temos um acompanhamento constante entre a equipe do Censipam e os pesquisadores da Universidade da Bahia”, afirmou. Essa colaboração contínua é fundamental para o sucesso do sistema, que não será um produto isolado, mas uma ferramenta operacional integrada ao trabalho das instituições.
Produto Final e Benefícios
O objetivo final do projeto é desenvolver um sistema que utiliza imagens de radar e inteligência artificial para identificar manchas de óleo no mar. “Esse sistema permitirá à Marinha e outros órgãos ambientais monitorar e tomar decisões rápidas em caso de derrames”, explicou a Coordenadora-Geral. A interface do sistema será acessível aos usuários, permitindo a visualização em tempo real das informações coletadas.
Abrangência do Sistema
Embora a Amazônia Azul se estenda por 5,7 milhões de quilômetros quadrados, Dra. Edileuza esclareceu que a cobertura inicial será focada em áreas com imagens disponíveis. “Vamos trabalhar com imagens públicas e adquiridas, e o sistema será capaz de identificar ocorrências de derrames em locais específicos, com a possibilidade de expandir sua aplicação conforme novas imagens se tornem disponíveis”, disse.
Reação a Acidentes
Um dos postos-chave do sistema é sua capacidade de auxiliar na contenção de danos ambientais. “O sistema indicará se um acidente ocorreu, sua localização e as condições da mancha de óleo, permitindo que a Marinha tome as medidas corretas para minimizar os impactos”, destacou Edileuza Melo.
Treinamento da Inteligência Artificial
A coordenadora também comentou sobre o processo de treinamento da inteligência artificial. Em vez de criar acidentes para treinar o sistema, a equipe utilizará dados históricos de ocorrências anteriores. “Com base em informações de derrames que já aconteceram, conseguiremos treinar a IA para identificar padrões e reações adequadas”, explicou.
Parceria entre Academia e Órgão Governamental
A chefe do monitoramento ambiental do Censipam ressaltou a importância da colaboração entre a academia e o Censipam. “A validação científica é essencial para qualquer produto que desenvolvemos. Precisamos garantir que nossas metodologias sejam reconhecidas e publicadas, contribuindo assim para o conhecimento científico”, afirmou.
Ao final da entrevista, a doutora enfatizou que o projeto não apenas contribuirá para a proteção ambiental, mas também fortalecerá o vínculo entre ciência e ação prática em prol da Amazônia Azul.
Conclusão do Workshop – O Caminho para o Futuro
O sistema está em fase de testes e deve estar totalmente funcional até setembro de 2025. Dr. André Telles acredita que iniciativas como essa são essenciais para resolver problemas ambientais no Brasil. “Nosso país enfrenta diversos desafios, e a ciência deve ser usada para encontrar soluções concretas”, concluiu.
Para ele, com inovações como essa, o Brasil avança na proteção de seus ecossistemas marinhos, promovendo um futuro mais sustentável e seguro para a natureza e a sociedade.
E Dra. Edileuza complementa dizendo que “com a implementação desse sistema, o Brasil dá um passo significativo na prevenção e mitigação dos impactos ambientais causados por derrames de óleo, ao mesmo tempo em que promove a colaboração entre instituições acadêmicas e órgãos governamentais.”
A expectativa é que, ao final do projeto, um produto robusto e eficiente esteja disponível para apoiar a Marinha e outros órgãos na proteção dos nossos recursos hídricos.
Por Cleber Ribeiro
Núcleo de Comunicação Social (NUCOM)
Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia
Ministério da Defesa
(61) 3312-4071
Categoria
Proteção da Amazônia, Ciência e Tecnologia, relacionamento institucional