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Aquecimento e ações humanas ocasionam secas repentinas e agravam as já existentes
Pesquisa aponta que a seca repentina, ou seja, aquelas que se desenvolvem de forma extraordinariamente rápida, está associada a maiores déficits de evapotranspiração e precipitação, causadas por mudanças climáticas antropogênicas. Denominada seca-relâmpago (flash-droughts, em inglês) o fenômeno deve se expandir, no futuro, para todas as áreas terrestres. Os cientistas fazem o alerta: pela sua velocidade, o fenômeno dificulta a previsão e, consequentemente, a preparação para enfrentar esse tipo de eventos extremos.
O estudo foi divulgado na publicação internacional Science, com o título (“Uma transição global para secas-relâmpago sob as mudanças climáticas”, em tradução livre) liderado por Xing Yuan, da Nanjing University of Information Science and Technology, na China, em coautoria com outros cinco pesquisadores. Analisando o perfil de evolução de secas entre 1951 e 2014, os cientistas identificaram o aumento das secas-relâmpago em 74% das chamadas “regiões SREX”, adotando a divisão por áreas definida pelo Relatório Especial do IPCC (Painel Intergovernamental para Mudanças do Clima) sobre Eventos Extremos.
Secas convencionais e secas-relâmpago
O cientista climático Christopher Cunningham, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden)- unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) – do grupo de estudos sobre “Mudanças Climáticas Globais” da Rede Clima ( integrado pelo Cemaden e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais- Inpe/MCTI), explica sobre os tipos de secas existentes. As chamadas secas meteorológicas (ou estiagens) são longos períodos marcados por pouca ou nenhuma ocorrência de chuvas, quando o solo perde mais água do que se consegue repor. “Quando esse tipo de seca se estende, ocorrem as chamadas secas hidrológicas, caracterizadas por um grave desequilíbrio que afeta níveis de rios e reservatórios.”, afirma Cunningham.
Os estudos apontam que as secas são períodos de déficit hídrico persistente, que podem causar impactos devastadores nas economias e ambientes regionais, bem como na saúde humana. As secas se originam principalmente da variabilidade climática interna em grande escala, na qual as teleconexões oceano-atmosfera associadas a fenômenos como El Niño–Oscilação Sul, Variabilidade Decadal do Pacífico e Variabilidade Multidecadal do Atlântico desempenham papéis críticos na formação e persistência da seca ao longo do tempo interanual a decadal escalas.
Desafio para a prevenção e adaptação climática
O conceito de secas repentinas foi proposto no início do século 21, mas não recebeu grande atenção até a ocorrência da seca severa nos Estados Unidos no verão de 2012. Essa seca foi considerada uma das mais severas nos Estados Unidos desde o Dust Bowl de 1930 e causou mais de US$ 30 bilhões em perdas econômicas.
Além dos fenômenos meteorológicos (que impactam nas dinâmicas entre os oceanos, maiores fontes de umidade para todo o planeta) e a atmostera, as mudanças climáticas são influências definitivas para a formação e desenvolvimento de secas, aponta o estudo publicado na Science. As chamadas “forçantes antropogênicas”, ou seja, causadas por ação humana, contribuem para a desestabilização do sistema climático e fazem com que secas de todo o tipo se tornem mais frequentes, intensas e fatais, como vêm alertando os cientistas. Exemplos recentes são as secas severas que atingiram a Europa e a China, evidenciando os prejuízos sociais e econômicos do fenômeno.
A velocidade e a intensidade da perda de umidade do solo diferenciam uma seca “clássica” de uma repentina (ou relâmpago). No caso das secas convencionais, esse conjunto de fenômenos e interações se desenvolvem em intervalos “longos”, como períodos entre estações, anuais ou mesmo maiores, como décadas. Mas estudos recentes têm mostrado que, nos chamados intervalos “subsazonais” (períodos menores, dentro de uma mesma estação), também há desenvolvimento de secas: elas podem se iniciar e evoluir para secas severas em poucas semanas.
No caso das secas repentinas, como se desenvolvem mais rapidamente com temperaturas mais altas, os ecossistemas podem não ter tempo suficiente para se adaptar ao início súbito de grandes déficits hídricos e extremos de calor, resultando em uma rápida redução na produtividade do ecossistema.
Cunningham, pesquisador do Cemaden, estuda os fenômenos que se desenvolvem em intervalos subsazonais. Destaca que essa área ainda é pouco explorada. “O estudo é importante por trazer visibilidade a essa fatia do clima que começou a ser estudada apenas muito recentemente, compreendendo fenômenos que se desenvolvem em intervalos acima de 10 dias e abaixo de uma estação, ou seja, abaixo de dois ou três meses”, explica. “Há uma necessidade de chamarmos atenção para os fenômenos que ocorrem em escala subsazonal, que têm impactos muito grandes na sociedade. Atualmente, há dificuldade de previsão, que será cada vez mais necessária para ações de adaptação”, afirma.
Emissões de gases e projeções sobre os riscos do aumento das secas repentinas
Como a ocorrência concomitante de ondas de calor e secas está aumentando globalmente, de acordo com o sexto Relatório de Avaliação do IPCC, a transição antrópica aprimorada para secas repentinas sugere a necessidade de entender as interações entre secas repentinas e ondas de calor, local e remotamente, sob as mudanças climáticas.
A pesquisa projetou, ainda, o desenvolvimento dessa tendência no futuro, considerando diferentes cenários de emissões e concentração de gases de efeito estufa na atmosfera. A conclusão é que a tendência ao aumento de secas-relâmpago se expandirá para a maioria das áreas do globo e se agravará em cenários de alta nas emissões. Segundo os estudos, os resultados sugerem que a transição para secas-relâmpago é mais estável e rápida em um futuro mais quente. O cenário de mais emissões levaria a um risco maior de secas-relâmpago, com início mais rápido. Isso coloca um desafio substancial para a adaptação climática, ressaltando a necessidade de mais estudos para refinar os modelos climáticos adotados nas projeções.
A publicação do artigo “A global transition to flash droughts under climate change” pode ser acessado pelo link:
https://www.science.org/doi/10.1126/science.abn6301
Fonte: Ascom/Cemaden com Observatório do Clima
Ministra do MCTI visitará o Cemaden, nesta sexta-feira (05)
A Ministra de Estado da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, fará visita ao Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden)- unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), nesta sexta-feira (05 de maio), às 9 horas da manhã.
Na visita, a ministra do MCTI conhecerá as instalações da sede do Cemaden, localizada no Parque Tecnológico em São José dos Campos (SP) e o trabalho desenvolvido no monitoramento e nas pesquisas de desastres geo-hidrológicos, seca e programas de redução de risco de desastres.
Aviso de Pauta
Evento: Visita da Ministra Luciana Santos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação
Local : Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) – no Parque Tecnológico de São José dos Campos (SP)
Dia : 05 de maio de 2023 (sexta-feira)
Horário: 09 horas até 11 horas
Endereço do Cemaden: Estrada Doutor Altino Bondesan, 500 - Distrito de Eugênio de Melo, São José dos Campos/SP (Parque Tecnológico de São José dos Campos)
Fonte: Ascom/Cemaden
Dados pesquisados no Twitter podem complementar os sistemas de gerenciamento de inundações
Por meio de métodos estatísticos e computacionais, foi demonstrada a relevância do conteúdo da rede social Twitter, em conjunto com outros sensores, para a detecção de alagamentos. As análises estatísticas foram realizadas utilizando um banco de dados com informações sobre o número de blocos de tráfego devido a inundações, as medidas baseadas em precipitação - obtidas por pluviômetro e radar meteorológico - e o número de tweets contendo palavras-chave relacionadas à chuva.
Intitulado "Physical- and Social-Based Rain Gauges—A Case Study on Urban Flood Detection” (Pluviômetros de Base Física e Social — Um Estudo de Caso sobre Detecção de Inundações Urbanas) o artigo foi publicado recentemente na edição especial “Flood Hazard and Risk in Urban Areas”, da Revista Geosciences.
O estudo de autoria do pesquisador Vitor Yuichi Hossaki, da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), teve a orientação do pesquisador Leonardo Bacelar Lima Santos, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) – unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). O artigo tem como coautora a pesquisadora do Cemaden, Luciana Londe, além de pesquisadores de variadas áreas, provenientes de diversas universidades brasileiras. (Foto: Pesquisadores em trabalho de campo na região central da capital de São Paulo).
A pesquisa fez a detecção de alagamentos na região central da capital de São Paulo, focando a parte inferior da bacia hidrográfica do rio Tamanduateí. As maiores correlações de dados foram encontradas entre o número de tweets relacionados à chuva e as medidas do pluviômetro. Para os pesquisadores, esse resultado evidencia o potencial dos dados sociais na previsão de fenômenos meteorológicos. Destacam que o número de tweets também está correlacionado com as medidas de radar e o número de eventos de inundação.
"Este estudo apresenta uma abordagem inovadora que combina a análise de dados de sensores físicos e de redes sociais para detectar alagamentos urbanos, com forte embasamento estatístico", ressalta o pesquisador Hossaki, que é bolsista do Programa de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) pelo Cemaden.
"Após essa fase de validação científica, vamos iniciar um processo de testes operacionais, contando com colegas da Sala de Situação do Cemaden", destaca Santos.
Também participaram do estudo professores e pesquisadores da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), do curso de Comunicação Social da Faculdade Anhanguera de São José dos Campos, do curso de Engenharia Ambiental da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquisa Filho (Unesp), e um egresso do doutorado em Ciência da Computação da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Inteligência Artificial (IA)
Para o pesquisador do Cemaden, físico Leonardo Bacelar Santos, a crescente popularidade da Inteligência Artificial (IA), Ciência de Dados e outras tecnologias computacionais têm despertado o interesse das pessoas nas mais diversas áreas. Desde 2016, pesquisadores do Cemaden desenvolvem aplicações de IA para lidar com os desafios dos impactos causados pelos desastres.
“A aplicação desses métodos pode trazer insights cruciais para o desenvolvimento de métodos de detecção, previsão, monitoramento e mitigação de eventos extremos e seus impactos.”, destaca o pesquisador.
O artigo” "Physical- and Social-Based Rain Gauges—A Case Study on Urban Flood Detection”, em formato open access na edição especial "Flood Hazard and Risk in Urban Areas", da revista Geosciences está disponível nesse link: https://www.mdpi.com/2076-3263/13/4/111
Fonte: Ascom/Cemaden
Reunião do BNDES no Cemaden visa investimentos na área de monitoramento e mitigação de desastres socioambientais
Com o objetivo de apresentar as propostas de apoio financeiro para projetos de pesquisa aplicada, desenvolvimento tecnológico e inovação, voltados à área de monitoramento e redução do risco de desastres socioambientais, a equipe do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) - empresa pública federal vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) - esteve, nesta quinta-feira (12), no Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden)- unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
A reunião foi iniciada pelo chefe do Departamento de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior (AI) do BNDES, Maurício dos Santos Neves, que apresentou as propostas e diretrizes de financiamentos não-reembolsáveis do Fundo de Desenvolvimento Técnico-Científico (Funtec), nos focos temáticos de 2023, relacionados às tecnologias de monitoramento, prevenção e redução de riscos de desastres. Também mostrou como o Cemaden pode ser o principal parceiro técnico, definindo os projetos de tecnologias prioritárias, voltados às principais demandas e usuários dessas tecnologias, como prefeituras, governos estaduais e defesas civis e sociedade em geral. Informou como os projetos de fomento ao ecossistema podem ser desenvolvidos em parcerias com os Institutos de Ciência e Tecnologia (ICTs) e empresas de stand-ups no desenvolvimento de aplicativos e ferramentas tecnológicas.
Apoio financeiro
Sobre as alavancas de recursos e fontes, o BNDES pode fazer parceria com o MCTI e/ou Finep (Fundo de Inovação e Pesquisa). O orçamento estimado para a área de redução desastres e mitigação dos impactos das mudanças climáticas está estimado até R$ 50 milhões de recursos não-reembolsáveis, sendo o valor mínimo de R$ 10 milhões, dentro do Funtec do BNDES. Dependendo dos projetos definidos, o contrato do BNDES pode ter o Cemaden como executor e parte terceirizado (ou com outra ICT). Outro formato é o BNDES com universidades, tendo o Cemaden intermediário e validadores do uso da tecnologia.
“O BNDES considera importante o investimento na inovação com foco na melhoria de vida da população, no momento em que o mundo está sendo afetado pelas mudanças climáticas”, afirma Maurício dos Santos Neves, chefe do Departamento de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do BNDES. “A mitigação dos impactos das mudanças climáticas e a prevenção de riscos de desastres estão no foco das prioridades de apoio financeiro. Nessa linha, o Cemaden pode receber o apoio de recursos para o desenvolvimento e ações tecnológicas, definindo as demandas das tecnologias prioritárias para aprimorar o sistema de monitoramento e de prevenção de desastres”, destaca o chefe de departamento do BNDES.
Projetos e demandas do Cemaden
O diretor do Cemaden, Osvaldo Moraes, apresentou de forma pontual as atividades e missão da instituição, focando a Rede Observacional, com os mais de quatro mil equipamentos de monitoramento instalados em todo o território nacional. Mostrou o objetivo, características e custo operacional de manutenção dessa rede, que nos últimos anos, vem abrangendo quase a totalidade do orçamento anual do Cemaden.
Em seguida, gestores e pesquisadores de diversas áreas do Cemaden apresentaram os gargalos, desafios e concepção de novos sensores relacionados ao monitoramento hidrológico, geodinâmico e meteorológico. Foram, também, apresentados assuntos relacionados às plataformas, vulnerabilidades sociais, além do conhecimento, percepção de risco e educação para o desastre. “O Cemaden foi criado em 2011. Como unidade de pesquisa do MCTI, atua com a Ciência de ponta voltada à população mais vulnerável aos desastres socioambientais.”, afirma o diretor do Cemaden, Osvaldo Moraes. “Diferente das instituições meteorológicas, o Cemaden trabalha no monitoramento e emissão de alerta com uma visão holística, que engloba ameaça, vulnerabilidade e exposição.”, destaca o diretor.
Propostas e visão do membro do Conselho do BNDES
O cientista e idealizador da criação do Cemaden, Carlos Nobre, atual membro do Conselho do BNDES, enfatizou que o Centro foi criado com a capacidade de previsão de impactos e da vulnerabilidade da população aos riscos de desastres. “Foi um grande avanço a criação do Cemaden, com o perfil que envolve o monitoramento do risco climático, a vulnerabilidade e a exposição ao risco de desastres”, afirma Nobre. Como membro do Conselho do BNDES, ele destacou a importância do investimento : primeiro, nas micro e pequenas empresas brasileiras (start-ups), como incentivo para nacionalização dos produtos e ferramentas; segundo, na utilização de novos equipamentos e aplicativos de monitoramento (como exemplo, citou os drones com sensores infravermelho, já utilizados nos Estados Unidos, projetados para perceber os riscos e medir parâmetros). Em terceiro, destacou a importância da criação de um sistema nacional de monitoramento ambiental, com capacidade de integração de todos os sistemas e processamento de dados. “O Cemaden pode fluir, processar e distribuir dados a todos os usuários, dentro do sistema de monitoramento ambiental nacional. E o BNDES pode dar apoio nesse sistema integrado.”, afirma o conselheiro do BNDES.
Próximas etapas
No final da reunião, foram realizadas discussões sobre os projetos, encaminhamentos e o agendamento para um próximo encontro virtual, com o objetivo de definir os projetos prioritários do Cemaden.
Pelo BNDES, também participaram da reunião: gerente Fabrício Brollo Dunham, do Departamento 1 de Inovação e Estratégia Industrial da AI; gerente Rodrigo Cunha e administrador Adolfo Saubermann, do Departamento 2 de Inovação e Estratégia Industrial da AI; e o engenheiro Márcio Nobre Migon, da AI.
Estiveram presentes na reunião o chefe de Gabinete do MCTI, Rubens Diniz Tavares e o consultor jurídico Carlos Longato.
Fonte: Ascom/Cemaden
Cemaden é reconhecido pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
O diretor Osvaldo Moraes, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) — unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) — recebeu o agradecimento de Charles Ian McNeill, coordenador sênior das Florestas e Clima do United Nations Environment Programme (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – PNUMA) pela colaboração do Centro ao IRI Brasil (Iniciativa Inter-religiosa pelas Florestas Tropicais no Brasil) nos esforços de conscientização da crise do desmatamento de florestas tropicais no Brasil.
MacNeill destacou que a parceria do Cemaden com o IRI Brasil permitiu a conscientização de mais de 100 líderes religiosos sobre desastres naturais, mudanças climáticas, a crise do desmatamento e a necessidade urgente de proteger a Amazônia. Lembrou que, atualmente, apenas cinco países no mundo contêm, aproximadamente, 70% das florestas tropicais restantes no mundo: Brasil, Colômbia, República Democrática do Congo, Indonésia e Peru.
O coordenador sênior do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente informou que esse reconhecimento pela contribuição e apoio do Cemaden está sendo divulgado a todos os parceiros globais da Iniciativa Inter-religiosa pelas Florestas Tropicais.
Visita ao Cemaden de quatro comitivas de lideranças religiosas
Entre os meses de maio a agosto de 2022, quatro comitivas de lideranças religiosas do IRI Brasil (representantes de estados de todas as regiões brasileiras) realizaram visita informativa no Cemaden, com abordagens sobre mudanças climáticas, riscos e prevenção de desastres naturais.
Um dos objetivos estratégicos da visita foi propiciar que os líderes pudessem se municiar de conhecimentos e informações técnicas relevantes sobre mudanças climáticas; sobre desastres, suas causas, consequências, impactos nas diferentes regiões do Brasil e as interações entre o Cemaden e as defesas civis. Os visitantes também conheceram as ações/atividades/programas voltados para a redução das vulnerabilidades, proteção e prevenção de riscos e de desastres, de modo que possam se sentir mais preparados e encorajados para atuar no debate público e conscientizar as comunidades aonde atuam.
A Iniciativa Inter-religiosa pelas Florestas Tropicais no Brasil (IRI-Brasil) é uma plataforma de apoio às lideranças religiosas para que possam ampliar sua contribuição voltada à preservação do equilíbrio climático, à conservação e ao uso sustentável das florestas, além da proteção dos povos indígenas e das comunidades locais.
Fazem parte da iniciativa: representantes da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB); Confederação Israelita do Brasil (CONIB); Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC); Religiões pela Paz Brasil; Religiões pela Paz América Latina e Caribe; Instituto de Estudos da Religião (ISER); Confederação Israelita do Brasil; Aliança Cristã Evangélica Brasileira; Federação Espírita Brasileira; Perifa Sustentável; Mesquita Brasil; e União Nacional Islâmica.
A última visita técnica no Cemaden, realizada pela comitiva do IRI Brasil, ocorreu em agosto de 2022. Como em todas as programações realizadas junto aos outros grupos de líderes religiosos visitantes, os gestores e pesquisadores deram palestras abordando a missão do Cemaden, sobre o sistema de monitoramento e alertas, mudanças climáticas, desastres relacionados a clima, sobre o Programa Cemaden Educação. Além disso, visitaram a Sala de Situação do Centro, onde conheceram os processos de monitoramento, vulnerabilidades, áreas de risco, rede observacional entre outros.
Fonte: Ascom/Cemaden
Cemaden e Cruz Vermelha assinam acordo de cooperação para promover ações educativas sobre prevenção a risco de desastres
O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e a Cruz Vermelha Brasileira (CBV) assinaram um acordo de cooperação para promover ações educativas junto a populações expostas a riscos. A assinatura do acordo ocorreu na última sexta-feira (31), na sede do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), em Brasília (DF). O ato foi assinado pelo diretor do Cemaden, Osvaldo Moraes, e pelo presidente da CVB, Julio Cals de Alencar, com a participação do secretário de Políticas e Programas Estratégicos substituto do MCTI, Fábio Larotonda (Foto Pedro Pinheiro/Ascom MCTI).
As duas instituições já dispõem de iniciativas educativas. A Cruz Vermelha Brasileira já participou da Campanha “AprenderParaPrevenir” do Programa Cemaden Educação, direcionado às escolas públicas, principalmente, localizadas nas áreas de risco de desastres geo-hidrológicos. Com a cooperação, que prevê o compartilhamento de informações, a ideia é aprimorar a articulação e potencializar os esforços para orientar as populações expostas ao risco. Isso porque uma das componentes do sistema de monitoramento e alerta é o conhecimento do risco, ou seja, qual o grau de percepção que as pessoas presentes em áreas vulneráveis possuem sobre o risco ao qual estão expostas.
“A atividade educativa de preparação do indivíduo para reagir no momento do desastre é tão essencial quanto o alerta”, explica o diretor do Cemaden, Osvaldo Moraes. “Ter a Cruz Vermelha como parceira ampliará o trabalho de comunicação, conhecimento e percepção de risco às comunidades vulneráveis ao risco.”
O presidente da CVB, Julio Cals de Alencar, lembrou que situações de desastre precisam de respostas rápidas. “Sabendo o que cada um vai fazer poderemos estar preparados muito antes para essa resposta, diminuindo o sofrimento humano”, disse.
Com o acordo, a Cruz Vermelha agregará a perspectiva humanitária e reforçar as ações de comunicação ao trabalho técnico-científico já efetuado pelo Cemaden. “O que podemos fazer antes[de um desastre], na capacitação técnica, na troca de experiências e de informações técnicas, implementando novas tecnologias. É um acordo pioneiro no nosso país. É uma junção de forças em prol do nosso povo”, afirmou Alencar. “Nossos voluntários podem trabalhar tanto na prevenção, indo nas casas, e no pós, atuando em zonas quentes e salvando vidas”, complementou Alencar.
Acordo entre Cemaden e a Cruz Vermelha Brasileira
A Cruz Vermelha Brasileira já participou da Campanha “AprenderParaPrevenir” do Programa Cemaden Educação, direcionado às escolas públicas, principalmente, localizadas nas áreas de risco de desastres geo-hidrológicos. Com a cooperação, que prevê o compartilhamento de informações, a ideia é aprimorar a articulação e potencializar os esforços para orientar as populações expostas ao risco. Isso porque uma das componentes do sistema de monitoramento e alerta é o conhecimento do risco, ou seja, qual o grau de percepção que as pessoas presentes em áreas vulneráveis possuem sobre o risco ao qual estão expostas.
O diretor do Cemaden explica que, “a atividade educativa de preparação do indivíduo para reagir no momento do desastre é tão essencial quanto o alerta”. A comunicação, acrescenta, deve ir “além da comunicação entre instituições”, abrangendo também o “como comunicar pessoas que estão na eminência de um desastre",
Conforme o acordo, a principal contribuição da Cruz Vermelha é agregar a perspectiva humanitária e reforçar as ações de comunicação ao trabalho técnico-científico já efetuado pelo Cemaden. O plano de trabalho estabelece metas, atividades e indicadores, prevê a realização de cursos voltados à prevenção de riscos de desastres e a divulgação de ações relacionadas à prevenção de risco de desastres.
“Além dos alertas, o Cemaden faz a ciência que está por trás da prevenção dos desastres”, afirmou o secretário de Políticas e Programas Estratégicos substituto do MCTI, Fábio Larotonda.
O Acordo de Parceria para Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação entre o Cemaden e a Cruz Vermelha Brasileira terá relação mais direta com o Programa Cemaden Educação e com projetos que envolvam ações de ciência cidadã, tais como campanhas que busquem mobilizar pessoas, instituições e comunidades, por meio da inscrição de projetos e inscrição de projetos e iniciativas de Redução de Riscos e Desastres, e/ou a produção de material educativo e criativo, veiculado nas redes sociais, com a entrega de prêmios e o registro e o registro dessas práticas em site do próprio programa, com a participação ativa na divulgação e produção de conteúdos, também por parte da Cruz Vermelha Brasileira.
O acordo não prevê a transferência de recursos financeiros entre o Cemaden e a Cruz Vermelha Brasileira, sendo cada uma delas responsável pelo ônus das atividades de capacitação, preparação de sistemas de compartilhamento de dados e informações para a divulgação.
Sobre o Cemaden
Unidade de pesquisa vinculada ao MCTI, o Cemaden realiza em âmbito nacional, no regime de trabalho de 24 horas por dia, nos sete dias da semana, o monitoramento contínuo de condições hidrometeorológicas e climáticas adversas, capazes de deflagrar desastres naturais. Para a emissão de alertas relativos aos potenciais desastres identificados, o órgão considera também, em sua análise, as condições de vulnerabilidade das populações moradoras em áreas de risco mapeadas.
Sobre a Cruz Vermelha Brasileira
Principal instituição de ajuda humanitária do mundo, a Cruz Vermelha Brasileira está presente em 21 estados e conta com apoio de voluntários e mobilização da sociedade civil. É uma entidade de socorro voluntário, de utilidade internacional, declarada de caráter nacional em 1912. Tem como missão atender as adversidades ambientais e diversidades sociais em todas as regiões do país, visando tornar as comunidades resilientes, por meio de ações de prevenção de desastres e redução de riscos ambientais e urbanos, contando com capilaridade em sua estrutura nas unidades federativas, que pode potencializar a atuação no âmbito da Educação para a Redução de Risco de Desastres (ERRD) junto às comunidades em áreas de risco. A instituição tem atuado em projetos de conscientização da população sobre diversas demandas, como prevenção da dengue, redução de riscos por contaminação por água. No plano internacional, a Cruz Vermelha possui trabalho conjunto com o grupo de gestão de riscos da Organização Mundial Meteorológica.
Fonte: Ascom/Cemaden junto com Ascom/MCTI e Agência Brasil
Cemaden e Unesp abrem inscrições para o Workshop IASI - Inteligência Artificial em Secas e Inundações
No intuito de colaborar com o conhecimento sobre os métodos e ferramentas existentes, aplicados à Inteligência Artificial para o monitoramento ou previsão de secas e inundações, o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) - unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) - em colaboração com o Instituto de Ciência e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp), realizará, nos dias 04 e 05 de setembro de 2023, o Workshop Inteligência Artificial em Secas e Inundações.
O evento será realizado no Auditório do Cemaden - Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais, sediado no Parque Tecnológico de São José dos Campos/SP.
O workshop tem como público-alvo pesquisadores, professores universitários, profissionais de empresas privadas e estudantes que atuam ou tenham interesse na temática do evento.
Nos dois dias do evento, os participantes terão a oportunidade de esboçar um panorama das iniciativas nacionais na área, compartilhar dados, métodos e experiências, além de implementar um networking entre pesquisadores, educadores e empresas. Serão realizadas palestras, minicursos e apresentações de trabalhos científicos no formato de pôster.
Mais informações estão disponibilizadas no site do evento:
https://sites.google.com/view/iasi2023
Evento: “Workshop IASI - Inteligência Artificial em Secas e Inundações”
Data: 04 e 05 de setembro de 2023
Horário: das 8h às 18h
Local: Auditório do Cemaden - Parque Tecnológico de São José dos Campos - Avenida Doutor Altino Bondensan, 500, distrito de Eugênio de Melo.
Formato: Presencial
Cronograma
Submissão de trabalhos até o dia 19/05/2023
Notificação de aceite: 02/06/2023
Inscrições até o dia 28/07/2023
Comitê Organizador
Cemaden- Leonardo Santos, Ana Paula Cunha, Marcelo Zeri
Unesp : Rogério Negri
Fonte: Ascom/Cemaden
Cemaden participou do Science Days com oficinas e jogos relacionados à prevenção de riscos de desastres
O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) – unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Informações (MCTI) - participou do evento Science Days, promovido pelo Instituto Alpha Lumen, oferecendo aos alunos de escolas públicas as oficinas e jogos que tratam da Educação em Redução de Riscos e Desastres (ERRD).
Neste ano, a 5ª edição do Science Days foi realizado no Centro de Formação do Educador (CEFE), no Parque da Cidade, em São José dos Campos (SP), nos dias 16 e 17 de março.
Nesta edição, nos três jogos Na Trilha do Risco , Minitrunfo e Quem oferecidos pelos pesquisadores (as), tecnologistas e analistas em Ciência e Tecnologia do Cemaden, contou com a participação de 84 alunos, além de professores, do ensino médio, de escolas públicas de São José dos Campos,Taubaté e região paulista do Vale do Paraíba. Foram formados oito alunos do Instituto Alpha Lumen como multiplicadores da metodologia para a redução de risco de desastres.
O jogo “Na Trilha do Risco”, desenvolvido pelo Programa Cemaden Educação, contou com a participação dos(as) pesquisadores(as) Débora Olivato, Carolina Esteves, Antônio Guerra e Priscilla Françoso, além da analista em C&T Selma Flores.
Os jogos Minitrunfo e Quem fazem parte do projeto da Sílvia Saito, desenvolvendo tecnologias educacionais inovadoras para abordagem da redução de risco de desastres socioambientais. O projeto piloto dessa atividade foi implementado, em 2022, junto aos alunos do 8º ano da Escola Estadual Hamilton Bontorin de Souza, em São José dos Campos. Participaram desses jogos as tecnologistas e pesquisadoras da Sala de Situação, Carla Prieto, Caroline Mourão e Graziela Scofield.
“A participação de pesquisadores do Cemaden e do Programa Cemaden Educação no evento foi muito importante para levar aos alunos, de forma lúdica, o lado da Ciência e da Educação para a compreensão dos riscos de desastres socioambientais.”, afirma a pesquisadora do Programa Cemaden Educação, Carolina Esteves. Acompanhando os alunos nas oficinas e jogos, a pesquisadora informou sobre o entusiasmo e interesse por parte dos jovens e dos professores.
Fonte: Ascom/Cemaden
Pesquisador do Cemaden oferece minicurso sobre "Física para Sustentabilidade e Redução de Riscos de Desastres"
Destinado a alunos de graduação, pós-graduação, professores e pesquisadores, o minicurso sobre “Física para Sustentabilidade e Redução de Riscos de Desastres” será oferecido pelo físico Leonardo B.L. Santos, pesquisador do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) – unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI).
O minicurso será 100% remoto e ocorrerá no nos dias 27 de maio e 03 de junho de 2023, no horário das 9 às 12 horas. É promovido pela Sociedade Brasileira de Física (SBF) e será realizado uma semana após o encontro “Autumn Meeting of the Brazilian Physical Society (EOSBF-2023)”.
"Serão apresentados conceitos básicos da área ambiental, ressaltando as bases físicas, as demandas e oportunidades para aplicações nessas áreas de técnicas da física multidisciplinar, como modelagem por equações diferenciais, autômatos celulares e redes complexas", destaca Santos.
Temáticas abordadas e inscrições
A ementa do minicurso envolve um glossário sobre termos clássicos da área de mudanças climáticas e desastres, como ameaça, susceptibilidade, vulnerabilidade, risco, resiliência, além de analogias com sistemas físicos, como pêndulos e sistemas massa-mola. Serão discutidas a desnaturalização dos desastres e a importância de abordagens multi, inter e transdisciplinares.
No evento, Santos apresentará o trabalho "Physically inspired AI for monitoring floods and droughts", em colaboração e coautoria de diversos pesquisadores(as) do Cemaden.
Inscrições no minicurso podem ser feitas pelo link: http://www1.fisica.org.br/~cursos/index.php/minicurso-5
Fonte :Ascom/Cemaden
Estudo analisa a governança de incêndios florestais em região transfronteiriça da Amazônia
Um estudo científico, elaborado pelo Projeto MAP-Fire - envolvendo pesquisadores brasileiros, bolivianos e peruanos - destaca que as vulnerabilidades organizacionais, socioculturais e políticas são as principais barreiras para uma boa governança contra incêndios florestais na região transfronteiriça MAP, que integra os estados/departamentos de Madre de Dios (Peru), Acre (Brasil) e Pando (Bolívia). Destacou-se que os incêndios florestais podem ser caracterizados como desastres socioambientais transfronteiriços, ocasionando impactos negativos para a população e biodiversidade de diversos países.
Durante os anos de 2020 e 2021, os pesquisadores consultaram 111 atores locais (gestores públicos, pesquisadores, representantes de ONGs, entre outros) por meio de um questionário eletrônico, o que tornou possível o mapeamento das capacidades e vulnerabilidades da governança na região.
Os participantes da pesquisa identificaram as vulnerabilidades e capacidades em oito dimensões: econômica, educacional, ambiental, organizacional, política, legal, sociocultural e tecnológica. Na metodologia, também foram considerados os quatro eixos principais de governança de risco: o conhecimento do risco, o monitoramento, a educação e comunicação, além da prevenção e resposta a desastres.
O artigo denominado “Wildfire governance in a tri-national frontier of southwestern Amazonia: Capacities and vulnerabilities” ("Governança de incêndios florestais em uma fronteira trinacional do sudoeste da Amazônia: capacidades e vulnerabilidades") foi publicado no início de janeiro de 2023, no periódico científico International Journal of Disaster Risk Reduction (IJDRR), da Editora Elsevier. Liderado pela pesquisadora Gleiciane Pismel, atualmente mestranda na Universidade Federal Fluminense, o estudo tem como coautores o sociólogo Victor Marchezini e a coordenadora do Projeto MAP-FIRE, Liana Anderson, ambos pesquisadores do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) – unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Também participaram do artigo científico, a pesquisadora boliviana Galia Selaya, a ecóloga e pesquisadora Yara A. de Paula- graduada na Universidade Federal do Acre (UFAC) e o pesquisador Eddy Mendoza, também gestor ambiental no Peru.
Recordes de queimadas e incêndios florestais na área fronteiriça da Amazônia
Entre os anos de 2003 e 2019 houve um aumento significativo dos incêndios na região: cerca de 3,832 milhões de hectares foram queimados, e aproximadamente 22% dessa área correspondiam a florestas.
A região teve recordes de queimadas e incêndios florestais nos anos de 2005, 2010 e 2015 quando também enfrentou secas severas. “Diante de um desastre transfronteiriço, a governança deve se articular também de forma transfronteiriça”, comenta a autora principal da pesquisa, a socióloga Gleiciane Pismel.
Principais resultados
As principais barreiras para uma boa governança contra incêndios florestais são as vulnerabilidades organizacional e política, indicadas por mais de 60% dos(as) participantes na pesquisa. Dentre essas barreiras, se incluem o número insuficiente de servidores(as) e pessoal, recursos financeiros limitados, desregulamentação da legislação ambiental e influência política no funcionamento das organizações públicas e privadas.
Diante da fragilidade das organizações, são afetados todos os quatro eixos da governança de incêndios (conhecimento do risco, monitoramento, educação e comunicação, prevenção e respostas a desastres).
Os pesquisadores apontam, por exemplo, que há muitas ferramentas de monitoramento da atividade do fogo nos três países, mas não são conhecidas pela sociedade e mesmo por alguns profissionais da área. Adiciona-se, em muitos casos, a falta de pessoal qualificado para o manuseio das ferramentas de monitoramento.
No eixo de prevenção e resposta a desastres, a aplicação de multas foi apontada como principal medida preventiva contra os incêndios. Entretanto, a falta de recursos humanos inviabiliza uma boa cobertura de fiscalizações. Mesmo quando as autuações são feitas, observa-se um número muito baixo de processos julgados.
O estudo mostra, como principal capacidade, as redes de cooperação informais identificadas na região MAP, que têm sido essenciais para o funcionamento da governança de incêndios florestais. Formadas por articulações espontâneas entre setor público, terceiro setor e universidades, têm ocorrido ajuda mútua na fronteira em situações de extremos climáticos.
Liana Anderson, coordenadora do Projeto MAP-Fire, destaca que diversos produtos de monitoramento de risco de desastre foram desenvolvidos, assim como materiais educativos e de comunicação, que estão disponíveis em português e espanhol. “É necessário investir na prevenção de risco de desastres, em especial na construção de capacidades entre as gerações de cientistas, gestores, representantes de ONGs, de associações e de comunidades em geral”, recomenda a cientista.
Disseminação científica internacional
No último dia 21 de março, a pesquisadora do Cemaden, Liana Anderson, também coordenadora do Projeto MAP-Fire, compartilhou os resultados deste artigo científico durante workshop entre o Cemaden e o Natural Hazards Center , da Universidade do Colorado-Boulder (Estados Unidos). A série de três workshops faz parte das atividades do pós-doutorado de Victor Marchezini, desenvolvido no Natural Hazards Center e com o suporte da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo ( Fapesp ).
Marchezini destaca que o pós-doutorado tem como foco a elaboração de métodos multi e interdisciplinares para promoção de sistemas de alerta centrados nas pessoas. “A experiência que tivemos com o projeto MAP-Fire foi também importante para pensar nos desafios relacionados a equipes multi, inter e transdisciplinares, e como podemos criar métodos para aperfeiçoar esse tipo de pesquisa colaborativa”.
Recomendações e acesso ao artigo científico
Os pesquisadores ressaltam que o fortalecimento das organizações é um pilar central para melhorar a governança de incêndios florestais na região MAP e, assim, obter a redução dessas ameaças. Recomendam que o caminho a ser percorrido envolve investimentos mais adequados à realidade socioambiental de cada país e adequação das políticas nacionais às realidades locais.
Consideram essencial ações para aumentar, manter e qualificar o capital humano das organizações responsáveis pelo monitoramento, gestão e combate dos incêndios florestais; promover uma melhor integração entre organizações, universidades, movimentos sociais e associações; além de criar condições para que pequenos, médios e grandes produtores acessem alternativas ao uso do fogo.
Nas recomendações finais, enfatizam a importância de formulação de políticas públicas e leis que levem em consideração a realidade local. Destacam que para isso, requer um desenvolvimento de políticas flexíveis e práticas, com a distribuição adequada de responsabilidades e recursos entre os níveis nacional, regional e municipal.
O projeto MAP-Fire foi financiado pelo Inter-American Institute for Global Change Research (IAI). Para saber mais sobre o projeto MAP-Fire Platform - Plataforma de Monitoramento de Incêndios e Gestão de Riscos e Impactos para a região MAP acesse: https://www.liana-anderson.org/products.html
Veja o artigo completo em: https://doi.org/10.1016/j.ijdrr.2023.103529
Tutorial para acessar a plataforma de monitoramento de gestão de risco e impactos de queimadas e incêndios florestais: https://www.treeslab.org/products.html
Acesso à plataforma de monitoramento de gestão de risco e impactos de queimadas e incêndios florestais: http://terrama.cemaden.gov.br/griif/mapfire/monitor/
Acesso ao glossário de termos técnicos para gestão de risco e impactos de queimadas e incêndios florestais: https://www.liana-anderson.org/uploads/3/1/0/6/31065047/t%C3%A9rminos_incendiosforestales.pdf
Acesse os materiais educativos e de comunicação de risco do projeto: https://www.liana-anderson.org/educational-material.html
Fonte: Ascom/Cemaden
Apresentação do estudo de caso do projeto MAP-Fire, feita pela pesquisadora Liana Anderson (Cemaden), durante o segundo workshop entre o Natural Hazards Center/Universidade do Colorad-Boulder (Estados Unidos) e o Cemaden, como parte das atividades de pós-doutorado de Victor Marchezini (Data: 21/03/2023)
Cemaden realiza o I Encontro de Alunos de Pós-Graduação em Riscos e Desastres
O I Encontro de Alunos de Pós-Graduação em Riscos de Desastres foi realizado na sede do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) – unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) - em São José dos Campos (SP)- no início deste mês de março (dias 8 e 9), com o objetivo de troca de conhecimentos técnico-científicos, por meio de palestras e apresentações dos alunos de Mestrado e Doutorado.
O evento foi organizado pelas pesquisadoras do Cemaden, Luciana Londe e Ana Paula Cunha, que participam também do Programa de Pós-Graduação, realizado em parceria entre Cemaden/MCTI e a Universidade Estadual Paulista (Unesp).
Na mesa de abertura, representando a Unesp estiveram presentes a discente Janaína Alencar Mota e Silva e a docente Tatiana Sussel. Ao longo do encontro, vários alunos apresentaram os trabalhos que vêm desenvolvendo em temáticas relacionadas a eventos geodinâmicos, eventos hidrológicos, secas, incêndios florestais e vulnerabilidade a desastres.
“Criamos este espaço de discussão pensando em alunos que estavam isolados por causa da pandemia.”, afirma a pesquisadora do Cemaden, Luciana Londe e complementa: “Neste ano, contamos apenas com alunos do Programa da Unesp/Cemaden, mas a intenção é que, nos próximos encontros, possamos receber alunos de outras instituições, interessados em trocar experiências sobre trabalhos relacionados a riscos e desastres.”, informa a pesquisadora.
O evento também contou com as palestras das pesquisadoras do Cemaden: Sílvia Saito, que abordou sobre a Defesa Civil Brasileira; Viviana Aguilar Muñoz, que falou sobre bases de dados de desastres e Rachel Trajber, que discorreu sobre o Programa Cemaden Educação.
Os participantes tiveram a oportunidade de conhecer a Sala de Situação e conversar com a equipe de tecnologistas e analistas em Ciência e Tecnologia do Cemaden.
O encerramento do evento foi feito pela diretora substituta do Cemaden, Regina Alvalá, que finalizou convidando os alunos a organizarem os próximos encontros.
Fonte: Ascom/Cemaden
Mudanças climáticas e eventos climáticos extremos foram abordados em palestra pelo climatologista do Cemaden
No dia 16 de março, em celebração ao Dia Nacional da Conscientização sobre as Mudanças Climáticas, o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) – unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) – promoveu a palestra intitulada “Variabilidade Climática, Mudanças Climáticas, Emergência Climáticas e Desastres Naturais”, no auditório da instituição, com transmissão online pelo YouTube do Cemaden.
O palestrante foi o climatologista José Marengo, coordenador-geral de Pesquisa e Desenvolvimento do Cemaden/MCTI, que fez abordagem sobre os riscos climáticos, vulnerabilidades, eventos extremos e seus impactos socioambientais e econômicos.
Foram abordados os estudos recentes, produzidos pela comunidade científica nacional e internacional, resumidos no Sexto Informe de Avaliação do Painel Intergovernamental para a Mudança de Clima (IPCC AR6), publicados em 2021 e 2022, que apontam, cientificamente, o aumento da temperatura média da Terra nos últimos anos. “A ciência do clima é cada vez mais capaz de mostrar que muitos dos eventos climáticos extremos, que estamos enfrentando, se tornaram mais prováveis e mais intensos devido às mudanças climáticas induzidas pelo homem. Vimos isso repetidamente em 2022 e 2023, com impactos significativos e trágicos”, explica o climatologista José Marengo.
Desastres no Brasil
Em relação aos desastres no Brasil, extremos de chuva deflagraram enxurradas, deslizamentos de terra e inundações que, somente em 2022, mataram mais de 500 pessoas. Até março de 2023, foram registrados desastres em cidades do Litoral Norte de São Paulo, e em Franco da Rocha (SP), São Gonçalo (RJ) e Manaus (AM), todos eles deflagrados por chuvas intensas, que estão cada vez mais frequentes e violentas. “Porém, a chuva não mata as pessoas. O risco climático não é necessariamente causado apenas pelas variações ou mudanças do clima, mas pode estar associado a outros aspectos, como urbanização mal planejada, que aumenta a vulnerabilidade e exposição da população morando em áreas de risco, muitas vezes ‘legalmente’ ”, afirma Marengo.
Explicou que no Brasil, 85% da população vive nas cidades. “Então, se não encontrarmos soluções viáveis e sustentáveis sobre como transformar as cidades brasileiras em áreas sustentáveis socialmente, economicamente, logisticamente, a médio e longo prazo, teremos grande dificuldades no futuro com as mudanças climáticas”, afirma o climatologista.
Efeitos socioeconômicos das mudanças climáticas
Na palestra, foram apresentados os diversos efeitos na sociedade, tanto na área econômica, de saúde, de água potável, deslocamento de populações, capacidade de trabalho, nível do mar entre outros.
“Torna-se cada vez mais premente que intensifiquemos as ações voltadas ao aprimoramento de sistemas de alerta antecipado para construir resiliência aos riscos climáticos atuais e futuros em comunidades vulneráveis” destaca o climatologista José Marengo, abordando no final, os grandes desafios para a divulgação sobre as mudanças climáticas.
Instituição do Dia Nacional da Conscientização de Mudanças Climáticas
Desde 2011, celebramos em 16 de março, no Brasil, o Dia Nacional da Conscientização sobre as Mudanças Climáticas. A data comemorativa foi instituída por meio da Lei Federal N o 12.533, de 2 dezembro de 2011. A legislação assegura o cumprimento do Objetivo do Desenvolvimento Sustentável (ODS 13), que se refere à tomada de medidas urgentes para combater a mudança climática e seus impactos.
Para rever na íntegra a palestra do climatologista José Marengo, está disponibilizado no YouTube do Cemaden pelo link:
https://www.youtube.com/watch?v=2VgGx1SeH8c
Fonte: Ascom/Cemaden
Cemaden dará palestra no Dia Nacional da Conscientização sobre Mudanças Climáticas, nesta quinta-feira (16)
Como parte celebração do Dia Nacional da Conscientização sobre Mudanças Climáticas, dentro da programação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden)- unidade de pesquisa do MCTI- está promovendo a palestra sobre mudanças climáticas e desastres naturais, amanhã, 16 de março, às 10 horas, no Auditório do Cemaden.
A palestra será dada pelo climatologista José Marengo, coordenador-geral de Pesquisa e Desenvolvimento do Cemaden, no Auditório da instituição, localizada no Parque Tecnológico de São José dos Campos (SP).
Eventos climáticos extremos : chuvas intensas e secas severas
Os eventos climáticos extremos e os impactos das mudanças climáticas – como megaseca, chuvas extremas, ondas de calor terrestres e marítimas, além do derretimento glacial - estão afetando todo o planeta.
Estudos apontam que as chuvas extremas recordes aumentaram em todo mundo na última década, algumas provavelmente são consequência das mudanças climáticas. Porém, as vulnerabilidades a desastres naturais - como inundações e deslizamentos – aumentaram devido ao aglomerado da população em áreas suscetíveis a inundações, além do uso insustentável da terra em áreas urbanas e rurais.
Conforme o Relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM) de 2021, na região da América Latina e Caribe, os impactos das mudanças climáticas repercutem nos ecossistemas, na segurança alimentar e hídrica, na saúde das pessoas e no combate à pobreza.
As taxas de desmatamento foram as mais altas desde 2009, não apenas prejudicando o meio ambiente, mas também minando os esforços de mitigação das mudanças climáticas. As geleiras andinas perderam mais de 30% de sua superfície em menos de 50 anos.
“O aquecimento do planeta aumentou a intensidade das chuvas. Eventos de chuva tão raros como esses, se tivessem ocorrido em um clima 1,2º C mais frio, provavelmente poderiam ser um quinto menos intensos.”, destaca o climatologista José Marengo, coordenador-geral de Pesquisa e Desenvolvimento do Cemaden.
“Os eventos extremos estão aumentando em frequência e severidade. Associados ao aquecimento global, às mudanças climáticas e à alta vulnerabilidade e exposição, esses eventos extremos afetam, mundialmente, milhões de pessoas todos os anos”, enfatiza Marengo.
Além do monitoramento e alerta de risco de desastres geo-hidrológicos, o Cemaden vem contribuindo com a Ciência de Desastres, atuando não apenas na informação e conhecimento de ameaças da natureza, mas indicando como as pessoas devem se organizar para minimizar os impactos. Para isso, a ciência pode contribuir para subsidiar ações, desde a mitigação do desastre até a recuperação, envolvendo diversas áreas do conhecimento científico.
“As pesquisas estão ajudando os tomadores de decisão para enfrentar os eventos climáticos extremos, os quais podem levar a desastres naturais.”, afirma o climatologista, que também pesquisa as secas regionais e a análise de ações de mitigação e de adaptação. “As medidas e estratégias para as secas devem ser fortalecidas em nível nacional e internacional”, ressalta Marengo.
Fonte: Ascom/Cemaden
Estudos alertam sobre a necessidade de incluir serviços e assistência de saúde e social aos idosos e comunidades, na fase de reconstrução e recuperação em desastres
Estudos de pesquisadores brasileiros, recentemente publicado na Revista da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), apontam a subnotificação de óbitos autoprovocados e de adoecimento por transtornos mentais e comportamentais, relacionados aos desastres socioambientais. Mostram que são ainda escassos, no Brasil, os estudos sobre processos de reconstrução e recuperação em desastres, sobretudo aqueles direcionados a reconhecer as especificidades dos diferentes grupos sociais atingidos, como o de pessoas idosas.
“A reconstrução se refere aos elementos materiais, enquanto a recuperação engloba não só os danos materiais, como também os danos imateriais sofridos, para além do momento da emergência”, explica Victor Marchezini, pesquisador do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden)- unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) - um dos coautores do artigo científico “Cronicidade dos processos de reconstrução e recuperação em desastres: as histórias que nem todos avós poderão contar ”. A pesquisa teve como primeira autora Aline Viana, docente do Departamento de Gerontologia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e coautoria de Alice Gambardella, socióloga e docente na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
O artigo científico focou as especificidades das pessoas idosas nos processos de reconstrução e recuperação nos desastres. Foram analisados três aspectos: a) os sentidos de afetação vivenciados pelas pessoas idosas no contexto de emergência e desastre; b) práticas insuficientes dos(as) gestores(as) e das políticas públicas diante dessas afetações e c) possíveis estratégias para aperfeiçoamento e/ou implementação de políticas públicas de reconstrução e recuperação em desastres, sobretudo a partir do Sistema Único de Assistência Social (SUAS).
Pessoas idosas pobres afetadas pelos desastres
O estudo deu-se a partir da realização de pesquisa bibliográfica, pesquisa documental sobre políticas públicas de proteção e defesa civil, e pesquisas de campo, de base qualitativa, nos desastres de São Luiz do Paraitinga-SP (2010), Nova Friburgo-RJ (2011), Teresópolis-RJ (2011), Blumenau-SC (2008 e 2011) e Ilhota-SC (2008 e 2011).
Nos cinco municípios selecionados para o estudo há concentração de pessoas idosas superior à média nacional (10,62%). Porém, a proporção de pobres nestes municípios, uma camada a mais de interseccionalidade, desafia as pessoas idosas pobres a se recuperarem dos desastres com recursos próprios ou de sua rede informal. “Embora as transferências de recursos entre os entes federativos sejam importantes para o contexto de desastres, precisamos ir além dessa abordagem, visto a cronicidade dos desastres vivenciados e das recorrentes perdas nesses municípios”, explica a pesquisadora Alice Gambardella.
Os municípios estudados fazem parte da lista dos 821 municípios prioritários para a gestão de riscos no país, no entanto, mesmo com a associação de diversas fontes de informação, há falta de dados para diferentes tipos de afetação do grupo mais longevo.
Subnotificação de dados
Os estudos mostram que, se por um lado há falta de dado oficial, pelo outro há questionamento sobre a aproximação destes com o número real. Como registrado pela pesquisadora Aline Viana, nas imersões em campo em Teresópolis/RJ, nos anos de 2013, 2014 e 2015, o relato das pessoas idosas que sobreviveram foi crítico em relação à subestimação da mortalidade, do cômputo de desaparecidos(as) e registro de adoecimento da população local frente ao desastre.
“O mesmo foi visto em Ilhota/SC, Blumenau/SC, Nova Friburgo/RJ e Teresópolis/RJ (retornando em 2018), com relação aos dados de saúde mental. Os(as) entrevistados(as) alertavam para a existência de subnotificação de óbitos autoprovocados e de adoecimento por transtornos mentais e comportamentais relacionados aos desastres, mesmo vivenciando em suas práticas profissionais o aumento desses casos”, relata a pesquisadora Aline Viana.
Serviços de Saúde
Como reforçam os pesquisadores, a disposição e oferta de serviços no âmbito do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e Sistema Único de Saúde (SUS) é insuficiente para traçar um panorama de resposta a desastres. Por outro lado, esses serviços dispõem de forte potencial, sobretudo, pela relação com a comunidade pela atuação no campo e conhecimento das famílias mais vulneráveis, de sua condição social e de saúde. Essas informações podem ser inclusas e sobrepostas às áreas de risco e suscetíveis a ocorrência de desastres.
Nesse sentido, os pesquisadores alertam que é urgente incluir capacitações dirigidas para promoção da autossegurança das famílias, sobretudo dos profissionais que atuam nos municípios, junto à população, a fim de fortalecer a gestão intersetorial de riscos e de desastres.
“Realizar estudos aprofundados e interdisciplinares sobre a afetação e recuperação nos desastres, auxilia para formação de uma visão mais ampliada da atuação intersetorial e interinstitucional, de modo a criar espaços de participação para que a população atingida em desastres possa opinar sobre seu próprio processo de recuperação, por meio de políticas públicas de recuperação no curto, médio e longo prazo”, explica Marchezini.
“No dia 25 de janeiro de 2023, a catástrofe associada ao rompimento da barragem em Brumadinho, Minas Gerais, completou quatro anos. É preciso relembrar que os desastres não são naturais e dar visibilidade aos processos de recuperação ou abandono em desastres”, recomenda Marchezini, que publicou um livro eletrônico gratuito sobre processos de recuperação em desastres.
O artigo científico na íntegra está disponibilizado no link abaixo:
Acesso gratuito aos E-books:
1. E-book gratuito "Desastre e o caos velado: o enfrentamento individual, interpessoal e coletivo de idosos e familiares"
Autora: Aline Silveira Viana
https://play.google.com/books/reader?id=gQw3EAAAQBAJ&pg=GBS.PA1&hl=en
2. E-book gratuito "Processos de recuperação em desastres: discursos e práticas"
Autor: Victor Marchezini
https://play.google.com/books/reader?id=Wy_DIgAAAEAJ&pg=GBS.PA0
Fonte: Ascom/Cemaden
Cemaden participa do Programa Futuras Cientistas, abordando a redução de risco de desastres relacionados ao clima
Durante cinco semanas de “Imersão Científica 2023”, no período de 03 a 31 de janeiro, oito participantes do ensino médio do Programa Futuras Cientistas, da região Sudeste, receberam conhecimento científico do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden)- unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI).
Para integrar a etapa de imersão científica, o Cemaden propôs o plano de trabalho intitulado “Toda menina pode se tornar uma cientista que contribui com a redução de desastres relacionados ao clima”. Incluiu, nesse plano, atividades virtuais teórico-práticas, como palestras, oficinas e vivências na sala de monitoramento e alertas de desastres, com a participação de sete alunas e uma professora do ensino médio. Foram dados módulos sobre Introdução à Ciência dos Desastres; Pesquisa e Desenvolvimento; Monitoramento e Alerta; Redação, Divulgação e Comunicação Científica e o encerramento com apresentação dos trabalhos.
“O objetivo foi o de aproximar o Cemaden das alunas e professoras do ensino médio. Foram feitas aulas virtuais e híbridas, houve visita no Cemaden de algumas participantes, abordando o Sistema de Alerta: Análise das áreas de risco, Monitoramento e previsão, Resposta e Comunicação, destaca a pesquisadora do Cemaden, Viviana Aguilar Muñoz, coordenadora do Programa Jovens Cientistas no Cemaden.
Durante a Imersão Científica, houve a participação de pesquisadores e gestores do Cemaden, abordando diversas áreas da ciência sobre sistema de alerta e redução do risco de desastres socioambientais. “A nossa imersão científica no Cemaden é uma medida educacional que já teve resultados pelas capacidades adquiridas pelas futuras cientistas”, informa a pesquisadora.
Participação do Cemaden Educação no Programa Futuras Cientistas
A equipe de pesquisadoras(es) do Programa Cemaden Educação participou dessa iniciativa da “Imersão Científica” do Programa Futuras Cientistas.
Por meio da disseminação de metodologias que incentivam a ciência cidadã para a redução de riscos de desastres, a equipe do Cemaden Educação ofereceu oficinas pedagógicas para a disseminação de metodologias que incentivam a ciência cidadã para a redução de riscos de desastres.
O Programa Futuras Cientistas é um programa do Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (Cetene) que estimula o contato de alunas e professoras da rede pública de ensino com as áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática, a fim de contribuir com a equidade de gênero no mercado profissional.
Mais informações: gov.br/cetene
Fonte: Ascom/Cemaden
Cemaden desenvolve atividades educativas na programação “Férias no Museu Interativo de Ciências”, em São José dos Campos
O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden)- unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) – participou, no último dia 26 de janeiro, da programação especial de Férias no Museu Interativo de Ciências (MIC), promovida pela Prefeitura Municipal de São José dos Campos (SP).
Pelo Programa Cemaden Educação e por projetos educacionais do Cemaden, foram ministradas cinco oficinas com a participação de cerca de 30 crianças de variadas idades, acompanhantes e de professores de escolas.
As atividades desenvolvidas por jogos (Tabuleiro Vale do Risco, Minitrunfo e Quem) - utilizando tecnologias educacionais inovadoras - ofereceram uma abordagem interdisciplinar na redução de risco de desastres socioambientais. Essas oficinas foram coordenadas pela pesquisadora do Cemaden, Sílvia Saito, com o apoio dos tecnologistas de monitoramento da Sala de Situação do Cemaden: meteorologista Carla Prieto e da hidróloga Graziela Scofield, além da participação do analista em Ciência e Tecnologia, Renato Lacerda, da Coordenação de Relações Institucionais.
Ainda, na área de conscientização de riscos de desastres socioambientais e de ciência cidadã, foram desenvolvidas as atividades Jogo na Trilha do Risco e a Oficina de Construção de pluviômetros de baixo custo (com garrafa PET). Essas oficinas foram coordenadas pela equipe de pesquisadores do Cemaden Educação: Débora Olivato, Antonio Fernando Guerra, Patrícia Matsuo e Carolina Esteves. Os jogos fazem parte do conjunto de atividades disponíveis no site do Cemaden Educação ( http://educacao.cemaden.gov.br/).
Fonte: Ascom/Cemaden
Pesquisadores brasileiros fazem recomendações, analisando as repentinas inundações e deslizamentos de terra em Recife (PE), após fortes chuvas ocorridas em maio de 2022
Com base no evento extremo ocorrido em maio de 2022, em Pernambuco e nordeste brasileiro, provocando a morte de 130 pessoas, foi realizado um trabalho científico analisando esse evento e apontando que, devido às mudanças climáticas, a probabilidade de eventos mais extremos não pode ser ignorada. Esses eventos climáticos extremos associados ao adensamento populacional urbano aumentaram a urgente necessidade de investimentos em serviços climáticos, no trabalho integrado entre população, instituições estaduais e federais e governo em todos os níveis.
Os estudos fazem recomendações para a efetiva conscientização, prevenção e gestão do risco de desastres no Brasil. Os pesquisadores destacam que o monitoramento eficiente da previsão de risco também é necessário. A gestão de riscos só será viável com a participação de todos, o que requer educação e mudança cultural.
Com o título “ Flash floods and landslides in the city of Recife, Northeast Brazil after heavy rain on May 25–28, 2022: Causes, impacts, and disaster preparedness” ( Inundações repentinas e deslizamentos de terra na cidade de Recife, Nordeste do Brasil, após fortes chuvas de 25 a 28 de maio de 2022: causas, impactos e preparação para desastres), o artigo científico analisando esse evento foi publicado em janeiro deste ano (2023), no jornal científico internacional da Elsevier - Weather and Climate Extremes (Clima e extremos climáticos),
Os deslizamentos catastróficos e inundações repentinas desencadeadas pelas chuvas excepcionalmente fortes, ocorridas no final de maio ao início de junho de 2022, nos estados de Pernambuco, Alagoas e Paraíba, provocaram a morte de 130 pessoas. Assim como ocorre no mundo, esses eventos demonstraram a vulnerabilidade da capital e demais distritos da Região Metropolitana de Recife (Pernambuco), frente aos extremos da variabilidade climática. Em 28 de maio de 2022, quase 17% de toda a área urbana do Recife foi atingida por enchentes. As fortes chuvas afetaram 130 mil pessoas, conforme dados da Defesa Civil de Pernambuco.
Os estudos foram coordenados pelo climatologista José Marengo, coordenador-geral de Pesquisa e Desenvolvimento do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) – unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) e do Programa de Graduação de Pós-graduação em Desastres da Universidade Estadual Paulista (Unesp/Cemaden), com os seguintes pesquisadores co-autores: E.Alcântara (Programa Unesp/Cemaden); Ana Paula Cunha (Cemaden e Programa Unesp/Cemaden); Marcelo Seluchi (coordenador-geral de Operação e Modelagem do Cemaden); Carlos Antonio Nobre (Programa Unesp/Cemaden e do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo –IEA-USP); Giovanni Dolif (Cemaden); Demerval Gonçalves (Cemaden); Mariane Assis Dias (Cemaden); Luz Adriana Cuartas (Cemaden e Programa Unesp/Cemaden); Fabiani Bender (Cemaden), Andrea Ramos (Instituto Nacional de Meteorologia–INMET); J.R.Mantovani(Programa Unesp/Cemaden); Regina Alvalá (coordenadora de Relações Institucionais do Cemaden e Programa Unesp/Cemaden) e Osvaldo Moraes (diretor do Cemaden e Programa Unesp/Cemaden).
Chuvas em Recife entre 25 e 30 de maio de 2022
A precipitação total na cidade do Recife nos dias 25 a 30 de maio foi de 551 mm, 140 mm acima da média do mês de maio. A chuva foi mais intensa nos dias 25 e 28 de maio, com 100–200 mm e 151–250 mm, respectivamente. Isso coincidiu com os distúrbios das ondas de leste.
O dia que mais choveu foi em 28 de maio, devido a uma frente fria significativa. Catorze municípios da região metropolitana do Recife declararam estado de emergência. Segundo a Defesa Civil de Pernambuco, a chuva afetou 130 mil pessoas no local. A maior parte da forte precipitação caiu sobre áreas com vulnerabilidade geológica média a muito alta a deslizamentos de terra e eventos hidrológicos extremos .
“ O aquecimento do planeta aumentou a intensidade das chuvas. Eventos de chuva tão raros como esses, se tivessem ocorrido em um clima 1,2º C mais frio, provavelmente teriam sido aproximadamente um quinto menos intensos”, explica o climatologista José Marengo, do Cemaden.
O estudo aponta que para reduzir os impactos adversos dos desastres relacionados ao clima, apoiar as decisões de gestão de recursos e melhorar os resultados são necessários serviços climáticos, sistemas completos de alerta e investimentos sustentáveis. “Os sistemas existentes ainda não são adequados.Portanto, mais investimentos – e investimentos direcionados com mais precisão em serviços climáticos - são necessários para fortalecer os sistemas de alerta e o apoio à decisão para adaptação em áreas sensíveis ao clima.”, destaca Marengo.
Áreas de risco de desastres climáticos no Brasil
O Brasil tem cerca de 3.000 km2 de áreas vulneráveis a risco de desastres climáticos predominantes. Essas áreas foram recentemente determinadas como de alto e muito alto risco de deslizamentos de terra, inundações e inundações repentinas.
Pelo menos 825 municípios são criticamente vulneráveis a desastres. Das 8.266.566 pessoas em maior risco, cerca de 75% estão em áreas suscetíveis a deslizamentos de terra ou deslizamentos combinados a inundações. Essa população enfrenta considerável vulnerabilidade, conforme Censo do IBGE de 2010.
Entre 1º de janeiro de 2013 e 5 de abril de 2022, os desastres naturais causaram US$ 67 bilhões em prejuízos em todo o Brasil.
O artigo completo “ “ Flash floods and landslides in the city of Recife, Northeast Brazil after heavy rain on May 25–28, 2022: Causes, impacts, and disaster preparedness” está disponibilizado no link abaixo:
Fonte: Ascom/Cemaden
Cemaden analisa as chuvas extremas de 2021, ocorridas no norte de MG e sul da BA, com abordagem no monitoramento e alertas
Um estudo científico realizado por pesquisadores de diversas áreas do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) – unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) - avalia as condições meteorológicas em novembro-dezembro de 2021, em especial de 22 a 29 de dezembro, ocorridas na região do sul da Bahia e norte de Minas Gerais, quando choveu até 300 mm acima da média. Analisando as inundações agravadas por eventos extremos de chuvas, o estudo discute o monitoramento e emissão de alertas de risco desses desastres pelos órgãos governamentais, que ajudaram a reduzir fatalidades e minimizar danos e perda de propriedade.
O estudo aponta que as chuvas extremas recordes aumentaram em todo mundo na última década, algumas provavelmente são consequência das mudanças climáticas. Porém, as vulnerabilidades a desastres naturais - como inundações e deslizamentos – aumentaram devido ao aglomerado da população em áreas suscetíveis a inundações, além do uso insustentável da terra em áreas urbanas e rurais.
O artigo científico foi divulgado, no dia 20 janeiro deste ano (2023), na publicação internacional da Natural Hazards da Springer Nature - com o título “ Heavy rainfall associated with floods in southeastern Brazil in November–December 2021” ( Fortes chuvas associadas a enchentes no sudeste do Brasil em novembro-dezembro de 2021). Os estudos coordenados pelo climatologista José Marengo, coordenador-geral de Pesquisa e Desenvolvimento do Cemaden, tiveram a participação dos pesquisadores de variadas áreas do Cemaden, de pesquisadora do INMET-Instituto Nacional de Meteorologia e de pesquisador da Universidade Estadual de Maringá-UEM.
ZCAS
A Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) - um dos principais sistemas meteorológicos causadores de chuvas na região Centro-Oeste e Sudeste do Brasil (corredor de nuvens desde o sul da Região Amazônica até o Oceano Atlântico) – foi anormal no período mais chuvoso, entre os dias 22 e 29 de dezembro de 2021.
Houve uma convecção intensa (transferência de calor), em movimento vertical ascendente e convergência de umidade. Com essa convergência de umidade ocorreu o “choque” de ventos vindos de direções opostas nos baixos níveis da atmosfera. A convergência de ventos normalmente está associada a uma convergência de umidade e movimentos ascendentes do ar, que formam as nuvens e as chuvas.
A ZCAS em uma atmosfera úmida com extensa precipitação e solo saturado, atuando por vários dias, produziu anomalias significativas de umidade aliadas a constantes movimentos verticais e grandes áreas de convergência de baixo nível. Com várias outras associações de fenômenos climáticos ocorreu a precipitação anômala.
Impactos e o monitoramento das chuvas extremas de 2021
Em 28 de dezembro de 2021, o governo da Bahia informou que 471.009 pessoas foram afetadas pelas fortes e persistentes chuvas nos últimos 30 dias daquele período. Cerca de 62.796 pessoas foram deslocados de suas casas. As fortes chuvas desencadearam inundações extremas, levaram ao colapso de duas barragens, além de causar enormes perdas econômicas.
Um total de 92 alertas hidrológicos foram emitidos pelo Cemaden para as regiões do sul da Bahia e norte de Minas Gerais , entre os dias de 22 até 29 de dezembro. Nessas mesmas regiões, foram registradas 45 ocorrências de enchentes durante esse período, concentrando o alto risco de inundação nos dias 24 e 25 de dezembro.
O monitoramento do Cemaden melhorou a previsão do quadro da situação meteorológica e hidrológica, tendo identificadas e monitoradas as chuvas muito fortes. Como resultado, o alto risco de inundação foi melhor previsto e a população foi avisada. Desse modo, diminuiu-se, consideravelmente, os impactos e perdas de vidas, comparada ao evento de 2011, no Rio de Janeiro.
O Cemaden, com o auxílio de outros órgãos federais - como o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e o Serviço Geológico Brasileiro (CPRM) - identificou riscos hidrológicos altos e muito altos de enchentes na região. Nesse momento, boletins diários de risco hidrológico do Cemaden foram enviados ao Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad), que comunicou essa previsão às polícias civil, municipal e estadual e serviços de emergência.
Os Boletins diários de Previsão de Risco, elaborados pelo Cemaden, indicaram risco moderado para as localidades do sul da Bahia até o dia 22 de dezembro. Até o dia 23 de dezembro, a área com alerta de risco se estendeu ao norte de Minas Gerais e ao Espírito Santo.
Uma previsão de alto risco de inundações para o sul da Bahia e norte de Minas Gerais foi feita no dia 24 até 25 de dezembro. Esse alto risco se estendeu a grandes partes dessa região, permanecendo no sul da Bahia até 30 de dezembro. Esses boletins de Risco Geo-Hidrológicos estão disponíveis, diariamente no site do Cemaden, podendo ser acessados pelo link https://www.gov.br/cemaden/pt-br/assuntos/riscos-geo-hidrologicos
Panorama mundial das inundações entre 2000 e 2019
Globalmente, as inundações são o tipo mais comum de desastre. Representam 44% do total de eventos entre 2000 e 2019. As inundações afetaram mais pessoas do que qualquer outro tipo de desastre no século XXI.
Conforme dados do Escritório das Nações Unidas para Redução do Risco de Desastres (UNDRR), no geral, nas últimas duas décadas, uma média de quase 200 milhões de pessoas foram afetadas, todos os anos no mundo, por desastres relacionados ao clima. Em média, esses desastres causaram quase 60.000 mortes, anualmente, entre 2000 a 2019.
Eventos extremos no Brasil e na região Sudeste
No Brasil, o censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revela que 84% dos brasileiros vivem em cidades e aglomerados urbanos. A urbanização ocorreu em um ritmo caótico e não planejado e a frequência cada vez maior de eventos climáticos extremos pode piorar.
O aumento dos riscos meteorológicos, combinado com maior população vivendo em áreas de alto risco, desencadeia desastres como deslizamentos de terra e inundações.
O estudo do Cemaden aponta que mais de 5 milhões de pessoas, a maioria pobres e vulneráveis, vivem em áreas urbanas e rurais com alta densidade populacional, e centenas de milhares de famílias vivem precariamente em encostas instáveis .
Inundações e deslizamentos de terra representam 70% dos desastres naturais no Brasil, sendo que 90% estão na região Sudeste. Essa região inclui os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo.
Com sua alta população, o Sudeste também sofre as maiores taxas de mortalidade total pelos desastres naturais. As regiões metropolitanas de São Paulo e Rio de Janeiro são as maiores cidades do Brasil e o Sudeste da América do Sul têm visto um aumento na precipitação total anual e na frequência de eventos extremos de chuva.
Recomendações dos pesquisadores
Segundo a Organização Mundial de Meteorologia (OMM), a América do Sul está entre as regiões com maior necessidade documentada para fortalecer os sistemas de alerta. Os alertas de risco múltiplo, como os emitidos pelo Cemaden, são essenciais para uma adaptação efetiva em áreas em risco, vulneráveis ao clima, água e extremos climáticos.
Os pesquisadores do Cemaden destacam que, no Brasil, a redução do risco de desastres deve ser considerado um aspecto essencial das estratégias de governança de desastres.
Entre as recomendações feitas para a governança de desastres naturais estão o aprimoramento do planejamento estratégico, com foco em mitigação e adaptação; a manutenção expansão dos sistemas de monitoramento como os do Cemaden, além da inclusão de milhares de áreas de risco para o monitoramento, em regiões densamente povoadas.
Além disso, os pesquisadores recomendam a melhoria contínua dos modelos de computador (para o monitoramento), bem como o avanço das pesquisas de qualidade sobre riscos potenciais desencadeadores de desastres. Tudo isso, somado à cultura do entendimento entre a população e os governos locais sobre os riscos de desastres, provocados pelas fortes chuvas, principalmente, nas áreas suscetíveis à inundações, mitigando os impactos e fatalidades.
Coordenado pelo climatologista José Marengo, participaram dos estudos os pesquisadores do Cemaden : Marcelo Seluchi (coordenador-geral de Operação e Modelagem); Ana Paula Cunha; Luz Adriana Cuartas; Demerval Gonçalves; Vinícius Sperling, Andrea Ramos (do INMET-Instituto Nacional de Meteorologia);Giovanni Dolif; Sílvia Saito; Fabiani Bender; Tarcio Rocha Lopes (UEM-Universidade Estadual de Maringá); Regina Alvalá (coordenadora de Relações Institucionais) e Osvaldo Moraes (diretor do Cemaden).
A íntegra do artigo científico “ Heavy rainfall associated with floods in southeastern Brazil in November–December 2021” pode ser acessado no link abaixo.
Fonte Ascom/Cemaden
Pesquisador do Cemaden assume Regional da Sociedade Brasileira de Matemática Aplicada e Computacional
O pesquisador Leonardo Bacelar Lima Santos, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) – unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) - assumiu, recentemente, a coordenação da Regional da Sociedade Brasileira de Matemática Aplicada e Computacional (SBMAC), que engloba diversos municípios inseridos na Região Metropolitana de São Paulo e do Vale do Paraíba.
Leonardo B.L. Santos é físico pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e tem doutorado em Computação Aplicada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Entre 2019 e 2020, foi pesquisador visitante da Humboldt University, em Berlim/Alemanha. Desde 2014, é pesquisador do Cemaden, tendo atuado em iniciativas multidisciplinares envolvendo Física, Matemática e Computação, com aplicações em Meteorologia e Hidrologia.
“Fico feliz e honrado pela indicação. Há muito trabalho a ser feito, especialmente estimulando colaborações interinstitucionais, apoios a eventos e parcerias com empresas da região”, afirma o pesquisador do Cemaden e coordenador da Regional da SBMAC.
Sobre a SBMAC
Criada em 1978, a Sociedade Brasileira de Matemática Aplicada e Computacional (SBMAC) tem o objetivo de promover o desenvolvimento e a disseminação da Matemática Aplicada e Computacional no Brasil. Através das atividades que organiza e apoia, a SBMAC cria um ambiente propício para o intercâmbio de ideias e experiências entre professores(as), pesquisadores(as), estudantes e outros(as) profissionais das mais diversas áreas da Matemática Aplicada e Computacional.
Atualmente, a SBMAC possui 13 divisões regionais em todo o território nacional e formam comitês em áreas mais específicas da Matemática Aplicada, da Ciência Computacional ou de Aplicação da Matemática, para que os associados interessados possam formar grupos formais e organizarem seminários, simpósios, mini-simpósios em formato de eventos, webpages, projetos de pesquisa, entre outras iniciativas.
Atuação na SBMAC e eventos para 2023
Pela SBMAC, o pesquisador do Cemaden, Leonardo Santos, foi um dos proponentes e primeiro coordenador do Comitê Clima, Ambiente e Sustentabilidade, que conta com pesquisadores de diferentes áreas de atuação e regiões do País.
Em setembro de 2022, no congresso anual da SBMAC, pelo Congresso Nacional de Matemática Aplicada e Computacional (CNMAC), Santos apresentou o trabalho de seu aluno de Iniciação Científica pelo Cemaden, Vitor Yuchi, intitulado “Statistical analysis of data from Twitter and weather sensors” (Análise estatística de dados do Twitter e sensores meteorológicos). O trabalho recebeu um prêmio da Unisoma (empresa de Inteligência Artificial no Brasil), em reconhecimento pela qualidade e aplicabilidade da pesquisa.
Na agenda temática de Ciências Matemáticas Aplicadas a Desastres, Santos informa que no período de 23 a 28 julho de 2023, na cidade do Rio de Janeiro, será realizado o 34º Colóquio Brasileiro de Matemática. O evento está sendo organizado pelo Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), com apoio da Sociedade Brasileira de Matemática (SBM). Uma Seção Temática do evento será "Matemática das inundações e rupturas de barragens". A programação detalhada dessa seção temática será divulgada em breve.
“Vale ressaltar a forte multidisciplinaridade da nova Coordenação da Regional indicada pela SBMAC. Tenho graduação em Física com doutorado em Computação, e a vice-coordenadora, professora Erika Alejandra Rada Mora (Universidade Federal do ABC -UFABC), é Matemática com doutorado em Estatística. Ambos temos trabalhos na área ambiental, com interfaces nas temáticas relacionadas à saúde e às questões sociais”, destaca o pesquisador do Cemaden e coordenador da Regional do SBMAC, Leonardo Santos.
Fonte: Ascom/Cemaden
Impactos na agricultura, na hidrelétrica e ecossistemas causados pela seca na Bacia Paraná-Prata: a pior desde 1944
As atuais condições de seca na Bacia do Paraná-Prata são as piores desde 1944. Embora esta área seja caracterizada por uma estação chuvosa com pico no período de outubro a abril, o ano hidrológico 2020-2021 foi muito deficiente em chuvas. A situação estendeu-se até o ano hidrológico 2021-2022. A seca provocou impactos em diferentes setores socioeconômicos, além de afetar gravemente os ecossistemas, atingindo o sudeste do Brasil, norte da Argentina, Paraguai e Uruguai, onde as chuvas foram abaixo do normal.
O Relatório Técnico com os dados científicos foi publicado pela Joint Research Centre (JRC), serviço de ciência e conhecimento da Comissão Europeia. A pesquisa tem como título “ Extreme and long-term drought in the La Plata Basin: event evolution and impact assessment until September 2022 ” (Seca extrema e de longa duração na Bacia do Prata: evolução e impacto do evento avaliação até setembro de 2022). O trabalho científico teve a participação de pesquisadores do Brasil, pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden)- unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI)- em parceria com pesquisadores internacionais das seguintes instituições: EC-JRC - Joint Research Centre da Comissão Europeia; CIMA Research Foundation (ambas da Itália); SISSA- Sistema de Informações sobre Secas para o Sul da América do Sul (integrada por diversas instituições de países da América do Sul, inclusive o Cemaden) e a WMO- World Meteorological Organization (Organização Meteorológica Mundial- agência das Nações Unidas (ONU).
Seca de vários anos, desde meados de 2019, e seus impactos
Uma seca de vários anos afeta a Bacia do Prata, desde meados de 2019. A falta de chuvas, principalmente na parte superior da bacia, levou a uma diminuição considerável da vazão dos rios Paraguai e Paraná.
Chuvas abaixo do normal foram dominantes no sudeste do Brasil, norte da Argentina, Paraguai e Uruguai, sugerindo um início tardio e uma monção sul-americana mais fraca e a continuação de condições mais secas desde 2021. As monções são um fenômeno climático que provoca fortes chuvas e longas secas, durante diferentes períodos do ano, demarcando um tipo de variação climática.
Devido à sua prolongada duração e severidade, esta seca já teve inúmeros impactos em diferentes setores socioeconômicos e também afetou gravemente os ecossistemas. Isso inclui incêndios florestais, redução no rendimento agrícola e no transporte fluvial nos rios Paraguai e Paraná, além da significativa redução na produção de energia hidrelétrica. Os impactos regionais nos ecossistemas e na biodiversidade são graves, especialmente no Pantanal, uma das maiores áreas úmidas das Américas.
Em 2021, a seca da Bacia Paraná-Prata causou danos à agricultura e reduziu a produção agrícola, incluindo soja e milho, com efeitos nos mercados agrícolas globais. A situação da seca continuou em 2022 na região do Pantanal.
Ainda em 2021, as regiões sul e sudeste do Brasil enfrentaram suas piores secas em nove décadas, levantando o espectro de um possível racionamento de energia, devido à dependência da rede de usinas hidrelétricas.
“As condições meteorológicas e secas estiveram presentes na região no final de setembro de 2022, com anomalias de precipitação abaixo da média”, destaca o climatologista José Marengo, coordenador-geral de Pesquisa e Desenvolvimento do Cemaden. Explica que a anomalia da umidade do solo e as condições da vegetação são piores na parte inferior da Bacia do Prata. “Por outro lado, as partes superior e central da bacia apresentam recuperação parcial e temporária”, complementa Marengo.
Previsões conforme simulações
Os sistemas de modelagem sazonal prevêem, consistentemente, anomalias negativas de precipitação sobre a Bacia Paraná-Prata como uma resposta às anomalias negativas das temperaturas da superfície do mar no Pacífico tropical, associadas à condição de La Niña. Há grandes chances de que condições de La Niña prevaleçam pela terceira primavera e verão consecutivos (a última vez foi em 1998-2001). Da mesma forma, modos plurianuais a decadais de variabilidade climática estiveram em uma fase que favorece a seca na Bacia do Prata no período 2019/2020 até o atual momento.
Participaram da elaboração do relatório os pesquisadores do Cemaden/MCTI: o climatologista José Antonio Marengo- coordenador-geral de Pesquisa e Desenvolvimento, a hidróloga Luz Adriana Cuartas, o físico Osvaldo Luiz Leal- diretor do Cemaden e o meteorologista Marcelo Enrique Seluchi- coordenador-geral de Operação e Modelagem.
O acesso ao conteúdo da publicação do Relatório Técnico “ Extreme and long-term drought in the La Plata Basin: event evolution and impact assessment until September 2022 ” está abaixo :
Fonte: Ascom/Cemaden