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Teresópolis recebe sensores geotécnicos do Cemaden para monitorar riscos de deslizamentos
Instalação do prisma pela equipe do Cemaden no Morro do Rosário, em Teresópolis (RJ) (Foto: Ascom-Cemaden)
Instalação de prisma no Morro do Rosário, em Teresópolis (RJ), pela equipe do Cemaden com apoio da Defesa Civil municipal (Foto: Ascom-Cemaden)
Duas equipes dos Setores de Pesquisas e de Monitoramento do Cemaden estiveram em Teresópolis, nesta semana, concluindo a identificação dos pontos e instalação dos prismas no Morro do Rosário, nos Bairros Rosário, Pimentel e Perpétuo, além da Serra dos Cavalos. A força tarefa conta com a parceria da Defesa Civil municipal, dos técnicos da empresa dos equipamentos, além do apoio da comunidade local.
Aumentar a confiabilidade de monitoramento nas áreas suscetíveis a riscos de deslizamentos, aprimorando os estudos científicos sobre os processos e pontos críticos para a emissão de alertas com maior precisão são os objetivos do Projeto de Monitoramento de Morros para Prevenção de Riscos de Deslizamentos, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações.
Os trabalhos de instalação de 100 (cem) prismas e da Estação Total Robotizada (ETR), no município de Teresópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, foram iniciados com a reapresentação do projeto, pelo pesquisador e engenheiro geotécnico do Cemaden, Rodolfo Mendes, na sede da Secretaria da Defesa Municipal de Teresópolis, no último dia 19.
“É importante obter a autorização da comunidade local, onde serão instalados os equipamentos. O sucesso do projeto depende da compreensão dos moradores sobre esse monitoramento para prevenção dos riscos de deslizamentos, inclusive para a manutenção e preservação desses equipamentos.”, enfatiza Mendes, destacando a importância da parceria junto à Defesa Civil municipal.
“É um grande avanço para a população, que vai receber os alertas da Defesa Civil com maior precisão”, afirma o secretário municipal da Defesa Civil de Teresópolis, coronel Ricardo Leal, que participou da apresentação acompanhado do subsecretário, major Breno Correia e dos agentes comunitários.
Da equipe do Cemaden, além do pesquisador Rodolfo Mendes, participam da instalação dos sensores geotécnicos: o pesquisador e hidrólogo Márcio Mendes e os tecnologistas da área geodinâmica, Celso Graminha e Juliano Coelho. As instalações dos sensores geotécnicos estão feitas no Morro do Rosário, nos Bairros Rosário, Pimentel e Perpétuo e na Serra dos Cavalos. Previstas para terminarem no final de setembro, a instalação dos equipamentos nessas áreas abrangem a concentração de cerca de 60 mil habitantes.
Instalação do sensor geotécnico na torre da igreja
Sensor geotécnico (ETR) instalada na torre (lado direito) da Igreja de São Pedro, em Teresópolis (RJ) para o monitoramento de morros pelo Cemaden e prevenção de riscos de deslizamentos. (Foto: Ascom-Cemaden)
A Estação Total Robotizada (ETR) – equipamento que emite sinal e registra o retorno do sinal refletido pelos prismas – instalada em nove municípios do território brasileiro, geralmente, está fixada em órgãos públicos, como por exemplo, em unidades de saúde, hospital e escolas municipais.
Em Teresópolis, a novidade é que essa ETR foi instalada em uma das torres da Igreja de São Pedro, no bairro do mesmo nome. Inaugurada no início da década de 1950, a igreja, atualmente, passa por uma reforma para ser reinaugurada no mês de outubro.
O apoio e permissão do padre Agnaldo Andrade dos Santos para a instalação de um equipamento na torre da igreja foram fundamentadas pela sua compreensão da importância desse monitoramento para salvaguardar vidas. Ele próprio vivenciou a tragédia ocorrida no município, na região dos bairros de Posse e Campo Grande, em 2011. Como sacerdote, na época, ajudou a população, tanto na logística de alimentação e roupas, como no apoio emocional e espiritual.
“O que mais me impressionou como sacerdote foi a solidariedade e o apoio mútuo da população. As pessoas se colocavam no lugar da outra e compartilharam a vivência da tragédia, procurando ajudar dia e noite no salão paroquial.” , afirma o padre Agnaldo. Ele reforça que o reconhecimento da instalação do sensor geotécnico irá complementar essa outra função da igreja de salvaguardar vidas: “As sirenes de alerta estão instaladas na igreja e o nosso salão paroquial é um ponto de apoio para a população nos momentos críticos provocados pelos desastres naturais.”
Acompanhado por moradores, equipe do Cemaden visita a área onde ocorreu a tragédia de 2011
Geólogo do Cemaden, junto aos moradores que vivenciaram o desastre de 2011, em Teresópolis (RJ), observando o nível de terra depositado no estabelecimento comercial, resultado da inundação com detritos do Rio Paquequer (Foto:Ascom-Cemaden)
Casas destruídas na região de Posse e Campo Grande, em Teresópolis, com as marcas do desastre de 2011 e a identificação da interdição oficial (à direita). (Foto: Ascom-Cemaden)
Em janeiro deste ano, a tragédia da região serrana do Rio de Janeiro completou 5 anos. Foi considerado o evento de maior impacto provocado por inundação e deslizamentos de massa, com o maior número de vítimas registrados no país. Após esse evento, o governo federal criou o Cemaden, em julho de 2011, para monitorar os municípios considerados prioritários- mapeados com as áreas de riscos. A missão do Cemaden é o de monitoramento e emissão alertas de riscos de desastres naturais, com o objetivo de prevenir e minimizar os impactos socioambientais desses eventos.
Teresópolis foi um dos municípios da região serrana do Rio de Janeiro mais impactado pelas inundações e deslizamentos de terra, rochas e árvores. A devastação dos bairros de Posse e Campo Grande ( cerca de meia hora do centro de Teresópolis), na área por onde passa o Rio Paquequer, ainda mantém algumas marcas da tragédia. A equipe do Cemaden foi acompanhada por duas testemunhas que vivenciaram a tragédia.
Membro da equipe da Defesa Civil, Reimy Rodrigues da Silva, de 75 anos, nasceu e viveu nessa região, participando na ajuda e resgate das pessoas. Na época, vivia em uma granja, mais acima do local atingido pelo desastre, trabalhando como motorista e também voluntário da Defesa Civil. Não sabe o número exato de familiares que perdeu no evento, mas estima cerca de 50 parentes. Como presidente da Associação de Moradores, conhecia toda a comunidade. Antes da tragédia, seu cotidiano era ajudar nas emergências, transportando as pessoas da comunidade para os hospitais ou para ter a assistência de parto. “Perdi muitas pessoas amigas, que conhecia desde criança.”, afirma Seu Reimy, como é conhecido em toda a comunidade. “No desastre, trabalhamos por mais de uma semana, dia e noite, no resgate das pessoas.” Ele conta que, hoje, sempre que há uma chuva intensa, voltam aquelas cenas em sua memória.
Jorge Luís Quinteiro trabalha como construtor e é membro ativo dos eventos comunitários da Igreja de São Pedro. Na época do desastre de Teresópolis, ajudou a coordenar o cadastramento de mais de 600 pessoas e distribuição de cestas básicas no salão paroquial, por quase dois meses seguidos. “A cidade parecia uma área de guerra. O desespero era total. Sem comunicação, sem estradas e todos os voluntários trabalhavam virando a noite e dia para atender as famílias desabrigadas.”, lembra Quinteiro. Foi dele a iniciativa de acompanhar a equipe do Cemaden na área do desastre de 2011.
O tecnologista e geólogo do Cemaden, Celso Graminha, informou que em 2012, teve a oportunidade de visitar esse local, junto a uma equipe da instituição. Atualmente, apesar da área devastada estar tomada por mato, registrou e fez a observação sobre alguns resquícios da destruição, deixados pelos restos de construção, rochas e das árvores que ainda se mantém reclinadas pela força da inundação, composta por rochas e detritos. “Estar no local do evento, nos faz reforçar a conscientização da importante missão do Cemaden de salvaguardar vidas, no empenho de aprofundar as pesquisas e aprimorar a emissão de alertas.”, finaliza o geólogo do Cemaden.
Projeto de Monitoramento dos Morros para Prevenção de Deslizamentos
Além de Teresópolis, os sensores geotécnicos já foram instalados nos municípios de Mauá e Santos, no estado de São Paulo; em Blumenau, em Santa Catarina; Nova Friburgo e Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro; em Recife, no estado de Pernambuco; em Salvador, na Bahia e em fase de finalização no município de Angra dos Reis, também no Rio de Janeiro. Pelo projeto do CNPq, a primeira instalação desses equipamentos para monitoramento de riscos de deslizamentos foi em Campos do Jordão (SP).
A Estação Total Robotizada (ETR) é um sensor geotécnico que emite sinal infravermelho, o qual é refletido nos 100 prismas (ou espelhos) instalados nos morros e encostas do município. Esses sinais emitidos permitem captar até pequenas movimentações de terra dos morros, abrangendo uma área circundada de encostas em 360 graus, cobrindo até 2,5 km de extensão.
Os dados coletados pelos equipamentos serão enviados, via internet, ao Cemaden, possibilitando acompanhar e monitorar qualquer risco de deslizamentos das encostas. A partir das pesquisas, as informações e dados obtidos darão subsídios para aprimorar a emissão de alertas prévios de movimentos de massa com maior confiabilidade
Dentro do projeto de Monitoramento de Morros para Prevenção de Riscos de Deslizamentos, na primeira etapa, cada um dos nove municípios recebeu uma Estação Total Robotizada, acompanhada de 100 prismas.
A segunda etapa do projeto, serão instalados mais um conjunto de equipamentos de monitoramento, composto por 15 plataformas de coleta de dados. Cada plataforma é integrada por um pluviômetro e seis sensores de umidade do solo, que coletam dados sobre quantidade de chuvas acumuladas e de água no solo, complementando as informações sobre possíveis riscos de deslizamentos. Está em processo para a licitação dos serviços de instalação dos equipamentos dessa segunda etapa, com previsão para execução no primeiro semestre de 2017. ( Fonte: Assessoria de Comunicação do Cemaden)