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Secas sem precedentes na Bacia Amazônica são apontadas pelo Observatório Global da Secas
Causada pela falta de precipitação, várias ondas de calor e temperaturas acima da média, uma seca severa vem afetando a Bacia Amazônica, persistindo desde julho deste ano. A evolução espaço-temporal da seca indica um aumento na extensão e severidade.
O relatório foi divulgado pelo Observatório Global da Seca (Global Drought Observatório), do Serviço de Publicações do Centro Científico da União Europeia (JRC), no último dia 20. Os estudos tiveram a participação de cientistas brasileiros e internacionais, entre eles, a do climatologista Jose Marengo, coordenador-geral de Pesquisa e Desenvolvimento do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
O trabalho científico aponta que, em 2023, todos os países da Bacia Amazônica registraram as menores precipitações de julho a setembro em mais de 40 anos. Indicadores derivados de satélite mostram uma tensão generalizada na vegetação em toda a bacia, particularmente nas regiões sudeste e estendendo-se até a Bolívia. A umidade do solo foi gravemente afetada, com anomalias negativas em grande parte da região. Os impactos na hidrologia são enormes: os caudais dos rios são extremamente baixos, com muitos deles no valor mais baixo para a época. O risco de incêndios florestais está aumentando e é alto principalmente no centro-oeste do Brasil.
Regiões afetadas e os impactos
A seca afeta a navegação, com impactos também no abastecimento básico de alimentos e água. As previsões do caudal dos rios sugerem que estes impactos poderão agravar-se nos próximos meses.
“As previsões sazonais apontam para condições mais quentes e secas do que a média em toda a região amazônica, que são típicas de um evento El Niño forte a muito forte.”, afirma o climatologista Jose Marengo, do Cemaden.
Em agosto de 2023, a seca afetou principalmente a região amazônica ocidental do Brasil, bem como as regiões boliviana e peruana. Depois, em setembro, concentrou-se mais na região peruana, no sudoeste da Amazônia brasileira e na Amazônia boliviana. Em outubro de 2023, a situação se estendeu ao estado do Amazonas no Brasil.
Dos 62 municípios do estado do Amazonas (norte do Brasil), 59 – habitados por cerca de 590 mil pessoas – estão em estado de emergência devido aos graves impactos da seca. A seca também afeta as populações da região amazônica de países, além do Brasil, do Peru, Bolívia e Venezuela, entre outros.
Os estudos estão disponibilizados nos links:
https://publications.jrc.ec.europa.eu/repository/handle/JRC136439
Declaração sobre a seca amazônica de 2023 e suas consequências imprevistas
Evidências pelos dados científicos sobre a seca na região amazônica mostraram a vulnerabilidade do ecossistema amazônico e de sua população às mudanças climáticas. Dessa forma, foi elaborada uma Declaração sobre a seca amazônica, no início de dezembro, assinados por Flávia Costa, pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, (INPA) Manaus, da Coordenação PELD Manaus - Floresta Amazônica e pelo climatologista Jose Marengo, coordenador-geral de Pesquisa e Desenvolvimento do Cemaden, ambas instituições do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), resultado das discussões do Painel Científico para a Amazônia, no encontro realizado em Manaus.
No documento são explanados os padrões históricos e singularidade da seca de 2023, e das últimas décadas, o que pode acontecer em 2024 e a longo prazo, bem como consequências, impactos e as recomendações aos governos nacionais e locais que devem liderar a transição para a sustentabilidade e a resiliência climática. “A grave seca na Amazônia é uma crise humanitária e ecológica com implicações globais”, enfatiza o documento.
Para conhecer o conteúdo completo da Declaração sobre a seca amazônica de 2023, pode ser acessado o link abaixo.
Fonte: Ascom/Cemaden