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Relatório da OMM destaca a necessidade de fortalecer os serviços meteorológicos e hidrológicos para enfrentar extremos climáticos
Publicado, na última quarta-feira (8), pela Organização Meteorológica Mundial (OMM ou WMO, na sigla em inglês), o Relatório do Estado do Clima para América Latina e Caribe enfatiza a importância de mais investimentos em serviços meteorológicos e hidrológicos. A medida tem por objetivo reforçar as previsões e os alertas antecipados, em especial, devido a rápida intensificação dos eventos extremos.
“Os alertas antecipados são essenciais para prever e mitigar os efeitos de eventos extremos”, destacado no prefácio do relatório pela professora Celeste Saulo, secretária-geral da OMM.
“Essa seria mais uma medida de adaptação, porque o desastre gerado por extremos precisa de informação meteorológica e de previsão. Tudo isso é feito com dias de antecedência, não é feito no dia anterior”, explica o climatologista Jose Marengo, coordenador-geral de Pesquisa e Desenvolvimento do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden),
Eventos extremos e seus impactos socioeconômicos e ambientais
Consistente com a tendência global, a América Latina e Caribe 2023 também foi o ano mais quente já registrado. No primeiro semestre do ano, a região foi impactada pelo fenômeno La Niña e no segundo semestre pelo fenômeno El Niño. O relatório aponta que a região registrou 67 eventos extremos, sendo 55% relacionados com enchentes e 22% tempestades. Segundo Marengo, “os extremos estão se tornando mais extremos”.
Na América Latina e no Caribe, 2023 foi o ano mais quente já registrado. O relatório destaca, também, que muitos países da região sofreram perdas agrícolas, impactados pelos fenômenos meteorológicos e climáticos extremos, exacerbando a insegurança alimentar, especialmente em comunidades que dependiam da agricultura para a sua subsistência.
“Os extremos estão virando mais extremos e os impactos na população, na economia e nos ecossistemas estão cada vez mais intensos”, avalia Marengo sobre o conjunto de eventos registrados em 2023.
Nos últimos anos, as secas afetaram diferentes regiões do Brasil, impactando a segurança hídrica, alimentar e energética. Neste estudo, usamos o Índice Integrado de Seca (IDS), que combina um índice de seca baseado em meteorologia e um índice baseado em sensoriamento remoto, para avaliar os eventos de seca de 2011 a 2019 sobre o Brasil. Esse estudo e outros realizados por pesquisadores do Cemaden tem contribuído para a elaboração do relatório da OMM, na parte do Brasil.
Serviços meteorológicos na América Latina e no Caribe
Segundo a Organização Mundial de Meteorologia (OMM), dos 32 membros da entidade na América Latina e no Caribe, 16 prestam serviços meteorológicos “básicos ou essenciais”. Apenas 6% prestam serviços “completos ou avançados” para apoiar a tomada de decisões em setores sensíveis ao clima. De acordo com os parâmetros da OMM, que não foram detalhados, o Brasil se enquadra como provedor de serviços básicos.
“Os serviços meteorológicos em todos os países estão sofrendo cortes de orçamento e os serviços climáticos que oferecem, como previsão de tempo e clima para saúde, agricultura, estão cada vez mais escassos. Por isso, aparece essa necessidade de melhora a infraestrutura e a formação profissional”, analisa Marengo sobre a região em relação à recomendação da OMM.
Atualmente, O Cemaden está trabalhando para expandir o sistema de monitoramento de desastres e já ampliou de 1.038 para 1.133 municípios. O plano de expansão foi incluído no Novo PAC do governo federal para receber R$ 50 milhões em investimentos.
Nos últimos anos, pesquisadores do Cemaden têm contribuído com trabalhos científicos e dados climáticos do Brasil para os relatórios da Organização Mundial de Meteorologia (OMM), principalmente, no da América Latina e Caribe.
O Relatório do Estado do Clima para América Latina e Caribe pode ser acessado neste link.
Fonte: Ascom/Cemaden