Notícias
Projeto do “Programa Ciência na Escola” do Cemaden faz balanço das atividades desenvolvidas para prevenção de deslizamentos
O projeto desenvolve atividades coordenadas pelas equipes de pesquisadores do Projeto RedeGeo e do Programa Cemaden Educação, para construir uma estratégia de prevenção e percepção de risco de desastres - principalmente, de deslizamentos de encostas em áreas urbanas - com base no ensino de ciências, tecnologia e inovação. Pesquisadores do Cemaden, professores e alunos de Escolas e Universidade, além das Defesas Civis dos municípios de Santos e de Cubatão, participantes do projeto, apresentam suas experiências, desafios e estratégias.
Com foco na resiliência, a partir da coprodução e compartilhamento de conhecimentos científicos relacionados à prevenção e redução de risco de desastres, os participantes do projeto “Prevenção de deslizamentos se aprende na escola: ciência cidadã em redução de riscos de desastres” (dentro do “Programa Ciência na Escola”) apresentaram as experiências desenvolvidas junto às escolas e comunidades, voltados ao conhecimento de risco, monitoramento, comunicação de alertas e capacidade de resposta.
O encontro reuniu pesquisadores do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden)- unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI)- professores e estudantes bolsistas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp-Campus da Baixada Santista), professores e alunos bolsistas do ensino médio de escolas estaduais (Dep. Emílio Justo e Profª Maria Helena Duarte Caetano) dos municípios de Santos e de Cubatão, além das Defesas Civis Municipais dos dois municípios.
“A abordagem do projeto foi pela pesquisa transdisciplinar, na qual a educação científica e a comunicação pública da ciência permitem fornecer subsídios para elaboração de políticas públicas.”, destaca o coordenador do projeto, pesquisador e geólogo Márcio Andrade, coordenador também do Projeto RedeGeo do Cemaden. “A ciência cidadã a que se refere o projeto tem a participação pública na ciência, na coprodução de conhecimentos científicos realizada por cientistas profissionais e amadores”, afirma o pesquisador.
Estudantes usam redes sociais para divulgar e interagir o público com o projeto
As bolsistas Gabriella Forato Avancini e Lívia Sayumi Honda Kiguti, da Unifesp da Baixada Santista - responsáveis por ações de divulgação do projeto por meio do Facebook (#cienciacidadanaescola) e Instagram (@cienciacidadanaescola) - ressaltaram a importância da divulgação científica por meio do uso de redes sociais. As estudantes apresentaram dados de publicações e número de seguidores ao longo de 18 meses de manutenção desses canais, atingindo mais de 200 postagens em cada uma das redes.
Fazem parte das divulgações: os boletins semanais e mensais de dados pluviométricos em Santos e em Cubatão, as médias históricas de chuva em cada uma das cidades, além da previsão meteorológica para a cidade de Santos, realizada pelo meteorologista Franco Cassol, da Defesa Civil Municipal de Santos. Entre as atividades participativas, a realização de enquetes, para mais interação com os seguidores, bem como a divulgação de informações relativas ao projeto.
Instalação de equipamento na escola e incentivo à pesquisa científica
O professor Rafael Afonso Pellegrini de Almeida Lucas, da Escola Estadual Professora Maria Helena Duarte Caetano, na Cota 200, em Cubatão (SP), apresentou a recuperação histórica do surgimento do bairro, em 1938, quando a área foi escolhida para sede do alojamento de trabalhadores, durante a construção da rodovia Anchieta. Encravado na Serra do Mar, o nome Cota 200 foi originado pela delimitação da cota topográfica, associada aos 200 metros acima do nível do mar.
“Com a seleção da escola para instalação do equipamento de monitoramento geotécnico, no âmbito do Projeto RedeGeo, do Cemaden, surgiu a oportunidade de aproximar a prática pedagógica da proposta de pesquisa científica, dando origem a este projeto, que integra o Programa Ciência na Escola.”, destaca o professor.
Em parceria da Defesa Civil de Cubatão e apoio da direção e professores da Escola Estadual Maria Helena Duarte Caetano, do Bairro Cota 200 , em Cubatão, município paulista da Baixada Santista, após oficinas realizadas pelo Projeto da RedeGeo do Cemaden e pelo Programa Cemaden Educação, o professor Rafael Lucas iniciou atividades pedagógicas científicas com seus alunos, produzindo e instalando pluviômetros artesanais (feitas de garrafas PET), monitorando as chuvas de forma diária, quinzenal e mensal.
Monitoramento e metodologia científica realizadas pela estudante com apoio familiar
A aluna e pesquisadora Thalita Gabriele Batista de Jesus, Bolsista de Iniciação Científica Júnior, também da escola estadual de Cubatão, desde o início do projeto, compartilhou que as atividades desenvolvidas têm o apoio de toda sua família, a qual participa de alguma forma do projeto. Essa participação familiar é feita ou por meio da lembrança sobre o horário de medição, ou auxiliando no registro fotográfico do pluviômetro PET e, ainda, acompanhando as publicações nas redes sociais.
Com as anotações de dados realizadas dia após dia, foram criadas planilhas com os dados de precipitação semanais, mensais e, agora, anual, possibilitando a comparação histórica dos dados e comparação entre os equipamentos A disciplina envolvida no trabalho e a possibilidade de utilização prática das informações compiladas são o grande aprendizado envolvido com a participação no projeto.
Desafios e estratégias para superar os impactos da Covid-19 e do grande desastre de 2020 na Baixada Santista
A professora Cecilia Apolinário, da Escola Estadual Deputado Emílio Justo, na Vila Progresso, em Santos (SP), destacou os desafios de desenvolvimento do projeto, marcado pela pandemia de Covid-19 e pelos impactos sofridos diretamente pelas alunas que atuaram como bolsistas júnior. Mostrou as estratégias para superação dessas dificuldades a partir da busca por empatia e muito diálogo, mesmo com distanciamento social. Perdas e necessidades de adaptação acompanharam todo período do projeto, cujo início foi marcado por um grande desastre, em março de 2020, quando deslizamentos ocasionaram 44 mortes na Baixada Santista. Um novo bolsista júnior está em processo de se integrar na equipe, ao mesmo tempo em que atividades presenciais voltam a ser realizadas nas escolas, possibilitando um maior envolvimento da equipe escolar e dos demais alunos.
Defesas Civis de Cubatão e de Santos: difusão de conhecimentos beneficia alunos e comunidade
Cristina Cândido, coordenadora da Defesa Civil de Cubatão, e a arquiteta Pacita Franco, integrante da equipe da Defesa Civil de Santos, ressaltaram os aspectos de integração entre diferentes instituições – Cemaden, Universidade, Escolas e Defesa Civil – na elaboração e na difusão dos conhecimentos, algo que deveria ser mais comum, mas que requer um empenho, uma construção, que foi oportunizada por este projeto. Pacita Franco destacou a importância de aproximar a ciência dos alunos, despertando a oportunidade para o surgimento de novos cientistas. Segundo ela, o ganho principal é para a comunidade, por meio do conhecimento gerado, dos esforços de comunicação e sensibilização quanto a riscos de deslizamento, dando instrumentos para percepção do cidadão em relação ao seu entorno.
Pluviômetros artesanais apresentam potencial positivo para monitorar chuvas
O pesquisador do Cemaden, geólogo Daniel Metodiev, apresentou uma comparação entre os dados coletados ao longo do projeto a partir do pluviômetro artesanal e de pluviômetros automáticos instalados próximos aos locais de coleta em ambas os municípios. Analisou os aspectos de precisão possibilitados a partir dos pluviômetros de PET, instrumentos de custo praticamente zero.
Segundo o pesquisador do Cemaden, médias de erros relativos -obtidas a partir da comparação entre as medições feitas nos diferentes tipos de equipamentos- variaram de 5,9 mm, em Cubatão, e 7,6 mm, em Santos. “Esses erros podem ter diversas causas, como questões de interferência ambientais (como os equipamentos ficam expostos, podem sofrer algum tipo de interferência causada por quedas de folhas, por exemplo) ou também detalhes de localização e distância entre os equipamentos.”, explica Metodiev. No entanto, considerando-se as condições locais de limiares de chuva em 72 horas utilizados para envio de alertas, o pesquisador afirma que esses dados gerados a partir de pluviômetros PET mostram seu potencial positivo para auxiliar e complementar o monitoramento de chuvas.
Importância de envolver a sociedade para compreensão científica
O professor Fernando Ramos Martins, da Unifesp da Baixada Santista, destacou a importância de ações conjuntas de grupos de pesquisa, para potencializar a aproximação de alunos com os problemas reais da sociedade onde estão inseridos. “Envolver a sociedade na coleta de dados de base científica é um aspecto muito importante, não só por aproximar a pesquisa e o mundo científico dos estudantes de nível médio, mas por propiciar à sociedade o entendimento sobre a importância desses dados.”, enfatiza o professor, explicando que essa metodologia auxilia a promoção do bem-estar social, sobretudo para essas comunidades que vivem em áreas de risco.
Projeto dentro do Programa Ciência na Escola
Coordenado pelo pesquisador e coordenador do Projeto RedeGeo do Cemaden, Márcio Andrade, e pela pesquisadora do Programa Cemaden Educação, Rachel Trajber, o projeto “Prevenção de deslizamentos se aprende na escola: ciência cidadã em redução de riscos de desastres” faz parte do “Programa Ciência na Escola”, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). Foi aprovado no final de 2019 pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) à Chamada MCTIC/CNPq Nº 05/2019 – Programa Ciência na Escola - Linha 2 – Ações de intervenção em escolas de educação básica com foco em ensino de ciências.
O III Workshop do Projeto “Prevenção de deslizamentos se aprende na escola: ciência cidadã em redução de riscos de desastres”, foi realizado em outubro deste ano, com o objetivo de compartilhar os conhecimentos acumulados até a fase atual do projeto. A troca de percepções sobre os desafios enfrentados para desenvolvimento do projeto durante a pandemia, possibilitou estipular as perspectivas para o próximo ano, uma vez que o projeto teve sua vigência ampliada até o novembro de 2022.
Mais informações sobre o projeto e os participantes, está disponbilizado no endereço: http://www2.cemaden.gov.br/cemaden-desenvolve-o-programa-ciencia-na-escola-para-prevencao-de-risco-de-desastres-na-baixada-santista/
Fonte: Ascom Cemaden com equipe do Projeto RedeGeo