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Pesquisa do Cemaden sobre o tema Desastres e Antropologia é divulgada em publicação internacional
Abordando a temática “antropologia dos riscos e desastres”, pesquisador do Cemaden divulgou resultados de estudo que integrou o dossiê especial da Sociedade para Antropologia Aplicada. O dossiê contou com contribuições de pesquisadores de diferentes partes do mundo, incluindo estudos focando experiências em prevenção e mitigação de riscos e o processo de reconstrução e recuperação frente aos desastres que ocorreram em diversos países.
Pesquisa focando a análise sobre alguns aspectos de governança ao longo do processo de resposta, reconstrução e recuperação frente ao desastre de São Luiz do Paraitinga (SP) – município brasileiro atingido por inundações em janeiro de 2010 – foi tema da contribuição do pesquisador do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, sociólogo Victor Marchezini, cujo artigo intitulado “Biopolitics of disaster: power, discourses and practices” foi publicado recentemente na Revista Human Organization, da Sociedade para a Antropologia Aplicada (Society for Applied Anthropology).
O volume especial sobre “antropologia dos riscos e desastres” foi também divulgado na PreventionWeb, uma plataforma virtual à serviço do Escritório das Nações Unidas para a Redução do Risco de Desastres (UNISDR) e disponibilizada à comunidade que atua na redução do risco de desastres.
O volume especial – que reuniu uma coleção de documentos, levantamento de dados e informações detalhadas sobre desastres –inclui abordagens adotadas em diferentes contextos culturais associados ao pós-impacto de ameaças naturais – como do tufão Morakot em Taiwan no ano de 2009, do tornado de 2011 em Joplin (EUA), assim como das inundações de 2010 em São Luiz do Paraitinga (Brasil), entre outros. Pesquisadores de diferentes países analisaram como os governos e as sociedades adotaram estratégias para prevenir e mitigar os riscos, quais as vulnerabilidades vivenciadas e os modos como respondem e lidam com o processo de reconstrução e recuperação frente a desastres.
“É preciso reconhecer que desastres apresentam impactos de curto, médio e longo prazo, os quais demandam o desenvolvimento de estratégias de recuperação para os diferentes setores da economia. Faz-se necessário ainda reduzir os danos socioeconômicos e psicossociais vivenciados, promover a geração de trabalho e renda, além de avaliar as lições aprendidas, com o objetivo de reduzir os riscos de um novo desastre”, destaca o pesquisador e sociólogo do Cemaden.
Na abordagem adotada, Marchezini fez uma reflexão sobre o planejamento das ações de reconstrução, sugerindo a aplicação de consulta aos atingidos, por meio de audiências públicas deliberativas. Nesse contexto, destacou a demanda por levantamento de informações sobre as necessidades de reconstrução e recuperação dos sobreviventes, além da incorporação do princípio da transparência no decorrer do processo de recuperação, o que possibilitaria, também, o acompanhamento do cronograma das ações e da prestação de contas dos investimentos realizados. A participação dos afetados e sobreviventes na formulação de planos de reconstrução é essencial para que os mesmos possam ser sujeitos de seu próprio processo de recuperação. A reconstrução não deve contemplar somente as infraestruturas, mas deve incluir também as dimensões sociais e culturais, de modo que as pessoas afetadas não sejam abandonadas nos desastres.
Maiores informações sobre as publicações especificas abordando questões referentes à antropologia e desastres estão disponibilizadas nos links:
Society for Applied Anthropology: http://sfaajournals.net/
Revista Human Organization: http://sfaajournals.net/toc/humo/74/4
PreventionWeb (UNISDR)
http://www.preventionweb.net/publications/view/47092?&a=email&utm_source=pw_email