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Pesquisa do Cemaden propõe incluir metodologias participativas para análise do risco de desastres em cidades costeiras
Estudantes de pós-gradução Unesp/Cemaden em áreas de risco de inundação em zonas costeiras.
Unindo sensoriamento remoto e dados gerados por cidadãos, um estudo científico propondo participação comunitária para analisar os riscos de desastres em regiões costeiras acaba de ser publicado no International Journal of Disaster Resilience in the Built Environment.
Intitulado “Participatory analysis of disaster risk creation in Brazilian coastal cities: bridging remote sensing and citizen generated data” (Análise participativa da criação de risco de desastres em cidades costeiras brasileiras: unindo sensoriamento remoto e dados gerados por cidadãos), a pesquisa destaca a relevância da participação comunitária na identificação e coprodução de propostas de intervenções urbanas, voltadas à mitigação de riscos de desastres.
O estudo adotou uma abordagem integradora que combina tecnologias de sensoriamento remoto com o conhecimento local, e as percepções dos estudantes de arquitetura e urbanismo residentes na área investigada. Esses estudantes participaram da pesquisa-ação, por meio de um projeto de extensão universitária.
Liderada por Aloísio Lélis de Paula, a pesquisa é parte de sua tese no Programa de Pós-Graduação em Desastres, parceria entre Instituto de Ciência e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden)- unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e inovação. O coordenador da pesquisa também teve bolsa de doutorado da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
A publicação tem a participação do sociólogo Victor Marchezini, pesquisador do Cemaden/MCTI, e de Tatiana Sussel Gonçalves Mendes, docente do Programa de Pós-graduação em Desastres (ICT/Unesp-Cemaden). O desenvolvimento da metodologia de pesquisa foi auxiliado pela bolsa de pós-doutorado concedida a Victor Marchezini, pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo -Fapesp (Processo Fapesp 2018/06093-4).
Desastres históricos nas zonas costeiras
Nos últimos anos diversos desastres têm sido registrados em zonas costeiras, sendo o desastre ocorrido em São Sebastião (SP), um dos mais recentes. A este se somam outros desastres históricos: como o de 1967, que assolou o município de Caraguatatuba (SP), com mais de 500 mortes registradas em inundações e deslizamentos. Apesar desses desastres, são escassas as metodologias participativas que analisam a produção social dos riscos de desastres ao longo do tempo, como fruto de pressões dinâmicas associadas a modelos de desenvolvimento, tais como urbanização, especulação imobiliária, desmatamento, entre outros..
Metodologia da pesquisa
O objetivo da pesquisa foi analisar o processo social da construção do risco de desastre numa planície costeira. O estudo identificou o avanço da ocupação em áreas de riscos de desastres ao longo do tempo, por meio da análise de uma série histórica de imagens de satélite. As imagens revelaram que a urbanização entre 1985 e 2021 avançou sobre as áreas de risco às margens do rio, e esse crescimento desordenado é preocupante, pois muitas dessas áreas na planície costeira são propensas inundações, aumentando a vulnerabilidade das populações locais.
Além disso, a pesquisa destaca a importância de integrar diferentes formas de conhecimento, tanto técnico quanto empírico, para desenvolver soluções mais eficazes e sustentáveis. A colaboração entre a comunidade acadêmica, a gestão pública e os pesquisadores possibilitaram uma compreensão mais profunda dos desafios locais e das necessidades específicas, resultando em propostas de intervenções urbanas mais adequadas.
O artigo completo disponível na revista International Journal of Disaster Resilience in the Built Environment pode ser acessado pelo link:
Fonte: Ascom/Cemaden