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Pesquisa do Cemaden analisa os impactos socioeconômicos dos desastres na bacia do rio Paraíba do Sul
Pesquisadores ressaltam a necessidade de que as bacias hidrográficas sejam consideradas como unidades geográficas de gestão de risco de desastres, para assim fortalecer a institucionalidade e a cooperação.
O estudo realizado na Bacia do Rio Paraíba do Sul traz mais do que apenas estatísticas, mas alerta para uma ação urgente: repensar políticas públicas, fortalecer instituições e proteger vidas e meios de subsistência, identificando os impactos de desastres sobre os municípios da bacia e contrasta esses resultados com a realidade da capacidade dos municípios em gestão do risco.
O artigo intitulado "Impactos Socioeconômicos de Desastres na Bacia do Paraíba do Sul: Uma Análise de 2003 a 2022", recentemente publicado no Dossiê "Desastres" da revista Climacom da Universidade Estadual de Campinas, foi liderado pela economista Lucía Calderón, que é também bolsista PCI do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) – unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnología e Inovação (MCTI).
O trabalho científico contou com o apoio do pesquisador e sociólogo do Cemaden, Victor Marchezini, e da doutoranda Paula Oda, do Programa de Pós-Graduação em Ciência do Sistema Terrestre (PGCST/INPE). O estudo é um dos resultados do projeto COPE (Capacidades Organizacionais de Preparação para Eventos Extremos), que tem o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Processo: 22/02891-9), coordenado por Victor Marchezini.
“O cenário é desafiador, especialmente porque a região é composta em sua maioria por municípios de pequeno porte (menos de 5.000 habitantes), que carecem de instrumentos eficazes de prevenção.”, enfatiza o pesquisador do Cemaden, Marchezini. O estudo aponta que, apenas 32% dos municípios da bacia possuem medidas preventivas implementadas em seus Planos Diretores Municipais, o que revela uma vulnerabilidade institucional que merece atenção.
Apesar de ser caracterizada por uma presença majoritária (88,4%) de municípios com uma população menor de 50 mil habitantes, a bacia foi considerada a sexta maior economia do Brasil em 2020. A região enfrenta impactos significativos de desastres, especialmente no setor de serviços, essencial para a região, e que é particularmente vulnerável a enchentes e inundações. De 2003 a 2022, os prejuízos sofridos pelo setor privado alcançaram os R$ 4,119 bilhões, com representação de 56% do setor de serviços.
Com um total de 1.698 registros de desastres (em média quase 90 desastres por ano), predominantemente relacionados a eventos hidrológicos como inundações e enxurradas, o estudo destaca a vulnerabilidade humana na região. O ano de 2011, com mais de 900 vidas perdidas em Nova Friburgo e Teresópolis, é uma lembrança dolorosa dessa realidade, destaca o estudo.
O artigo intitulado “Impactos socioeconômicos de desastres na Bacia do Rio Paraíba do Sul: uma análise do período 2003-2022”, está disponível no endereço:
https://climacom.mudancasclimaticas.net.br/impactos-socioeconomicos/
Fonte: Ascom/Cemaden