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O papel dos radioamadores na fase de resposta aos desastres é abordado na Série de Debates do Cemaden
Especialistas e profissionais de gestão de risco de desastres debateram sobre a participação dos radioamadores na manutenção e apoio pelo sistema de comunicação, fundamental para ações imediatas de socorro e assistência à população, atingida por desastres socioambientais.
A discussão sobre a temática "A comunicação na fase de resposta aos desastres: o papel dos radioamadores" foi promovida pela Série de Debates “Ciência, Riscos e Desastres”, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) – unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) - transmitido pelo Canal YouTube da Série de Debates do Cemaden, na última quinta-feira (12).
Na abertura, houve a participação do Cel. Alexandre Lucas, da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec/MDR) que ressaltou a importância do debate para o fortalecimento das ações das Defesas Civis municipais.
Os debates e relatos de experiências de várias regiões do Brasil foram mediados pela pesquisadora do Projeto ELOS do Cemaden, Eloísa Belling Loose, com a participação Marco Muller, do Instituto de Estudos Estratégicos em Defesa Civil de Portão (RS); de Luiz Cláudio Rosa, da Cruz Vermelha de Nova Friburgo (RJ); de Foster Brown, da Universidade Federal do Acre (Ufac) e de Ruíter Sansão, da Defesa Civil de Campina Grande (PB).
“A comunicação é o principal componente atingido em decorrência de desastres, pela falta de energia elétrica. Por isso, é importante o voluntariado exercido pelos radioamadores em apoio às Defesas Civis.”, afirma Ruíter Sansão, da Defesa Civil de Campina Grande (PE). Ele enfatiza, também, a importância do sistema de comunicação estar inserido no Plano de Contingência de Desastres, além do necessário conhecimento pelas Defesas Civis dos conceitos e linguagens utilizadas pelos radioamadores. Mostrou ser essencial integrar outros setores do radioamadorismo no sistema de voluntariado, como os taxistas e caminhoneiros.
“Nos primeiros três dias da tragédia da Região Serrana do Rio de Janeiro, ocorrida em 2011, o sistema de comunicação entrou em colapso. Durante as ações de socorro, as informações ou chegavam atrasadas ou incompletas.”, afirma Luiz Cláudio Rosa, da Cruz Vermelha de Nova Friburgo (RJ). Explica que, por essa experiência, todos viram a importância do radioamadorismo para o sistema de comunicação nos desastres. Informou que no estado do Rio de Janeiro foi criado a Rede Salvar, onde várias entidades, inclusive associações e clubes de radioamadores, estão inseridas para colaborar com as Defesas Civis. Relatou que essa rede foi eficaz no enfrentamento nos eventos extremos, como a seca e o sistema de abastecimento de água da população.
A dificuldade de comunicação enfrentada pelos bombeiros no incêndio florestal de 2005, que atingiu 350 mil hectares de florestas, na região do Acre e oeste da Amazônia, foi o que motivou o cientista ambiental e de eventos extremos, Foster Brown (Universidade do Acre) a estudar e a exercer o radioamadorismo. “Sem comunicação não têm ações de resposta. Precisamos utilizar essa ferramenta e outras, como o uso do satélite, para ajudar na comunicação.”, afirma o pesquisador, relatando outra experiência, em 2012, com a grande inundação na região fronteiriça entre Brasil e Bolívia. Nessa ocorrência, a torre de transmissão foi afetada, deixando a região isolada e sem internet, durante cinco dias. Destacou, também, a importância de inserir a participação dos jovens no voluntariado e sistema de comunicação, aproveitando as ferramentas e tecnologias, entre elas, o acesso ao satélite.
“Toda Defesa Civil municipal deveria ter um rádio dentro da sede, pela facilidade da ferramenta básica de comunicação para ações decisivas para as respostas condizentes aos desastres”, afirma Marco Muller, do Instituto de Estudos Estratégicos em Defesa Civil, de Portão (RS). Também, destacou que os radioamadores nem sempre estão cadastrados junto às Defesas Civis. Apontou, como estratégias fundamentais, as parcerias que podem ser realizadas com outras entidades que utilizam o rádio na comunicação. Citou, como exemplos: o Clube do Jipe, acostumados a situações extremas de deslocamento, além das parcerias com e quartéis locais do Exército, Marinha ou Aeronáutica, que em forma de convênio, podem colaborar com capacitação no sistema de comunicação pelo rádio junto às Defesas Civis municipais.
O debate na íntegra da temática “A comunicação na fase de resposta aos desastres: o papel dos radioamadores" está disponibilizado no Canal YouTube da Série de Debates do Cemaden, pelo link:
https://www.youtube.com/watch?v=nKRrSZT5UBM
Série de Debates do Cemaden
Promover o intercâmbio científico e ampliar os debates e pesquisas sobre monitoramento e redução de riscos de desastres têm sido os objetivos principais da Série de Debates “Ciência, Riscos e Desastres”, instituída, desde 2013, pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI)
Os debates abordam temas interdisciplinares, associados às áreas de gestão de risco de desastres. Nessas discussões, também são convidados pesquisadores (as) de outras instituições científicas e de universidades, tanto nacionais como internacionais, além de representantes dos três níveis de governo. Também, participam dos debates representantes de entidades não governamentais. O objetivo é fortalecer a interface entre ciência e formulação de políticas públicas para prevenção e redução do risco de desastres.
A lista das temáticas e participantes de todos os debates realizados neste ano (2021), está disponibilizada pelo link : https://www.gov.br/cemaden/pt-br/paginas/serie-de-debates-201cciencia-riscos-e-desastres201d
Projeto ELOS e a Série de Debates
Neste ano (2021), a Série de Debates vem promovendo discussões com temáticas do Projeto ELOS – desenvolvido pela Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec), do Ministério de Desenvolvimento Regional (MDR), em parceria com o Cemaden/MCTI, visando elaborar uma proposta de fortalecimento da implementação da Política Nacional de Proteção e Defesa Civil nos municípios brasileiros. A coleta e análise das informações e dados do Projeto ELOS estão sendo desenvolvidas pela equipe de pesquisadores do Cemaden, aplicando metodologias científicas, coordenado pelo pesquisador e sociólogo Victor Marchezini do Cemaden/MCTI.
Evento “Encontros da Ciência e Comunicação” na Série de Debates
A equipe do Projeto ELOS do Cemaden e a Série de Debates darão o apoio na realização do evento “Encontros da Ciência e Comunicação”, dentro da Programação dos 10 Anos do Cemaden.
O evento será realizado nos próximos dias 31 de agosto e 01,09 e 15 de setembro - com transmissão às 15 horas, pelo Canal YouTube da Série de Debates do Cemaden - reunindo pesquisadores, jornalistas, professores universitários, profissionais e representantes de instituições, atuantes na gestão e na redução do risco de desastres.
Fonte: Ascom/Cemaden