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Pesquisa mostra risco de aumento de incêndios florestais no sudoeste da Amazônia, mesmo com anos de chuva média na região
Uma pesquisa de mapeamento de cicatrizes de queimadas no período entre 2016 e 2019, em áreas já desmatadas e na floresta intacta, no estado do Acre, sudoeste da Amazônia, mostra que o fogo e o desmatamento ocorreram em áreas protegidas, culminando na intensificação desses processos no ano de 2019. Os resultados apontam o risco do aumento de incêndios florestais nesse estado, mesmo durante anos de registro de chuvas médias na região.
O estudo publicado na revista científica internacional da editora Elsevier com o título “Burning in southwestern Brazilian Amazonia, 2016–2019” (Queimando no sudoeste da Amazônia brasileira, 2016–2019) foi liderado pela pesquisadora Sonaira Souza da Silva, do Laboratório de Geoprocessamento Aplicado ao Meio Ambiente (LabGAMA), da Universidade Federal do Acre (UFAC). “É importante ressaltar que foi mostrado que o clima não foi um fator determinante da temporada de incêndios de 2019”, afirma a pesquisadora, alertando sobre a necessidade de maior fiscalização e legislação mais rigorosa.
As queimadas mapeadas em áreas já desmatadas totalizaram 550.251 ha. Além disso, foram mapeados três incêndios florestais, totalizando 34.084 ha, relacionando o fogo ao desmatamento. Os padrões espaciais e temporais mostraram a proeminência dos incêndios de 2019 e a propensão de um determinado local ser queimado mais de uma vez. Também foram encontradas correlações significativas no desmatamento e sem relações com o deficit hídrico, que é uma medida de quanto a floresta encontra-se seca e, portanto, mais vulnerável à entrada do fogo.
Nesse estudo, as queimadas em áreas já desmatadas foram definidas como cicatrizes de incêndio em áreas sem mata nativa – cobertas por pastagem, agricultura- ou solo descoberto, em áreas de vegetação nativa ou secundária, recentemente desmatada. O mapeamento das áreas queimadas foi baseado na classificação supervisionada das imagens do satélite Landsat 8 Operational Land Imager (OLI) de 2016 a 2019.
A pesquisadora e co-autora da pesquisa, Liana Anderson, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden)- unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) destaca que o Cemaden tem um Acordo de Cooperação Técnica com a Secretaria de Meio Ambiente do Acre, e prevê uma melhor integração entre os pesquisadores do Estado e Cemaden, promovendo a trocas de dados e informações para subsidiar a gestão do fogo no Estado. “Os estudos permitem monitorar e indicar ações e gestão dos riscos relacionados ao clima e às queimadas.”, afirma Anderson, explicando que as metodologias de monitoramento e validação do mapeamento de cicatrizes de queimaduras permitem avaliação da precisão dos resultados de classificação e estimativa.
O artigo científico na íntegra pode ser acessado: https://doi.org/10.1016/j.jenvman.2021.112189 e acesso livre por 50 dias pelo link https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0301479721002516?dgcid=author
Fonte: Ascom/Cemaden