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No II Webinário informativo, Cemaden mostra os serviços e produtos relacionados ao monitoramento de secas e fogo
Com o objetivo de mostrar os produtos e serviços relacionados à monitoramento e emissão de alertas de desastres, previsão/cenários de riscos de desastres e atividades científicas desenvolvidas pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden)- unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) – foi realizado, na semana passada (13), o II Webinário Produtos do Cemaden/MCTI para o Monitoramento Geo-Hidrometeorológico no Brasil.
Transmitido pelo YouTube Reunião de Impactos- Cemaden/MCTI, este segundo webinário focou o Monitoramento de Secas e Previsão de Probabilidades de Risco de Fogo, contando com a participação pelo chat do público e especialistas na área de gestão de risco de desastres. A série de webinário, lançada no dia 1º de novembro, também foca os conceitos associados a vulnerabilidade e impactos em vários setores.
Na abertura, a diretora substituta do Cemaden, Regina Alvalá, destacou a iniciativa da realização dos webinários informativos: “As apresentações contarão com a contribuição de especialistas do Cemaden, que geram produtos e informações relevantes para os avanços dos conhecimentos científicos da Ciência de Desastres, assim como para subsidiar as tomadas de decisão.”
O coordenador-geral de Pesquisa e Desenvolvimento do Cemaden, climatologista José Marengo, enfatizou a importância dos trabalhos de monitoramento e previsão de impactos. “Na situação atual do El Niño, temos as secas combinadas com ondas de calor. Nosso papel é o monitoramento dos impactos das secas e serão apresentados neste webinário os seus diferentes aspectos”, afirma Marengo, ressaltando que os trabalhos desenvolvidos pelo Cemaden são em parcerias com instituições nacionais e internacionais. “É importante destacar que o Índice Integrado de Seca (IIS) - desenvolvido pelo Cemaden- é usado pela Organização Mundial de Meteorologia no Relatório mundial ‘Estado do Clima’, aplicado em toda a América Latina e Caribe, desde 2019.” O Índice Integrado de Seca é um valor que combina as informações de dados de precipitação, de umidade do solo e do índice da vegetação.
O II Webinário Produtos do Cemaden/MCTI contou com a moderação realizada pelo pesquisador do Cemaden, Alan Pimentel.
Apresentações de secas e risco de fogo
Sistema de Monitoramento de Secas do Cemaden e Avaliação de Impactos - A pesquisadora de seca e extremos agrometeorológicos, Ana Paula Cunha, coordenadora substituta da Coordenação de Relações Institucionais, fez um breve histórico do monitoramento de secas, realizado desde 2012, apresentando os tipos de secas ( meteorológica, agrícola, hidrológica e seca socioeconômica). Abordou sobre os dois tipos de monitoramento da seca vegetativa agrícola e da hidrológica, a avaliação dos impactos da seca nas áreas agroprodutivas e dos imóveis rurais potencialmente afetados pela seca, além das pesquisas de seca, de forma operacional, para aprimorar o monitoramento. “O monitoramento de seca tem a importante aplicação para ações de mitigação. O Cemaden é uma das instituições que contribui com o Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) para o diagnóstico de perda de safra na produção agrícola”, informa a pesquisadora. Explica sobre o risco de seca na agricultura familiar, composto por ameaças (intensidade da seca ou chuvas extremas), exposição das áreas produtivas e vulnerabilidades da agricultura familiar. “Não enviamos alertas, mas publicamos informações no site e participamos de diversas reuniões de tomadas de decisões, como exemplo, nas Salas de Crise da Agência Nacional de Água (ANA) e da Casa Civil da Presidência.”, afirma a pesquisadora Ana Paula Cunha, complementando que os relatórios de seca, disponíveis no site do Cemaden, estão no Boletim de Impactos, nos relatórios Monitoramento de Seca para o Brasil e no RISAF- Risco da Seca na Agricultura Familiar.
Indicadores de Secas desenvolvidos no Cemaden – Definições e Aplicações - O pesquisador de extremos agrometeorológicos e secas, Marcelo Zeri, explanou sobre os indicadores de secas desenvolvidos pelo Cemaden, no “O Índice Integrado de Seca (IIS) faz um diagnóstico objetivo das condições médias de seca, composto por dados de precipitação, umidade de solo e índice de vegetação, além de dados de satélites. Com esses dados pode-se obter a a quantificação da intensidade da seca e é atualizado mensalmente.”, explica o pesquisador. Informa que o Índice de Chuvas (SPI) é bastante utilizado para diagnosticar seca (seca agrícola de três meses) – avaliando as chuvas nesse período (acima ou abaixo da média) - na escala de um mês, de três ou de seis meses. Já na análise da umidade de solo, é indicada a progressão de seca e onde ela vem afetando (com dados do satélite da NASA), mostrando a profundidade de um metro de solo e extensão de 25 km. Esses dados são disponibilizados a cada sete dias. Os valores abaixo de 40% indicam o começo do estresse hídrico e o Índice de Saúde da Vegetação (VHI). “Esse índice (VHI) mede as condições de umidade e temperatura da vegetação. Os valores abaixo de 40% indicam o começo do estresse hídrico.”, esclarece o pesquisador do Cemaden, Marcelo Zeri, informando que há uma escala de processamento do IIS, fazendo o cálculo por município, numa escala de um a cinco. Todas essas informações estão nos Boletins e Relatórios disponíveis no site do Cemaden, apresentações em reuniões institucionais e em fase de se colocar em plataforma digital. Atualmente, os dados de secas são fornecidas pelas 595 Plataformas de Coletas de Dados, rede instalada pelo Cemaden, em 2016. Informou, também, de outras iniciativas para o monitoramento da secas, como a instalação de duas torres de fluxos do semiárido (parcerias com Embrapa Semiárido, UFRN e UFC/Funceme). “Essas torres de fluxos permitem obter medidas em tempo real de evapotranspiração, temperatura do ar, umidade do solo e precipitação, além da avaliação de tendências e das secas-relâmpago”, afirma o pesquisador.
Monitoramento e Previsão de Seca Hidrológica – A pesquisadora do Cemaden, da área de extremos hidrológicos do Cemaden, hidróloga Adriana Cuartas, afirma que “Para ocorrer uma seca hidrológica são necessários vários fatores, como qual o tempo e a quantidade do déficit de chuva (com anomalias envolvendo altas temperaturas e evapotranspiração), que vai gerar seca hidrológica. E o tempo e quantidade de chuva necessários para sair de uma condição de seca hidrológica. Esse é o grande desafio da comunidade científica”, afirma a hidróloga. “Vai depender não só desses fatores climáticos, mas também depender do tipo de solo, da vegetação, dos tamanhos das Bacias que estamos avaliando, processos que estão em andamento.” Mostrou que, para o monitoramento da seca hidrológica, são utilizados o Índice Padronizado de Precipitação (SPI) em escala hidrológica e o Índice Padronizado de Precipitação-Vazão (TSI – Two-variate Standardized Index). “Esse é o produto mais recente: O Índice Padronizado de Precipitação-Vazão (bivariável), com a combinação das duas variáveis, com relação ao monitoramento de secas.” Apresentou todas as Bacias Hidrográficas monitoradas. “Nossa preocupação prioritária nesse monitoramento de Bacias é a geração de energia elétrica, abastecimento de água e navegação”, informando que na questão sobre abastecimento de água, a primeira Bacia monitorada pelo Cemaden foi a Cantareira, em 2014, pela crise hídrica. E em razão da seca do centro-oeste, a Bacia do Paraguai no aspecto da navegação. Apresenta as fontes de informações para o monitoramento de seca hidrológica e como se processa o sistema de previsão e projeção de cenários com algumas Bacias, como a do Paraná, com foco na Usina Hidrelétrica (UHE) de Itaipu, da UHE Barra Grande do Rio Uruguai e sub-bacia Rio Pelotas (RS e SC). Informa que está sendo ampliado o monitoramento de Bacias Hidrográficas.
Concepção do produto de probabilidade de fogo – A pesquisadora do Cemaden, Liana Anderson, especialista em risco e impactos de incêndios na vegetação, inicia com explicação do referencial teórico sobre a palavra “probabilidade de fogo” e não de “risco de fogo” afirmando: “Desastres são perigos que se concretizam e impactam a sociedade e meio ambiente. A vulnerabilidade é uma combinação de exposição a um perigo e a suscetibilidade ao seu impacto, ambos, fortemente, moldados por fatores humanos, sociais e ambientais”. Enfatizou que na gestão de riscos de desastres há diferentes elementos de risco, destacando a importância da geração de dados científicos (conhecimento dos riscos, ameaças e vulnerabilidades). Com a informação elaborada, é repassada à sociedade e para subsidiar decisões e os caminhos de adaptação. Sobre a probabilidade de fogo, a pesquisadora Liana Anderson afirma: “O caminho a ser perseguido, em relação ao desenvolvimento sustentável, deve ser focado nos esforços voltados à prevenção. E para essa prevenção, há a necessidade de gerar um produto voltado a auxiliar a ideia de como nós podemos ter ações de prevenção em ampla escala e em escala subsazonal.” Aborda, também, sobre os trabalhos, programas e a plataforma Map Fire, bem como as instituições parceiras na geração de dados observacionais. A previsão da probabilidade de fogo é também divulgada no Boletim mensal de Impactos, no site do Cemaden. “Os dados são capturados pelos focos de calor acumulados (obtidos por satélite). Calculamos a tendência dos focos de calor, as probabilidades de temperatura e de chuva. Analisa-se junto às variáveis como o início e duração da seca”, resume a pesquisadora. Afirma que os resultados dos níveis de alerta para o municípios brasileiros são divulgados no Boletim de Impactos, e o trabalho conjunto de divulgação de informações junto às Salas de Situação de alguns estados do país.
As apresentações e informações na íntegra do II Webinário de Produtos do Cemaden/MCTI para o Monitoramento Secas e Probabilidade de Fogo no Brasil, estão disponíveis no canal YouTube do Reunião de Impactos-Cemaden/MCTI, acessados pelo link :
https://www.youtube.com/watch?v=g4xqnbEvx2g
Fonte: Ascom/Cemaden