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Mudanças ambientais e agravamento da seca afetam as fronteiras agrícolas na América do Sul
Foto Crédito: Chain Reaction Research
(https://chainreactionresearch.com/report/cerrado-deforestation-disrupts-water-systems-poses-business-risks-for-soy-producers/)
Mudanças ambientais em grande escala, tanto antropogênicas quanto naturais, estão interagindo de forma não linear na zona de transição entre a Amazônia oriental e o Cerrado, região considerada uma nova fronteira agrícola no Brasil e na América do Sul.
As mudanças do uso da terra para a expansão do agronegócio, juntamente com as mudanças climáticas, induziram um agravamento das severas condições de seca durante a última década nesta região.
Todos os dados estão documentados no artigo científico intitulado Increased climate pressure on the agricultural frontier in the Eastern Amazonia-Cerrado transition zone (Aumento da pressão climática sobre a fronteira agrícola na zona de transição Amazônia Oriental-Cerrado), recentemente publicado na revista Scientific Reports. O estudo foi realizado por uma equipe de pesquisadores nacionais e internacionais, liderada pelo climatologista José Marengo, coordenador-geral de Pesquisa e Desenvolvimento, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden)- unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI).
O trabalho científico teve a colaboração da pesquisadora da área de Agrometeorologia e Secas do Cemaden, Ana Paula Cunha, do IRD (instituto de pesquisa da França), da Universidade de Valência (Espanha) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
O estudo aponta que as maiores tendências de aquecimento e seca na América do Sul tropical - durante as últimas quatro décadas - são observadas justamente na região de transição oriental da Amazônia-Cerrado.
“Os resultados evidenciam um aumento na temperatura, déficit de pressão de vapor, subsidência, frequência de dias secos e uma diminuição na precipitação, umidade e evaporação.”, explica o climatologista José Marengo e complementa: “O estudo aponta, também, um atraso no início da estação chuvosa, induzindo um maior risco de incêndio durante a estação de transição seca para úmida.”
Todos os dados científicos fornecem evidências observacionais da crescente pressão climática nessa área, que é sensível para a segurança alimentar global, bem como a necessidade de conciliar a expansão agrícola e a proteção dos biomas tropicais naturais.
O artigo completo está disponibilizado, de forma gratuita, com acesso pelo link:
https://www.nature.com/articles/s41598-021-04241-4
Fonte: Ascom/Cemaden