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Inteligência Artificial no monitoramento de secas e inundações é discutida em workshop no Cemaden
Estimular parcerias e colaborações entre os diferentes grupos que atuam com Inteligência Artificial (I.A.) no Brasil - utilizando tecnologias avançadas para o monitoramento e previsão ambiental - além de focar a diminuição dos impactos socioambientais, foram os objetivos principais do Workshop IASI -Inteligência Artificial em Secas e Inundações, promovido pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e pelo Instituto de Ciência e Tecnologia, da Universidade Estadual de São Paulo (ICT-Unesp).
O evento ocorreu nos dias 04 e 05 de setembro, no Auditório do Cemaden, com sede localizada no Parque Tecnológico de São José dos Campos. Reuniu pesquisadores, profissionais da tecnologia, professores e estudantes, que traçaram um panorama das iniciativas nacionais na área, bem como compartilharam dados, métodos e experiências. Além de palestras envolvendo tecnologistas e pesquisadores do Cemaden e da Unesp, instituições públicas e privadas também fizeram o intercâmbio de conhecimentos científicos e aplicação prática da Inteligência Artificial no monitoramento ambiental.
A abertura do Workshop IASI foi feita pela diretora substituta do Cemaden, Regina Alvalá, que destacou a importância das parcerias voltadas aos desenvolvimentos tecnológicos e trabalhos científicos para o aprimorar o monitoramento. Destacou a demanda emergencial desses esforços, principalmente pelo período de anomalias da temperatura, chuvas, secas e extremos climáticos, além dos impactos do El Niño.
Também participaram da mesa de abertura do workshop: Hilcéia Ferreira, diretora da Associação de Especialistas Latino-americanos em Sensoriamento Remoto (Selper-Brasil); Cesar Rogério Pucci, diretor da Unesp de São José dos Campos e o coordenador de Projetos do Pq.Tec. Luiz Fernando Carvalho, representando o diretor-geral do Parque Tecnológico SJC, Jeferson Cheriegate.
Além de palestras e oficinas, o workshop incentivou a inscrição de artigos e pesquisas na temática de aplicação de tecnologias no monitoramento e previsão e avaliação de impactos de desastres naturais. Na Sessão de Pôsteres, foram expostos os painéis com a súmula das pesquisas aos participantes do worshop e à comissão de seleção de trabalhos. No encerramento do evento, houve a premiação dos melhores trabalhos científicos.
Palestras: avanços das tecnologias e desafios no monitoramento e previsão ambiental
Na programação, realizada nos dois dias as 9 às 17 horas, o Workshop IASI contou com a presença de palestrantes vinculados a universidades, institutos de pesquisas e empresas privadas. A iniciativa do evento também visou promover networking entre pesquisadores e empresas.
“Combinando a Internet das Coisas e Inteligência Artificial para o Monitoramento dos Rio Urbanos”, foi apresentado pelo professor Jo Ueyama, da Universidade de São Paulo (USP), que apresentou as experiências sobre os sensores de monitoramento instalado no rio urbano, na cidade de São Carlos (SP), que sofre com enchentes e poluição. Abordou as questões de transferência de dados entre os sensores, destacando a contribuição de sincronizar os algorítimos entre os equipamentos, bem como os desafios de instalação e manutenção.
“A experiência da operação do Setor Elétrico Brasileiro na gestão de crises hídricas (secas e cheias)” foi o tema abordado por Paulo Diniz, especialista em gestão de recursos hídricos, hidrologia, planejamento e programação eletroenergética da ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico). Em sua palestra abordou como conciliar reservatórios de energia elétrica para controlar a seca e a cheia, destacando o papel dos grandes reservatórios para amenizar os impactos das cheias. Também falou sobre os impactos da crise hídrica, como o encarecimento da energia e na economia nacional, além das novas alternativas energéticas.
“Inteligência artificial ampla: aprendendo de múltiplas fontes sobre clima, alimento, aspectos sociais e políticos” foi a temática discutida pelo professor Alexandre Delbem, da USP. Explicou os desafios da aplicação da I.A. restrita (exemplo, agricultura digital e robótica, drones) e a I.A. ampla (integração dos sistemas de forma inteligente, sobre agricultura, nutrição, saúde entre outros). Falou sobre a precisão de avaliação estatística e a necessidade de implementação de modelos adequados.
“Emissão de alerta hidrológico e demandas por ferramentas de I.A.” foram apresentadas pela hidróloga Graziela Scofield, especialista em extremos hidrológicos da Sala de Situação do Cemaden e pelo pesquisador Glauston Lima, da área de Modelagem Integrada de Desastres Naturais.
“Previsão de curto e longo prazo, utilizando modelos probabilísticos de inteligência artificial” foi o tema discutido por Angelica Caseri da BASF, empresa química internacional, que trabalha em pesquisas junto à USP na área de impactos de inundações. Considera a temática importante para o setor de Energia e Agronegócio. Tem focado a Bacia do São Francisco, com previsões para o setor energético.
“Definição Quantitativa e Previsão de Secas Hidrológicas em um contexto não estacionário, usando modelos e métodos baseados em dados” apresentado por Marcus Suassuna do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) discute as secas no Pantanal, os estudos sobre séries históricas de até 120 anos de chuvas na região, lagoas, fluxos e evaporação. Mostrou a relação de precipitação e escoamento durante as chuvas e as respostas mais bruscas nas vazões.
“Google: respondendo às crises ambientais com tecnologia e inteligência” – foi apresentada por Bia Mori, gerente de Parcerias na área de Impacto Social do Google, mostrando todas as informações disponibilizadas pela plataforma de Busca Google, Mapas, Flood Hub. Informou as parcerias de Impacto Social para ajudar os usuários com informações precisas, de qualidade, no momento certo e proveniente de fontes confiáveis. Entre as informações disponibilizadas sobre desastres, previsão e impactos estão: SOS Alertas (parceria com Cruz Vermelha); o Alertas públicas ( parceria com Cenad e INMET).A E.A.I. que gerencia grande volume de dados para ajudar a população na área de desastres e saúde; Previsão de enchentes ribeirinhas, com notificações em celulares androides e no Iphone tem que baixar aplicativo (parceria com CPRM, ANA e Cenad); Alertas do Google nas variáveis: modelo hidrológico, mapas de inundação e distribuição de informação para a população. Estão com projeto piloto em parceria com o INPE para informações sobre incêndios florestais.
No painel sobre parcerias empresas-academia, foram discutidos os seguintes temas:
“Apresentação do Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) do Cemaden – foi apresentado por Eduardo Fávaro Luz, chefe da Divisão de Produtos Integrados do Cemaden.
“Projeto Cigarra” foi apresentado por André Ivo, da área de T.I. do Cemaden.
“Projeto Sensores Hidrológicos de Baixo Custo” foi o tema apresentado por Felipe Simoyama, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
“Como pensar um projeto de colaboração empresa-academia” foi a abordagem dos professores Luiz Leduíno da Unifesp e do pesquisador do Cemaden, Christopher Castro (Unifesp-Cemaden).
Premiação dos Pôsteres
Estudantes de graduação, mestrado e doutorado de diversas instituições do país apresentaram pôsteres, totalizando 32 trabalhos, que foram selecionados pelo Comitê Científico do evento.
Fernando Saraiva, aluno de Mestrado da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) foi o premiado na seleção de trabalhos científicos. Ele apresentou o painel do trabalho “ Modelo Árvore de Decisão para previsão hidrológica na cidade de SP”.
Para o doutorando Johan Duque, da Universidade Tecnológica do Uruguai (UTEC) o IASI foi interessante: “O evento deu a oportunidade de apresentar aplicações reais da I.A. para as problemáticas enfrentadas no Uruguai, em relação às crises hídricas. Além disso, pudemos fazer parcerias com trabalhos brasileiros complementares ao nosso e também realizar a transferência de conhecimentos”, reforça o estudante.
Interesse na Inteligência Artificial em outras áreas
Além das apresentações de trabalhos, o workshop atraiu servidores públicos interessados em agregar conhecimentos e buscar novas formas de otimização da Inteligência Artificial no trabalho. Foi o caso de Ramón Martins Alves, da Fundação Estadual do Meio Ambiente de Recursos Hídricos (Fenarh): “Encontramos o evento no site do Cemaden, pois sempre buscamos informações através desta plataforma”, afirma Alves. “O conhecimento adquirido vai ser muito útil para nosso trabalho, pois em nosso estado sofremos tanto com a seca como com inundações e ainda não usamos Inteligência Artificial”, comenta Ramón, que busca abrir novas parcerias. O Cemaden possui 5 estações de monitoramento no estado de Roraima que servem de apoio para sua atividade no Fenarh para emitir boletins semanais no estado.
Organização e apoio do evento
O evento foi coordenado pelo comitê integrado pelos (a) pesquisadores(as) e físicos do Cemaden: Ana Paula Cunha (secas e extremos agrometeorológicos) também coordenadora substituta de Relações Institucionais; Leonardo Bacelar Santos (modelagem integrada de desastres naturais) e Marcelo Zeri (secas e extremos agrometeorológicos). Da Universidade Estadual Paulista (Unesp) integra o professor e pesquisador, Rogério Negri. A organização do evento teve o apoio da analista em Ciência e Tecnologia, Selma Santos Chiavelli da Coordenação de Relações Institucionais. Houve uma equipe de tecnologistas e pesquisadores do Cemaden que trabalharam na programação e organização do evento.
“Foi uma ótima oportunidade de intercâmbio entre os diferentes participantes", afirma o pesquisador do Cemaden, Leonardo Bacelar Santos.
Mais informações sobre a realização do evento estão disponibilizadas no site do “Workshop IASI” pelo link: https://sites.google.com/view/iasi2023/home
Fonte: Ascom/Cemaden com apoio da Ascom do Comitê IASI.
Mais fotos do Workshop IASI pelo link : https://drive.google.com/drive/folders/1ADfORZkAhyWwTiiXmzDQ-7hiy7j7F9l0?usp=sharing