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Fenômenos climáticos extremos já são resultado do aquecimento global, afirma Marengo
Na live do ‘Café Filosófico’, coordenador geral de Pesquisa e Desenvolvimento do Cemaden alerta sobre a urgência de ações e políticas públicas envolvendo toda a sociedade.
José Marengo, coordenador geral de Pesquisa e Desenvolvimento do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) – unidade de pesquisa do Ministério da Ciência Tecnologia e Inovações (MCTI) - foi o convidado da edição desta quinta-feira (4) do Café Filosófico. Promovido pelo Instituto CPFL, o evento foi transmitido ao vivo pelo YouTube.
Marengo é um dos cientistas mais influentes do cenário internacional quando o tema é o estudo do clima. De acordo com ele, os recentes fenômenos extremos, como a onda de calor na Europa ou as chuvas em diferentes regiões do Brasil, são a prova de que os efeitos das mudanças climáticas já podem ser observados.
“A temperatura está mudando em todos os lugares. Na Europa, por exemplo, a onda de calor fez com que a cidade de Londres registrasse números próximos aos 40ºC. Tal recorde de calor é lembrete de que a mudança na temperatura é uma realidade e que as atividades humanas, comprovadamente, têm acelerado este processo”, afirmou durante o programa.
Na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 26), realizada em novembro de 2021, ficou estabelecido um pacto entre as nações para que a temperatura do planeta não ultrapasse a marca de 1,5ºC de aquecimento. Ultrapassar esta barreira, entretanto, é um risco cada vez mais provável.
“A tarefa de manter o nível de aquecimento em 1,5 ºC exigirá um esforço conjunto que, infelizmente, não estamos identificando nas nações. Ao contrário, o cenário internacional é de tensão e guerra. Países como Alemanha e Inglaterra chegaram, inclusive, a considerar a volta do uso de energia gerada pela queima de carvão. As iniciativas contra combustíveis fósseis também pouco avançaram”, disse.
Do planejamento à ação
Durante o programa, Marengo afirmou que a responsabilidade de reverter os efeitos da crise climática é de todos. Mas, para que isso aconteça, é preciso tirar os projetos do papel. Boas ideias nem sempre se transformam em ações concretas contra o aquecimento global.
“Não é suficiente traçar metas e lançar diretrizes para combater o problema. Precisamos ver essas ideias sendo colocadas em prática. Isso sim faz diferença. Caso contrário, o planejamento vira só um livro bonito na estante do prefeito”, afirmou.
Políticas públicas voltadas às catástrofes naturais devem ser, segundo Marengo, fruto de uma ampla discussão com diferentes setores da sociedade. O pesquisador defende uma política de coparticipação entre cientistas, população, políticos e iniciativa privada.
“A visão não pode ser única, de cima para baixo. Os principais afetados pelos desastres naturais, que são as pessoas em condições de vulnerabilidade, precisam ter voz em um processo de política pública que irá influenciar diretamente em suas vidas”, disse.
Esta edição do Café Filosófico pode ser assistida na íntegra no YouTube. Basta acessar o link: https://www.youtube.com/watch?v=xxeQFQGbw_E .
Fonte: Ascom/Cemaden