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Fenômeno La Niña deve substituir El Niño no segundo semestre de 2024
Exemplos de eventos La Niña nas configurações Pacífico Oriental (acima) e Pacífico Central (abaixo). Ambas as configurações são do trimestre setembro-outubro-novembro. O painel superior diz respeito ao evento de 2020-2021 e o painel inferior representa o evento de 1975-1976.
Uma Nota Técnica divulgada pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais no dia 6 de março (NOTA TÉCNICA Nº 105/2024/SEI-CEMADEN) afirma que é muito provável o desenvolvimento de um fenômeno La Niña na segunda metade de 2024. Atualmente (março de 2024), verifica-se um fenômeno El Niño com intensidade moderada, mas que se encontra em fase de rápido enfraquecimento, segundo o Cemaden.
A Nota Técnica explica os aspectos mais relevantes do La Niña para o Brasil, incluindo suas diferentes variantes, e analisa os principais impactos esperados nas regiões do país (precipitação, temperatura), nos recursos hídricos, na produtividade agrícola, nas cidades (desastres hidro-geodinâmicos) e na saúde humana.
Muitos dos resultados foram obtidos considerando-se cenários construídos a partir de “anos análogos”, ou seja, de anos em que houve uma rápida transição de uma situação de El Niño para uma de La Niña, como provavelmente irá ocorrer nos próximos meses. Os principais resultados focam o período setembro/2024 – fevereiro/2025, quando deve ocorrer a próxima quadra chuvosa na maior parte do Brasil, provavelmente sob as condições de La Niña.
Em relação à precipitação e temperatura, a análise indica que o cenário mais provável é o de chuvas acima da média no estado do Amapá e entre Minas Gerais e a Bahia, e de chuvas abaixo da média histórica na Região Sul, durante a primavera. Nesse período se esperam temperaturas inferiores aos valores médios na Região Sul e em parte da Região Sudeste, assim como no Amapá, em razão da maior precipitação.
No próximo verão, a situação mais provável é de precipitações superiores à média no extremo norte do Brasil e de temperaturas inferiores ao normal em parte das Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Há também chance de haver temperaturas superiores à média em parte do leste da Região Nordeste.
Os resultados poderão variar quando o fenômeno efetivamente estiver iniciado, razão pela qual o CEMADEN/MCTI estará acompanhando constantemente as previsões disponibilizadas pelos principais centros mundiais.
O que é o La Niña
O La Niña é um fenômeno atmosférico-oceânico complexo, que envolve mudanças em diferentes aspectos do clima. Uma das características mais evidentes associadas à ocorrência do fenômeno La Niña consiste no resfriamento anormal em uma vasta extensão do Oceano Pacífico Tropical, especialmente na região central e no centro-leste deste oceano, incluindo a região costeira do Equador e do Peru. O resfriamento ocorre somente nas camadas mais superficiais do oceano, até aproximadamente 100 metros de profundidade.
O La Niña faz parte de um ciclo natural mais amplo, conhecido como El Niño-Oscilação Sul, e que inclui estados de aquecimento (El Niño), condições neutras e de resfriamento (La Niña) do Oceano Pacífico Tropical. Uma La Niña pode ressurgir em intervalos de tempo que variam de 2 a 7 anos. O episódio mais recente registrado perdurou de julho de 2020 a fevereiro de 2023.
Trata-se de um importante fenômeno devido às suas vastas dimensões espaciais e temporais. No contexto da escala espacial, ele tem potencial para alterar os regimes de chuvas e de temperaturas em várias partes do planeta, inclusive no Brasil. Pelo fato da atmosfera cobrir toda a superfície do planeta, o resfriamento anômalo que ocorre no Pacífico Tropical durante episódios de La Niña não fica confinado somente nesta região. Este desbalanço altera o regime de ventos predominantes na atmosfera, bem como afeta regiões a milhares de quilômetros de distância. Além disso, um episódio de La Niña pode durar meses ou até mesmo anos, o que potencializa seus efeitos, em razão da sua longa permanência. O La Niña pode modular os padrões regionais do clima no Brasil, aumentando as chances de chuvas acima da média nas Regiões Nordeste e Norte do país e propiciando chuvas escassas na Região Sul.
Acesse a Nota Técnica na íntegra no link abaixo.