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Experiências na análise de risco de desastres naturais são apresentadas pelo Cemaden em congresso latino-americano
Pesquisadores do Cemaden abordaram sobre a gestão de riscos de desastres, a comunicação participativa, a vulnerabilidade da mobilidade urbana e transporte rodoviário. O evento possibilitou o intercâmbio de conhecimentos entre os pesquisadores, profissionais, estudantes, indústrias, instituições privadas e governamentais de vários países da América Latina.
Divulgar os avanços em caracterização, avaliação, gerenciamento e comunicação de riscos – além dos métodos e processos de resposta à emergência nas comunidades vulneráveis a riscos de desastres naturais – foram alguns dos temas discutidos no III Congresso da Sociedade de Análise de Risco Latino-Americana, que teve a participação do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, representado por pesquisadores que apresentaram quatro linhas de estudos.
O evento envolveu cientistas, profissionais e instituições de vários países da América Latina. O objetivo foi o de promover intercâmbio das metodologias da análise de riscos para auxiliar as decisões técnicas e políticas nas ações de comunicação, atendimento e prevenção de riscos de desastres.
A organização do congresso foi feita pela Sociedade de Análise de Risco Latino-Americana (SRA-LA), em parceria com a Associação Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental, apoiado pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT).
A análise do risco a desastres naturais
Pesquisadores e tecnologistas da Sala de Situação do Cemaden mostraram a importância da análise de múltiplas ameaças que compõem o cenário de risco, possibilitando a quantificação do grau de risco com maior precisão.
Com experiência feita nos estudos da bacia do Córrego Dantas, em Nova Friburgo, região serrana do Rio de Janeiro, os pesquisadores realizaram mapeamentos de suscetibilidade dos processos mais recorrentes e catastróficos: o de inundação brusca e o de deslizamento planar. Sobrepondo dois mapas da área de estudo- um que considerava os níveis críticos de instabilidade de encostas dos bairros, e o outro mapa que indicava a vulnerabilidade socioeconômica – foi possível distinguir os bairros com maiores níveis de suscetibilidade às inundações e aos deslizamentos.
“A modelagem e metodologia sugeridas neste estudo, mostraram-se eficazes para o dimensionamento em menor escala de ameaças naturais. O detalhamento permitirá melhor planejamento territorial intermunicipal, considerando os cenários de multirriscos.”, enfatiza Carlos Frederico de Angelis, chefe de Divisão de Operação e Modelagem do Cemaden, um dos membros do grupo de pesquisas.
Vulnerabilidade e a comunicação de risco
Com referência ao planejamento das ações para redução das vulnerabilidades aos desastres, o pesquisador e sociólogo do Cemaden, Victor Marchezini mostrou no painel “Vulnerabilidade das cidades e populações” que a eficácia das políticas públicas depende da maior reflexão e da construção de novas abordagens. ”A resolução e/ou mitigação de problemas requer uma maneira diferente de interpretar a gestão do risco como um processo institucional, plural e participativo. Com essa postura, pode-se identificar e reduzir os riscos e as vulnerabilidades atuais, bem como incluir no planejamento os procedimentos necessários para a diminuição dos riscos e dos impactos sociais nos desastres.”, afirma o sociólogo.
Ainda sobre comunicação de risco, outra equipe de pesquisadores do Cemaden analisou, com base nos conteúdos divulgados pela Mídia, a comunicação ocorrida depois do rompimento da barragem de Mariana (MG). Foi identificada a diferença das informações e dos discursos referentes à comunicação dos riscos para a população. Levantou-se, pelos relatos dos moradores, que a lama atingiu as casas durante a madrugada e o rompimento da barragem havia ocorrido às 16 horas do dia anterior. “O processo de comunicação de crise foi ineficaz, resultando em perdas humanas e materiais.”, afirma a pesquisadora Luciana Londe, explicando que o processo ideal na elaboração do plano de segurança deveria contar com a participação de trabalhadores e moradores da região. “A comunicação de risco deve considerar a abordagem “first mile”, em que as comunidades determinam suas necessidades no processo de comunicação.”, enfatiza a pesquisadora.
Infraestrutura de transporte e desastres naturais
O Cemaden mostrou o panorama dos fortes impactos dos desastres naturais na economia local e regional, quando afetam diretamente a mobilidade urbana e a infraestrutura de transporte rodoviário. Abordou-se o aspecto das bacias hidrográficas e os cálculos de drenagem e dos cursos d’água, além da análise dos documentos e relatórios oficiais que tratam sobre o gerenciamento dos riscos de desastres naturais na infraestrutura de transporte. “A vulnerabilidade deve ser estudada considerando a tríplice pessoas-veículos-vias. Diversos relatórios tratam do assunto, mas focam em uma perspectiva de alterações climáticas, não especificamente de desastres naturais”, afirma o pesquisador Leonardo Bacelar L. Santos, do grupo de pesquisa do Cemaden sobre impactos dos desastres, AmbientEMobilidade(ambientemobilidade.wix.com/site).
A equipe multidisciplinar do Cemaden adota sublinhas de trabalho de pesquisa na gestão de risco, como vulnerabilidade socioambiental e saúde pública, dimensões socioculturais no sistema de alerta, educação e redução do risco de desastres naturais, além de outras linhas de pesquisas multidisciplinares nas áreas geodinâmicas, meteorológicas, hidrológicas e de desastres naturais.