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Em visita técnica ao Cemaden, presidente da República conhece trabalho de monitoramento e alertas realizado pela instituição
O presidente da República, Jair Bolsonaro, participou de uma visita técnica ao Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden) - unidade de pesquisa do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) - na manhã desta quinta-feira (18), no âmbito da programação de visita ao Parque Tecnológico, em São José dos Campos. O evento ainda contou com a participação do ex-ministro do MCTI, Marcos Pontes, assim como do atual ministro da pasta, Paulo Alvim.
O presidente foi apresentado às instalações da Sala de Situação, onde especialistas monitoram ininterruptamente 1.038 municípios brasileiros e emitem, quando necessários, alertas de riscos de desastres geo-hidrometeorológicos que podem deflagrar deslizamentos de terra, inundações, enxurradas e enchentes. Os alertas são enviados para a Defesa Civil Nacional, que os reencaminham para as Defesas Civis nos municípios e subsidiam a prevenção de desastres.
Bolsonaro foi recebido pela diretora substituta do Cemaden, Regina Alvalá. A pesquisadora detalhou, durante a visita, as atribuições do Centro, toda a tecnologia utilizada e como o trabalho de monitoramento pode ajudar a salvar vidas e minimizar impactos ao meio ambiente, propriedades e infraestruturas.
“O Cemaden é o único centro no mundo estruturado para monitorar municípios com áreas de risco de desastres mapeadas, monitoramento esse feito por equipes de profissionais especializados tanto da área das ciências exatas (hidrologia, meteorologia, geologia) quanto da área das ciências sociais”, afirma Alvalá.
A diretora substituta do Cemaden ressaltou, também, que o Brasil tem competências, há décadas, em monitoramento meteorológico. “No entanto, somente as previsões meteorológicas não são suficientes para subsidiar o monitoramento dos riscos de desastres, uma vez que, além de acompanhar as chuvas que caem sobre um município, em tempo real, considerando dados da sua rede assim como daqueles providos por outras instituições, é preciso conhecer as suscetibilidades e vulnerabilidades de cada área de risco monitorada.”
Cemaden apresenta o Projeto Cigarra
Durante a visita o presidente conheceu o Projeto Cigarra. Desenvolvido pelo Cemaden, e em alinhamento com demanda do MCTI, o programa tem o objetivo de expandir a rede de monitoramento ambiental no Brasil. Além de aumentar a área de cobertura, o projeto contempla o uso de equipamentos de baixo custo e que não necessitam de mão de obra especializada para instalação e manutenções.
“Com base nas tecnologias e conceitos inseridos na lei aprovada sobre Internet das Coisas ( IoT - Internet of Things), o projeto vai possibilitar a expansão da rede observacional do Cemaden, não somente das chuvas, mas também de outras variáveis do clima, inclusive com cooperação com as defesas civis e sociedade em geral, afirma o Tecnologista da Informação do Cemaden, André A. S. Ivo. De acordo com ele, o projeto possibilita também a transferência da tecnologia para a indústria, além de fomentar a educação ambiental, por meio de disseminação de conhecimentos e avanços tecnológicos na área de desastres relacionados a clima.
“O projeto Cigarra fortalecerá a prevenção de desastres, além de contribuir com municípios que não dispõem de defesa civil estruturada”, afirma Ivo, que destacou ainda que o projeto poderá contribuir para o monitoramento voltado ao setor agroindustrial, de transportes, rodovias, óleo e gás e até mesmo para subsidiar a avaliação de poluição sonora em grandes centros, afirmou.
Assessoramento a outras instituições governamentais e tomadores de decisão
O coordenador-geral de Operação e Modelagem, meteorologista Marcelo Seluchi - respondendo à pergunta do presidente sobre a crise hídrica no ano passado – informou que o Cemaden monitora os impactos de escassez hídrica e de secas nos 5.570 municípios do Brasil, em especial aqueles associados ao abastecimento de água, de geração de energia elétrica e na agricultura.
“Em razão da seca registrada nos últimos 20 anos, a crise hídrica afetou a geração de energia elétrica. No ano de 2021, o Cemaden participou, semanalmente, de reuniões coordenadas pelo Ministério das Minas e Energia, provendo informações sobre o diagnóstico, cenários futuros e avaliação de impactos no setor hidrelétrico, estes relevantes para subsidiar a tomada de decisão quanto ao acionamento de outras fontes de energia”, destacou Seluchi.
A diretora substituta do Cemaden, Regina Alvalá, também informou que o Cemaden provê, anualmente, informações que subsidiam o pagamento do beneficio provido pelo Programa Garantia Safra para agricultores familiares da região semiárida do Brasil, programa este do Ministério da Agricultura, Abastecimento e Pecuária, que garante auxílio ao agricultor em caso de perca de safra em razão de estiagem ou excesso de chuvas.
Integração com a sociedade e cooperações internacionais
Destacando outros programas, como o Cemaden Educação, Alvalá ressaltou a relevância da integração do instituto com a sociedade, como forma de democratizar o conhecimento e aumentar a conscientização da população sobre desastres relacionados ao clima.
“Como exemplo, em Campos do Jordão um jovem pode identificar riscos em sua moradia e tirou sua família da casa a tempo de salvá-la de um deslizamento de terra ocorrido recentemente”, informa a diretora substituta. “Essa percepção sobre o risco foi adquirida através de conhecimentos providos pelo Programa Cemaden Educação.” Destacou que é fundamental que o conhecimento seja democratizado e que as pessoas tenham cada vez mais consciência sobre os problemas que impactam diretamente suas vidas. “Trabalhamos com escolas, população que vive em áreas de risco, jovens, crianças, com instituições e organizações governamentais e não-governamentais, universidades, entre outras, visando a conscientização e percepção de risco de desastres”, informa Alvalá.
Sobre cooperações, destacou-se que o Cemaden tem uma parceria com a Universidade Estadual Paulista (Unesp) - Curso de Engenharia Ambiental, que inclui, entre outros objetivos, a formação e capacitação de recursos humanos. Neste escopo, criou-se o Programa de Pós-Graduação em Desastres Naturais, visando formar mestres e doutores nesta área, contribuindo para qualificar profissionais oriundos de várias regiões do Brasil, inclusive de outros países.
Finalizando, a diretora substituta do Cemaden informou ao presidente da República e comitiva que o Centro estabeleceu outros acordos de cooperação técnico-científica com instituições nacionais e internacionais, como, por exemplo, com a National Aeronautics and Space Administration (NASA),com a National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA), com o Meteorological Office (Met Office), entre outras.
“Os outros países do mundo são os que têm nos procurado para firmar esses acordos internacionais”, afirma o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), Paulo Alvim, ressaltando o reconhecimento internacional na área científica, tecnológica e de inovação do Cemaden e do MCTI.
Após a visita ao Cemaden, o presidente Bolsonaro visitou a empresa Visiona Tecnologia Espacial, também sediada no Parque Tecnológico e fez palestra sobre Inovação, Tecnologia e Empreendedorismo no Brasil.
Fonte: Ascom/Cemaden