O artigo analisa a experiência do Projeto Cemaden Educação, demonstrando a importância da participação dos jovens para a disseminação das práticas de prevenção de riscos de desastres socioambientais, proteção de vida, com a promoção da sustentabilidade e resiliência.
O texto Youth-based learning in Disaster Risk Reduction Education: barriers and bridges to promote resilience (Aprendizagens dos jovens em Educação para a Redução de Riscos de Desastres: obstáculos e pontes para promover resiliência), com publicação em coletânea internacional, apresentou os resultados do Projeto Cemaden Educação – projeto piloto desenvolvido em São Luiz do Paraitinga (SP) – analisados pelos pesquisadores do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações.
Os pesquisadores do Cemaden e autores do artigo científico, o sociólogo Victor Marchezini e a antropóloga Rachel Trajber, coordenadora do Projeto Cemaden Educação, apresentam uma pesquisa inovadora sobre a participação da juventude na produção local de conhecimentos sobre riscos e vulnerabilidades a desastres.
A publicação faz parte do livro Responses to disasters and climate change: understanding vulnerability and fostering resilience (“Respostas aos desastres e às mudanças climáticas: entendendo a vulnerabilidade e promovendo a resiliência”), (http://www.crcnetbase.com/doi/abs/10.1201/9781315315928-4), organizado por Michèle Companion (Universidade do Colorado) e Miriam S. Chaiken (Universidade do Novo México).
O livro contém 23 capítulos de pesquisadores (as) de vários países do mundo, refletindo sobre as diferentes fases da gestão de riscos e desastres. O capítulo dos pesquisadores brasileiros foi o único a abordar a inclusão dos jovens na produção de conhecimentos, com vistas a promover ações efetivas e antecipadas de prevenção.
As atividades e experiências na escola
Estudantes e professores da Escola Estadual Monsenhor Ignácio Gióia, do município de São Luiz do Paraitinga, desenvolveram atividades com base em metodologias do Projeto Cemaden Educação, realizando pesquisas de monitoramento de chuvas com pluviômetros e réguas; cartografia social para mapear o território e a gestão participativa de intervenções com a comunidade, até a emissão de alertas de desastres. Todas essas aprendizagens envolveram, também, experiências vivenciadas pela comunidade na grande inundação ocorrida no município, em janeiro de 2010.
Os pesquisadores destacam que, para construir uma cultura de segurança e resiliência, deve-se incluir os jovens porque, segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), representam 50% a 60% da população impactada nos desastres. Estudos internacionais apontam que, no final do século XX, cerca de 66,5 milhões de crianças foram vítimas em desastres socioambientais.
“A construção de sistemas de alerta centrado nas pessoas é uma das cinco recomendações da Organização das Nações Unidas como medida estruturante para redução de perdas humanas e econômicas em desastres socioambientais” lembra o pesquisador do Cemaden, Victor Marchezini e complementa: “É fundamental ampliar as ações governamentais para o plano nacional, a fim de evitar a reprodução de condições inseguras e a ampliação do risco. Junto a outros órgãos federais, estados, municípios, a sociedade civil e as escolas, devemos fortalecer a capacidade de governança, criando estratégias para disseminação e abordagens baseadas na comunidade, educação e aplicação prática dos conhecimentos”.
“Trabalhamos para chegar o dia em que o monitoramento crie laços de confiança e conhecimento entre as pessoas e o Cemaden, de modo que elas mesmas emitam alertas em suas comunidades.”, destaca a pesquisadora Rachel Trajber, e conclui: “Nesse sentido, o Projeto Cemaden Educação contribuiu, também, para a organização de uma Comissão de Prevenção de Desastres e Proteção da Vida (Com-VidAção) na escola de São Luiz do Paraitinga, com representatividade da população local para a criação de uma rede de proteção social”.
“Iniciativas como a do Cemaden Educação precisam ser ampliadas para outras escolas e municípios, a fim de que as gerações atuais e futuras possam trabalhar, conjuntamente, para evitar novas catástrofes”, reiteram os autores do estudo.
O trabalho científico está disponibilizado no link: http://www.crcnetbase.com/doi/abs/10.1201/9781315315928-4