As projeções de chuvas extremas e cenários de diversos níveis de aquecimento global apontam o aumento da frequência e intensidade de eventos extremos de chuva, o que gera aumento de riscos de desastres geo-hidrológicos no Brasil, aumentando o risco de deslizamentos na maior parte do território brasileiro (com exceções do centro e norte do País) e o aumento do risco de inundações , principalmente, nas Regiões Sudeste e Sul.
Os resultados e consenso desses cenários partiram do grupo de cientistas do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden)- unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI)- por meio do projeto Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas (INCT-MC Fase 2), sediado no Cemaden. O projeto foi liderado pelos pesquisadores do Cemaden : José Marengo, coordenador-geral de Pesquisas e Desenvolvimento; Pedro Camarinha e Fábio Diniz, em parceria com os pesquisadores Lincoln Alves, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e do pesquisador Richars Betts, do Centro Meteorológico Britânico (UKMO).
No Mapa do Brasil, o GWL (Global Warming Level) ou Nível de Aquecimento Global mostra a simulação do aumento da temperatura em mais de 1,5º , 2º e 4º graus centígrados e o aumento dos riscos de deslizamentos:
Os mapas acima, mostram os resultados do conjunto de projeções das variações relativas do Índice potencial de deslizamentos de terra (PI L ) para os diversos níveis de aquecimento global (GWLs). Os mapas representam o quanto os índices futuros aumentaram ou diminuíram em relação ao presente. A parte superior da Figura 3 mostra os mapas de mudanças relativas para cada cenário de aquecimento para o GWL 1,5º C, 2º C e 4º C . No painel inferior, mapas de desvio padrão são mostrados.
As áreas hachuradas mostram regiões onde existe um consenso entre os modelos maior que 66% (sinais positivos ou negativos) para a mudança projetada. Nota-se que em quase todo o território brasileiro há sinalização de aumento do deslizamento de terra (PI L ) com pequenas exceções em parte das regiões centro e norte do País. Em geral, esse aumento é mais explícito nos cenários mais críticos (GWL 2ºC e 4º C). Isso é detectado nas regiões Sul e Sudeste e na Amazônia Ocidental.
Além disso, o cenário de risco observado para as regiões Sul e Sudeste torna-se mais crítico, pois são regiões densamente povoadas e muito suscetíveis a deslizamentos de terra. Essas regiões requerem atenção especial e políticas de redução do risco de desastres e estratégias de adaptação.
Mudança relativa de enxurradas e enchentes sob vários níveis de aquecimento global
Os mapas acima mostram os resultados das mudanças relativas (RC FF ) do índice de impacto potencial de enxurradas (PI FF ) para os cenários de aquecimento. Nos painéis inferiores, são mostrados os respectivos mapas de desvio padrão.
A região Sul do Brasil exibe os maiores valores para mudanças relativas desde o cenário GWL 1,5ºC. Esse padrão é intensificado nos cenários mais quentes (GWL 2º e 4º C), cobrindo uma área maior que inclui o Sudeste do Brasil.
O oeste do Brasil também mostra altos valores de mudanças relativas (RC FF ), sugerindo que eventos extremos de precipitação, a curto prazo, futuramente podem ser intensificados em toda esta região. Em todas essas regiões, há consenso entre os modelos, sugerindo um aumento nos eventos extremos de chuva (áreas com hachuras).
As regiões com os maiores valores de mudanças relativas (RC FF ) são justamente os grandes centros urbanos e regiões metropolitanas das cidades do Sul e Sudeste do Brasil. Essas regiões, atualmente, já apresentam um alto índice do impacto de enxurradas (P IFF ) e exibem um histórico de desastres recorrentes relacionados a enxurradas. Além disso, essas cidades possuem mais recursos e capacidade adaptativa, o que facilitaria a implementação de medidas de adaptação para reduzir o risco de desastres.
Fonte: Ascom/Cemaden