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Cemaden lança série de webinários informativos sobre os trabalhos desenvolvidos para o monitoramento e alerta de desastres
O 1º Webinário “Produtos e Serviços Relativos a Riscos de Desastres Geo-hidrometeorológicos” foi realizado na última quarta-feira (01 de novembro), promovido pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) – unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI)- e transmitido pelo Canal YouTube do Cemaden - Reunião de Impactos.
Esse foi o primeiro de uma série de webinários que o Cemaden/MCTI promoverá para disseminar os conceitos associados ao monitoramento ininterrupto (24horas/7dias), emissão de alertas e previsão de riscos de desastres providos pela unidade de pesquisa, bem como informações técnico-científicas associadas a vulnerabilidades e impactos em vários setores da sociedade. O segundo webinário já está agendado para o próximo dia 13 de novembro, na temática “Secas e fogo”.
“Atualmente, existem variadas informações disponíveis sobre tempo, clima e desastres. O Cemaden é a instituição responsável por realizar o monitoramento ininterrupto e emitir alertas de riscos de desastres”, destaca a pesquisadora Sílvia Saito, representando a direção do Cemaden, na abertura do evento. “Nossa preocupação é que os usuários e usuárias dessas informações saibam como melhor usá-las na preparação e resposta, no contexto da gestão de risco de desastres geo-hidrometeorológicos”, afirma a pesquisadora do Cemaden.
Saito, enfatizou, também, que a outra motivação em implementar essa série de webinário informativo foi pelo aumento da demanda na busca de informações no Cemaden. Os pedidos de informações são provenientes dos órgãos municipais, estaduais, de Proteção e Defesa Civil, assim como pelos profissionais da Imprensa e Mídia em geral, comunidades acadêmicas e científicas, entre outros interessados na área de riscos e de desastres, principalmente, para tirar dúvidas e esclarecer as informações técnico-científicas.
Especialistas do Cemaden explicam sobre os potenciais de previsão e os desafios
“Previsões e Cenários da Operação” mostrando o sistema de monitoramento e alertas do Cemaden (definições, avisos, alertas, previsões e cenários) foi a temática abordada pelo meteorologista Marcelo Seluchi, coordenador-geral de Operação e Modelagem do Cemaden. Iniciou com um breve histórico sobre a criação do Cemaden, em 2011, quando ocorreu a tragédia na região serrana no estado do Rio de Janeiro. “Nessa época, o Brasil já tinha um sistema de previsão meteorológica com qualidade. Porém, a comunidade científica concluiu que prever fenômenos desse tipo é muito mais que prever chuvas intensas”. Relembra quando, em forma emergencial, foi criado o Plano Nacional de Gestão de Risco de Desastres, em quatro eixos: a de prevenção (com obras de encostas), de resposta, de mapeamento de risco (trabalho realizado pela antiga CPRM, hoje Serviço Geológico do Brasil) e a criação do Cemaden, como novidade na área de monitoramento e emissão de alerta de risco de desastres. “O Cemaden tem um avançado e inovador trabalho inter e multidisciplinar, com a finalidade de cruzar informações meteorológicas, hidrológicas, geológicas- geodinâmica e de vulnerabilidades sociais”, destaca Seluchi. “Para emissão de alertas geo (deslizamentos) e hidrológicos (inundações, enxurradas, enchentes) o embasamento é meteorológico. A chuva é o elemento transversal que deflagra os desastres. O desastre é quando atinge pessoas em vulnerabilidade extrema ao risco”, sintetiza o coordenador-geral de Operação e Modelagem do Cemaden. Destacou que esses alertas são encaminhados à Defesa Civil Nacional. “ As informações técnica-científicas do Cemaden assessoram a Defesa Civil Nacional para que ela faça a gestão desse risco.” Informou, também, que desde 2011 o Cemaden já emitiu mais de 25 mil alertas de risco de desastres. Hoje são monitorados 1.038 municípios, mapeados com áreas de riscos geo-hidrológicos, representando 19% do total de municípios brasileiros.
“Extremos de chuvas, limitações das previsões e os sistemas de meteorologia” a temática foi apresentada pelo pesquisador e meteorologista do Cemaden, Giovanni Dolif, abordando a Rede Observacional do Cemaden e as redes de monitoramento de instituições parceiras. Explicou as diferenças do monitoramento feito pelo radar e pelos sensores do Cemaden, a visualização do Sistema SALVAR, das medições, informações e dados nos equipamentos do Cemaden e das instituições parceiras. Sobre a ampliação de equipamentos, softwares e pessoal especializados para o sistema de previsão nos municípios, Dolif comenta: “Nesta época de eventos extremos e chuvas intensas, que se formam rapidamente, o ideal é avançar o sistema de nowcast (previsão imediata do tempo), utilizando uma série de ferramentas e combinando essas informações vão permitir maior precisão na previsão de chuva”.
“Alertas e Previsões de Risco Geodinâmico” foi o tema abordado pelo tecnologista, Pedro Camarinha, especialista em geodinâmica na Sala de Situação do Cemaden. Mostrou um dos principais produtos da Sala de Situação que é o Boletim de Previsão de Riscos Geo-hidrológicos, disponibilizado, diariamente, no site do Cemaden. Apresentou os conceitos sobre os “cenários de risco” (situação potencial ainda não concretizado), “probabilidade” de um “evento adverso” que possa ocorrer, causando “impactos” em um determinado “sistema de interesse” (município). Mostrou, também, os diversos tipos de movimentos de massa e deslizamentos, sempre relacionados à chuva e umidade do solo. “Na matriz de risco, a probabilidade de ocorrência de um evento que costumamos avaliar não é de uma chuva qualquer, mas a que possa causar deslizamentos pontuais, ou esparsos ou generalizados. Temos os limiares críticos de valores de chuvas e a análise da concretização dos deslizamentos”, explica Camarinha.
“Monitoramento, alerta e previsão de risco hidrológico” foi apresentado pela hidróloga da Sala de Situação, Cláudia Linhares, especialista em extremos hidrológicos, mostrando os cenários de risco para o envio de alerta e as tomadas de decisão, que são os possíveis impactos (danos humanos, materiais e financeiros), além das tipologias de riscos hidrológicos (alagamento, inundação, enxurrada). “O processo de emissão de alerta de risco hidrológico tem o objetivo de evitar mortes, proteger a população, trabalhar a conscientização e desenvolver a percepção de risco”, destaca a hidróloga. Para isso, ela considera importante a confiabilidade do alerta pela população, a colaboração das Defesas Civis e que a informação chegue até a população.
“Registro de ocorrências de desastres ”- Os registros de eventos de Inundação e Deslizamento do Cemaden, denominado “REINDESC” foram apresentados pelo especialista em Desastres Naturais, Tiago Bernardes, da Sala de Situação do Cemaden, que mostrou a importância das informações dos eventos e como podem ser usados como mapeamento, avaliação, previsão sistemas de previsão e monitoramento. “Há vários métodos de obter informações sobre ocorrências efetivas de desastres geo-hidrológico, pelas pessoas diretamente relacionadas ao evento”, afirma Bernardes, informando sobre os formulários de ocorrências enviados pelas Defesas Civis e por outras pessoas, além de informações obtidas nas notícias on-line e criadores de conteúdo. “Na Mídia, sempre aparece a localização, horário e impactos associados a esses eventos.”, afirma o especialista do Cemaden destaca: “É importante o registro desses eventos por três motivos. Primeiro, o mapeamento e avaliação da distribuição espacial dos eventos para o planejamento urbano e medidas de prevenção e mitigação. Segundo, pela avaliação da efetividade dos sistemas de previsão e monitoramento. Em terceiro, pela elaboração de intervalos de recorrência (IR) de eventos de inundações e de correlações entre eventos de deslizamentos e chuvas acumuladas, para aprimorar a previsão desses eventos”.
Webinário na íntegra
Para obter as informações e apresentações na íntegra, o 1º Webinário do Cemaden está disponibilizado no Canal YouTube do Cemaden – Impactos de Desastres, com acesso pelo link:
https://www.youtube.com/@reuniaodeimpactoscemaden/streams
O próximo webinário do Cemaden será realizado no dia 13 de novembro, para debater sobre Secas e Fogo.
Fonte: Ascom/Cemaden