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Cemaden irá instalar equipamentos geotécnicos em Petrópolis (RJ) para ampliar o monitoramento de risco de deslizamentos
No mês de setembro, pesquisadores da área geotécnica do Projeto RedeGeo do Cemaden desenvolveram estudos de campo e identificação de locais possíveis para instalação de cinco PCDs Geo (Plataformas de Coleta de Dados Geotécnicas). A instalação das PCDs Geo está prevista para a segunda quinzena deste mês de novembro (Foto: Pesquisadores do Cemaden e agentes da Defesa Civil de Petrópolis (RJ) no Bairro Alto da Independência - para análise de instalação da PCD Geo- Crédito: Daniel Metodiev/Cemaden)
Com o objetivo de ampliar o monitoramento da quantidade de chuvas e de umidade de solo, em tempo real, nas áreas de risco de deslizamentos em encostas urbanas, o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden)- unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações irá instalar, neste mês de novembro, cinco Plataformas de Coletas de Dados Geotécnicos (PCDs Geo) no município de Petrópolis (RJ).
Esses equipamentos geotécnicos (PCDs Geo), compostos por pluviômetro e sensores de umidade, permitem maior precisão no monitoramento de dados de chuva e umidade do solo, possibilitando precisão dos alertas de deslizamentos do Cemaden/MCTI e do Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres ( CENAD/MDR), além de ampliar o apoio das Defesas Civis Estaduais e Municipais na prevenção de movimentos de massa, durante o Plano de Verão.
Trabalhos preparatórios e parcerias entre Cemaden e Defesa Civil Municipal
Entre os dias 27 e 29 de Setembro, os pesquisadores e geólogos do Cemaden, Daniel Metodiev e Márcio Andrade, desenvolveram estudos em campo no município de Petrópolis (RJ) para avaliação e identificação de locais possíveis de instalação de cinco PCDs Geo (Plataformas de Coleta de Dados Geotécnicas).
No âmbito do Projeto RedeGeo e dentro da parceria Cemaden (MCTI) e Secretaria de Defesa Civil Municipal de Petrópolis, o trabalho de identificação dos locais foi realizado junto com o geógrafo Luiz Henrique Alves e os geólogos Larissa Blaudt e Yuri Garin, todos técnicos da Defesa Civil. Essa parceria é fruto do compromisso firmado a partir do Acordo de Cooperação Técnica existente entre a Defesa Civil de Petrópolis e Cemaden/MCTI.
Desastres na região serrana do RJ
A região de Petrópolis é uma área crítica em desastres naturais, com constante e permanente processos de movimentos de massa (deslizamentos, corridas de lama e de detritos). Os maiores desastres registrados no município, em 1988 e 2011, tiveram grande impacto na cidade de Petrópolis, assim como em toda região serrana do Rio de Janeiro. O segundo desastre vitimou mais de 900 moradores, conforme dados oficiais, mas os indícios revelam muito mais vítimas, contando também as pessoas desaparecidas. “Esse desastre é uma das razões que a região serrana do Estado de Rio de Janeiro seja uma área sensível e complexa na prevenção de risco de deslizamentos.”, afirma o pesquisador e geólogo do Cemaden, Márcio Andrade. Explica que, por isso é necessária uma atualização frequente e ampliação da rede de monitoramento, principalmente, para o trabalho das Defesas Civis da região serrana de Rio de Janeiro.
Vistorias e identificação dos locais críticos e de adequação técnica para instalar as PCDs Geo
Junto à Defesa Civil de Petrópolis, foram realizadas vistorias para identificação de locais adequados para instalação das PCDs Geotécnicas. Os dados a serem obtidos de chuva e da umidade do solo permitirão uma correlação entre a quantidade de chuva do local e a parte dessa chuva que foi absorvida e retida no solo, causando saturação em profundidade, levando o solo a deflagração de deslizamentos. A PCD Geotécnica é composta por um pluviômetro automático e uma sonda geotécnica, que conta com seis sensores, em posição fixa a cada 0,5 m, os quais medem a umidade volumétrica do solo, através de um campo magnético.
A identificação dos possíveis locais de instalação foi realizada a partir do conhecimento local da Defesa Civil de Petrópolis, com base nos mapeamentos de áreas de risco R3 (nível alto) e R4 (nível muito alto) do Departamento de Recursos Minerais do Rio de Janeiro (DRM) e do Serviço Geológico do Brasil (CPRM).
Além dos locais estarem em áreas ativas de deslizamentos, os requisitos para instalação exigiram que os terrenos tenham um solo que permita a escavação para instalação do tubo de acesso com três metros de profundidade, além dos o locais de fixação dos pluviômetros não apresentem obstáculos para captação da água da chuva (árvores, edificações, entre outros). Também é necessário ter bom sinal de telefonia móvel para transmissão dos dados; acessibilidade para realização da instalação e da manutenção preventiva e periódica, em condições mínimas de segurança para o equipamento e para as equipes de trabalho.
Os locais ficam posicionados em áreas com histórico de ocorrências de movimentos de massa em bairros como Quitandinha, Alto da Independência, Castelânea, Simeria, São Sebastião e Bingen. Alguns dos pontos como a Rampa de Voo Livre no bairro Simeria e o Residencial Gustavo Ernesto Baner no bairro São Sebastião estão muito próximos as cicatrizes de ocorrências históricas de movimento de massa de grande impacto social que ocorreram em 1988 e em 2011.
Projeto RedeGeo do Cemaden
A Rede de Monitoramento Geotécnico (RedeGeo) é um projeto da Rede de Monitoramento Ambiental de Desastres Naturais (REMADEN) do Cemaden (MCTI), financiado pela Finep (Financiadora de Estudos e Projetos do MCTI) e executado pela Funcate(Fundação de Ciência, Aplicações e Tecnologias Espaciais) e Cemaden/MCTI. A PCD Geo é um equipamento, exclusivamente, instalado em áreas localizadas em encostas antropizadas (áreas alteradas), suscetíveis de deslizamentos, com vasto histórico de ocorrências, bem como em encostas naturais com fortes indícios de processos ativos de movimentos de massa.
Desde o ano de 2019, já foram instaladas 87 PCDs Geo em áreas de risco com vasto histórico de ocorrências de movimento de massa no Brasil nas Regiões Sul, Sudeste e Nordeste, nos municípios de Blumenau (SC); Olinda, Recife, Jaboatão do Guararapes, Cabo de Santo Agostinho, Ipojuca, Camaragibe (Pernambuco); na Baixada Santista no Estado de São Paulo (Santos, São Vicente, Guarujá, Cubatão, Praia Grande); no Grande ABC paulista (Diadema, São Bernardo do Campo, Santo André, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra, Mauá); na região serrana de Campos do Jordão (SP) e Angra dos Reis (RJ) agora em novembro, em Petrópolis (RJ).
Fonte: Ascom/Cemaden com equipe RedeGeo
Foto: Pesquisadores do Cemaden e agentes da Defesa Civil de Petrópolis (RJ), realizando trabalho em campo nas comunidades das encostas íngremes do bairro Alto da Independência, para avaliação dos locais possíveis de instalação de PCDs Geo (Crédito: Daniel Metodiev/Cemaden).