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Cemaden discute a inclusão de pessoas com deficiência visual na prevenção de desastres
A acessibilidade e os desafios para a inclusão das pessoas com deficiência visual no diálogo e na formulação de planos de redução de risco de desastres foram os temas discutidos junto a especialistas, promovido pela Série de Debates do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) – unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI).
Os debates foram transmitidos pelo Canal YouTube da Série de Debates do Cemaden, na semana passada (dia 13), com a participação da audiodescritora e consultora, Aparecida Leite e da pesquisadora Giselly Gomes, do Grupo Pesquisador em Educação Ambiental, Comunicação e Arte, da Universidade Federal de Mato Grosso (GPEA/UFMT) e do Instituto de Cegos do Estado de Mato Grosso (Icemat). A transmissão teve a participação e apoio do técnico em Libras, Cleber Diego.
“Nunca teremos uma política nacional de gestão de risco se não forem inclusos todos os seres humanos. Esse é o desafio!” afirma o diretor do Cemaden, Osvaldo Moraes, na abertura do evento, explanando que poderemos contribuir com as questões relevantes para colocar a pauta da inclusão de deficientes nas discussões de gestão de risco.
“Existe uma série de fatores que fazem essas pessoas com deficiência serem invisibilizadas pela sociedade”, aponta a pesquisadora da UFMT, Giselly Gomes, apresentando todos os tipos de barreiras de inclusão, entre elas a arquitetônica e a atitudinal. Informou que segundo relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), existe no mundo mais de um milhão de pessoas com deficiência e desse total, cerca de 80% vivem em países pobres. “Portanto, isso já é um contexto que aponta os impactos das mudanças climáticas e riscos de desastres serão enfrentados com mais intensidade por essas pessoas.”, destaca a pesquisadora. No Brasil, cerca de 24% da população possui deficiência, segundo o Censo do IBGE de 2010, indicando que quase 19% da população brasileira tem deficiência visual. Mostrou alguns trabalhos de mapeamento elaborados junto à Defesa Civil de Cuiabá, para acessibilidade de mapas táteis e de audiodescrição.
Sensibilização-mobilização para a acessibilidade e inclusão
“Acessibilidade é o único caminho que se chega à inclusão. A acessibilidade é para todos”, aponta Aparecida Leite, que perdeu a visão nos primeiros anos de vida, conseguindo cursar o Instituto Benjamin Constant (IBC), instituição de ensino para deficientes visuais, sediado no Rio de Janeiro. “Essa escola me ensinou a ter responsabilidade enquanto pessoa. Senti a necessidade de mostrar às pessoas sem deficiência que é possível chegar à inclusão”, explica a consultora que se graduou no curso superior de História e de Direito, ressaltando: “A pior barreira para a inclusão é a atitudinal, a qual levanta e estruturaliza o capacitismo”. Abordou sobre as barreiras de acessibilidade, além de explicar como a audiodescrição pode ser uma das formas de inclusão e quebra de barreiras, independente das características físicas, sensoriais, mentais ou intelectuais. “Acredito muito no ambiente de pesquisa, porque é a partir daí que a gente se conhece e que se reconhece o quanto mais se pode fazer”, afirma Leite, concluindo que a sensibilização e a mobilização são fundamentais para o caminho da acessibilidade ao encontro da inclusão.
Pesquisa e artigo publicado sobre o tema
O artigo intitulado “(In)visibilidades sobre as Vulnerabilidades das Pessoas com Deficiência Visual aos Desastres e Mudanças Climáticas: Um Estudo de Caso em Cuiabá, Brasil”, de autoria de Giselly Gomes (UFMT e Icemat), com a participação do pesquisador do Cemaden, Victor Marchezini e da pesquisadora da UFMT, Michèle Sato, foi publicado no mês de fevereiro deste ano, divulgado pelo Cemaden com o link de acesso ao artigo completo, disponibilizado na divulgação:
As apresentações e discussões da Série de Debates sobre o tema “"Pessoas com deficiência visual, Prevenção de Desastres e Mudanças Climáticas" tiveram a mediação do pesquisador do Cemaden, sociólogo Victor Marchezini e podem ser acessadas pelo link:
Fonte: Ascom/Cemaden