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Situação Atual e Projeção Hidrológica para o Sistema Cantareira 10/01/2022 Ano 7 Nº 64
Localizado ao norte da Grande São Paulo, o Sistema Cantareira é formado por 5 reservatórios: Jaguari-Jacareí, Cachoeira, Atibainha, Paiva Castro e Águas Claras. Os quatro primeiros, de regularização de vazões, captam e desviam água através de túneis e canais, de alguns afluentes do rio Piracicaba para a bacia do rio Juqueri, na bacia do Alto Tietê, até o reservatório Paiva Castro, também de regularização. Finalmente, as águas são bombeadas deste último para o reservatório Águas Claras, para o abastecimento de, atualmente, 7,4 milhões de pessoas na Região Metropolitana de São Paulo. O CEMADEN, desde 2014, devido à intensa seca na região Sudeste, estabeleceu um sistema de monitoramento, previsão e projeção de vazão e de armazenamento para o Sistema Cantareira, e desde janeiro de 2015 publica boletins periódicos da Situação Atual e Projeções Hidrológicas para o Sistema Cantareira.
Esta edição do boletim traz a situação para o mês de dezembro de 2021, e projeções hidrológicas de janeiro a abril de 2022. A situação de armazenamento dos reservatórios do Sistema Cantareira, no final de dezembro de 2021 (25%), é pior quando comparada ao mesmo período do ano de 2020 (36%). Com a situação atual de armazenamento, os reservatórios do Sistema Cantareira encontram-se na faixa de operação “Restrição” (armazenamento entre 20% e 30%) [1] , cuja máxima vazão de extração para o atendimento da demanda hídrica da região metropolitana de São Paulo é 23 m³/s. Em dezembro de 2021, a média desta vazão de extração para o abastecimento da região metropolitana de São Paulo foi 22 m³/s. Ainda em dezembro, tanto a precipitação quanto a vazão registradas no Sistema Cantareira ficaram abaixo da média. A precipitação foi o equivalente a 66% da média histórica do mês, enquanto a vazão afluente aos reservatórios foi 48% da média histórica. Com relação às projeções, considerando um cenário hipotético de chuvas na média histórica de janeiro a abril de 2022, o modelo hidrológico projeta que a média de vazão afluente seria 94% da média histórica do período, ou seja, 54 m 3 /s e o armazenamento no sistema, no final de abril de 2022, poderá chegar a 49% (na faixa de operação “Atenção”). Considerando um cenário de chuvas 25% abaixo da média, o modelo indica, para o mesmo período, vazão cerca de 66% da média histórica e armazenamento no final do horizonte de projeções, de 34% (na faixa de operação “Alerta”).
Situação atual do Sistema Cantareira
A precipitação acumulada durante os meses chuvosos, de 01 de outubro a 31 de dezembro de 2021, baseado nas redes pluviométricas cobrindo as sub-bacias de captação do Sistema Cantareira (7 pluviômetros do DAEE/ SAISP e 16 pluviômetros em operação do CEMADEN), foi 416 mm (414² mm), o que representa cerca de 37% (37%²) da média histórica da estação chuvosa (outubro a março) de 1983-2020 (1121 mm). No mês de dezembro de 2021, a precipitação acumulada foi 136 mm (137² mm), o que representa 65% (66%²) da média histórica para este mês (208 mm) ( Figura 1 ).
Figura 1 . Precipitação mensal na bacia do Sistema Cantareira (em mm) de acordo com os dados do CEMADEN, entre outubro de 2012 a novembro de 2021. Ano hidrológico: outubro – setembro.
A média de vazão afluente ao Sistema Cantareira (Sistema Equivalente + Paiva Castro) de outubro a dezembro de 2021 , de acordo com dados da SABESP [ 3 ] e da ANA [4] foi 21 m 3 /s. Esse valor corresponde a 62% da média deste período (34 m 3 /s) e 43% da média histórica para a estação chuvosa, compreendida entre outubro a março (49 m 3 /s) como observado na Figura 2b . Para o mesmo período, a extração total média dos reservatórios foi 32m³/s, enquanto a média de extração para o abastecimento da região metropolitana de São Paulo (vazão do elevatório Santa Inês), foi 23 m³/s. Durante o período de 01 de outubro a 31 de dezembro de 2021, a média do aporte recebido através da interligação com o Sistema Paraíba do Sul foi 5,0 m³/s. É importante salientar que, após desligamento das bombas no início de setembro de 2021, devido ao limite anual de transferência de água entre os dois sistemas (162 milhões m 3 ) ter sido alcançado, foi aprovada em outubro, em caráter excepcional e temporário, até 31 de dezembro de 2021, a manutenção da transferência do reservatório da UHE Jaguari para o reservatório Atibainha, no valor máximo de 5,13 m 3 /s para armazenamento do sistema menor que 30%.
Para o mês de dezembro de 2021 , a média de vazão afluente foi 21 m 3 /s, o que representa 48% da vazão média mensal histórica (44 m 3 /s). Para o mesmo período, a média de extração de água do Sistema Cantareira para o elevatório Santa Inês (Qesi), que abastece a região metropolitana de São Paulo, foi 22 m 3 /s, e a vazão de jusante (Qjus), que contribui com a bacia dos rios Piracicaba, Capivari, Jundiaí (Região do PCJ), foi 9,2 m³/s. Juntas, estas duas vazões representam a extração total do sistema Cantareira, que foi 31 m³/s. Ainda no mês de dezembro, de acordo com a SABESP, a média do aporte, proveniente da interligação com o Sistema Paraíba do Sul para o reservatório Atibainha, foi 6,3 m³/s.
Previsão de chuva
A região da bacia de captação do Sistema Cantareira se encontra atualmente no auge do período chuvoso, que tem apresentado irregularidade ao longo dos meses. Em particular, para os próximos 3 e 10 dias (Figura 2) as previsões baseadas no modelo GENS/NOAA (50x50 km) indicam que as precipitações terão volumes próximos aos valores médios da época. A tendência para a segunda semana ( Figura 3 ), também aponta a possibilidade de chuva, embora provavelmente com acumulados pluviométricos inferiores à média histórica.
Figura 2 . Previsão de precipitação acumulada em milímetros (mm) nos próximos 3 (esquerda) e 10 (direita) dias para a bacia de captação do Sistema Cantareira, segundo a previsão do modelo numérico GFS/NOAA. A área da bacia de captação do Sistema Cantareira é indicada no centro da figura com linha preta espessa.
Figura 3 . Previsão de precipitação em milímetros (mm) acumulados (esquerda) e sua respectiva anomalia em relação aos valores climatológicos (direita) para a segunda semana de acordo com o modelo numérico americano GEFS/NCEP/NOAA.
Projeções de vazão afluente para os próximos meses
A Figura 4 apresenta as médias mensais de vazão afluente observada e, na sequência, projeções de vazão usando a média dos membros de previsão (05 a 14 de janeiro de 2022) e, a partir do dia 15 de janeiro foram considerados cinco cenários hipotéticos de precipitação: média histórica (1983-2020), 25% acima da média, 25% e 50% abaixo da média histórica e cenário crítico (janeiro a abril de 2014). As simulações indicam que, no cenário de chuva na média histórica, a vazão afluente no período de janeiro a abril de 2022, poderá alcançar cerca de 55 m³/s, o que representa 94% da média histórica para este período. Para cenários de precipitações 25% e 50% abaixo da média histórica, as simulações apontam projeções de vazões da ordem de 66% e 43% da média histórica desse mesmo período, respectivamente.
Figura 4 . Histórico e simulação de vazão média mensal (em m³/s) afluente ao Sistema Cantareira (linhas tracejadas) considerando a previsão e cinco cenários de precipitação: 50% (verde) e 25% abaixo da média climatológica (azul claro); na média histórica (cinza) e 25% acima da média histórica (azul escuro) e cenário crítico (laranja). As linhas espessas representam as vazões médias mensais observadas, de acordo com a SABESP: média histórica (preto); mínimos mensais (marrom); série de maio de 2020 a abril de 2021 (magenta); e de maio a dezembro de 2021 (roxo).
Projeções de volume armazenado para os próximos meses
A Figura 5 apresenta as projeções da evolução do volume útil armazenado nos reservatórios do Sistema Cantareira utilizando: previsão e projeções de vazão afluente; vazão de extração para a estação elevatória Santa Inês (Q esi) de acordo com as regras condicionais estabelecidas pela resolução conjunta ANA/DAEE Nº 925; e vazão defluente (Q jusante) para as bacias do PCJ (rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí) igual à média praticada em dezembro de 2021, 9,2 m³/s. Nas simulações o aporte de interligação com a bacia do Rio Paraíba do Sul (de acordo com a Resolução ANA Nº 1931) que havia sido aprovado em carácter excepcional, até 31 de dezembro de 2021, volta a operar normalmente a partir de janeiro de 2021.
Considerando um cenário hipotético de precipitação na média histórica, as projeções indicam que, o reservatório estará no final do horizonte de projeções (abril de 2022) na faixa de operação “Atenção” (armazenamento entre 40% a 60%), com 49% do seu volume útil ( Tabela 01 ). Entretanto, considerando o cenário de precipitação 25% e 50% abaixo da média, o reservatório estaria, respectivamente, ao final de abril de 2022, na faixa de operação “alerta” ( armazenamento entre 30% a 40%) e faixa de operação “restrição” (armazenamento entre 20% e 30%). Ressalta-se que esses cenários podem ser modificados de acordo com mudanças na vazão de interligação com o Rio Paraíba do Sul bem como as extrações do Sistema a serem praticadas pelo operador, nos próximos meses.
Figura 5 . Projeções de armazenamento do Sistema Cantareira (linhas tracejadas) para cinco cenários de precipitação: 50% (verde) e 25% (azul claro) abaixo da média histórica, na média histórica (cinza) e 25% acima da média histórica (azul escuro) e cenário crítico (laranja). Nesta simulação foi considerada uma vazão de aporte da interligação com a bacia do Rio Paraíba do Sul com média igual a 5,13 m³/s entre janeiro a abril de 2022. A linha magenta mostra a evolução do armazenamento observado do Sistema Cantareira entre maio de 2020 a abril de 2021 e a linha roxa no período de maio a dezembro de 2021. As faixas coloridas referem-se às faixas de operação do reservatório de acordo com a resolução conjunta da ANA/DAEE Nº 925.
Tabela 01. Projeções de armazenamento do Sistema Cantareira, no final de fevereiro e abril de 2022, considerando cinco cenários de precipitação: 50% e 25% abaixo da média histórica, na média histórica e 25% acima da média histórica e cenário crítico. As faixas de operação do reservatório estão de acordo com a resolução conjunta da ANA/DAEE Nº 925.