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Situação Atual e Projeção Hidrológica para o Sistema Cantareira 08/11/2021 Ano 7 Nº 62
Localizado ao norte da Grande São Paulo, o Sistema Cantareira é formado por 5 reservatórios: Jaguari-Jacareí, Cachoeira, Atibainha, Paiva Castro e Águas Claras. Os quatro primeiros, de regularização de vazões, captam e desviam água através de túneis e canais, de alguns afluentes do rio Piracicaba para a bacia do rio Juqueri, na bacia do Alto Tietê, até o reservatório Paiva Castro, também de regularização. Finalmente, as águas são bombeadas deste último para o reservatório Águas Claras, para o abastecimento de, atualmente, 7,4 milhões de pessoas na Região Metropolitana de São Paulo. O CEMADEN, desde 2014, devido à intensa seca na região Sudeste, estabeleceu um sistema de monitoramento, previsão e projeção de vazão e de armazenamento para o Sistema Cantareira, e desde janeiro de 2015 publica boletins periódicos da Situação Atual e Projeções Hidrológicas para o Sistema Cantareira.
Esta edição do boletim traz a situação para o mês de outubro de 2021, início da estação chuvosa 2021/2022, e projeções hidrológicas de novembro de 2021 até abril de 2022. A situação de armazenamento dos reservatórios do Sistema Cantareira, no final de outubro de 2021 (28%), é pior quando comparada ao mesmo período de 2020 (35%). Com a situação atual de armazenamento, os reservatórios do Sistema Cantareira encontram-se na faixa de operação “Restrição” (armazenamento entre 20% e 30%) [1] , cuja máxima vazão de extração para o atendimento da demanda hídrica da região metropolitana de São Paulo é 23 m³/s. Em outubro de 2021, a média desta vazão de extração para o abastecimento da região metropolitana de São Paulo foi 23 m³/s. Ainda em outubro, choveu o equivalente a 29% acima da média histórica do mês, enquanto a vazão afluente aos reservatórios foi 81% da média histórica. Com relação às projeções, considerando um cenário hipotético de chuvas na média histórica de novembro de 2021 a abril de 2022, o modelo hidrológico projeta que a média de vazão afluente poderá ser em torno da média histórica do período (51 m 3 /s) e o armazenamento no sistema, no final de abril de 2022, poderá chegar a 65% (na faixa de operação “Normal”).
[1] De acordo com a Resolução conjunta ANA/DAEE Nº 925.
Situação atual do Sistema Cantareira
A precipitação acumulada durante a estação seca de 2021, de abril a setembro , baseado nas redes pluviométricas cobrindo as sub-bacias de captação do Sistema Cantareira (7 pluviômetros do DAEE/ SAISP [2] e 16 pluviômetros em operação do CEMADEN), foi 147 mm (158² mm), o que representa 39% (42%²) da média histórica de 1983-2020 (378 mm). No mês de outubro de 2021, início da estação chuvosa de 2021/2022, a precipitação acumulada foi em torno de 157 mm (166² mm), o que representa 29% (36%²) acima da média histórica para este mês (122 mm) ( Figura 1 ).
[2] DAEE / SAISP: Departamento de Águas e Energia do Estado de São Paulo / Sistema de Alerta a Inundações de São Paulo.
Figura 1. Precipitação mensal na bacia do Sistema Cantareira (em mm) de acordo com os dados do CEMADEN, entre outubro de 2012 a setembro de 2021. Ano hidrológico: outubro – setembro.
A média de vazão afluente ao Sistema Cantareira (Sistema Equivalente + Paiva Castro) de abril a setembro de 2021 , de acordo com dados da SABESP [3] e da ANA [4] foi 11 m 3 /s, 37% da média histórica para a estação seca (30 m 3 /s), o que equivale a um déficit de vazão de 64% em relação à média histórica. Para o mesmo período, a extração total média dos reservatórios foi 31 m³/s, e a média de extração para o abastecimento da região metropolitana de São Paulo (vazão do elevatório Santa Inês), foi 21 m³/s, representando o menor valor para o período seco após a crise hídrica de 2014-2015. Durante o período de 01 de abril a 3 de setembro de 2021, a média do aporte recebido através da interligação com o Sistema Paraíba do Sul foi 7,6 m³/s. A partir do dia 04 de setembro de 2021, as bombas foram temporariamente desligadas uma vez que, a SABESP já havia alcançado o limite anual de transferência de água entre os dois sistemas (162 milhões m 3 ). Porém, a partir de outubro de 2021 foi aprovada, em caráter excepcional e temporário, até 31 de dezembro de 2021, a manutenção da transferência do reservatório da UHE Jaguari para o reservatório Atibainha, no valor máximo de 5,13 m 3 /s, se o armazenamento do sistema ficar abaixo de 30%.
Para o mês de outubro de 2021 , a média de vazão afluente foi 22 m 3 /s, o que representa 81% da vazão média mensal histórica (27 m 3 /s). No mesmo período, a média de extração de água do Sistema Cantareira para o elevatório Santa Inês (Qesi), que abastece a região metropolitana de São Paulo, foi 23 m 3 /s, e a vazão de jusante (Qjus), que contribui com a bacia dos rios Piracicaba, Capivari, Jundiaí (bacia PCJ), foi 9 m³/s. Juntas, estas duas vazões representam a extração total do sistema Cantareira, que foi 32 m³/s. Ainda no mês de outubro , a média do aporte, proveniente da interligação com o Sistema Paraíba do Sul para o reservatório Atibainha, foi 1,1 m³/s. O Sistema Cantareira operou no final do mês de outubro de 2021 com 28% do volume útil (982,0 hm 3 ), na faixa de operação “Restrição” (nível de armazenamento entre 20% e 30%), de acordo com o estabelecido pela Resolução conjunta ANA/DAEE Nº 925/2017.
Previsão de chuva
A região da bacia de captação do Sistema Cantareira se encontra atualmente no período de transição para a estação chuvosa. Em particular, as previsões baseadas no modelo GENS/NOAA (50x50 km) indicam que haverá possibilidade de chuva nos próximos 10 dias ( Figura 2 , esquerda), especialmente a partir dos dias 09-10 de novembro. A tendência para a segunda semana ( Figura 3 ), também aponta a possibilidade de chuva, principalmente em forma de pancadas localizadas, porém, muito provavelmente com acumulados pluviométricos totais inferiores à média histórica.
Figura 2. Previsão de precipitação acumulada em milímetros (mm) nos próximos 3 (esquerda) e 10 (direita) dias para a bacia de captação do Sistema Cantareira, segundo a previsão do modelo numérico GFS/NOAA. A área da bacia de captação do Sistema Cantareira é indicada no centro da figura com linha preta espessa.
Figura 3. Previsão de precipitação em milímetros (mm) acumulados (esquerda) e sua respectiva anomalia em relação aos valores climatológicos (direita) para a segunda semana de acordo com o modelo numérico americano GEFS/NCEP/NOAA.
Projeções de vazão afluente para os próximos meses
A Figura 4 apresenta as médias mensais de vazão afluente observada e, na sequência, projeções de vazão usando a média dos membros de previsão (04 a 13 de novembro de 2021) e, a partir do dia 14 de novembro foram considerados cinco cenários hipotéticos de precipitação: média histórica (1983-2020), 25% acima da média, 25% e 50% abaixo da média histórica e cenário crítico (novembro de 2013 a abril de 2014). As simulações indicam que, no cenário de chuva na média histórica, a vazão afluente no período de outubro de 2021 a abril de 2022, poderá alcançar cerca de 51 m³/s, o que representa valores em torno da média histórica para este período. Para cenários de precipitações 25% e 50% abaixo da média histórica, as simulações apontam projeções de vazões da ordem de 62% e 31% da média histórica desse mesmo período, respectivamente.
Figura 4. Histórico e simulação de vazão média mensal (em m³/s) afluente ao Sistema Cantareira (linhas tracejadas) considerando a previsão e cinco cenários de precipitação: 50% (verde) e 25% abaixo da média climatológica (azul claro); na média histórica (cinza) e 25% acima da média histórica (azul escuro) e cenário crítico (laranja). As linhas espessas representam as vazões médias mensais observadas, de acordo com a SABESP: média histórica (preto); mínimos mensais (marrom); série de maio de 2020 a abril de 2021 (magenta); e de maio a outubro de 2021 (roxo).
Projeções de volume armazenado para os próximos meses
A Figura 5 apresenta as projeções da evolução do volume útil armazenado nos reservatórios do Sistema Cantareira utilizando: previsão e projeções de vazão afluente; vazão de extração para a estação elevatória Santa Inês (Q esi) de acordo com as regras condicionais estabelecidas pela resolução conjunta ANA/DAEE Nº 925; e vazão defluente (Q jusante) para as bacias do PCJ (rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí) igual à média praticada no período 2017-2021, para as estações seca e chuvosa (7,3 m³/s e 4,7 m³/s, respectivamente). Ressalta-se que, nessas simulações o aporte de interligação com a bacia do Rio Paraíba do Sul (de acordo com a Resolução ANA Nº 1931) aprovado em carácter excepcional, até 31 de dezembro de 2021 (de 5,13 m 3 /s), somente poderá ocorrer quando o Sistema Cantareira estiver operando abaixo de 30% do seu volume útil.
As projeções indicam que, o reservatório deverá operar, durante os últimos dois meses de 2021, na faixa de operação “restrição” (armazenamento entre 20% e 30%). Considerando um cenário hipotético de precipitação na média histórica o reservatório retornará no final do horizonte de projeções (abril de 2022) para a faixa de operação “normal” (armazenamento entre 60% a 100%). Entretanto, considerando o cenário de precipitação 25% e 50% abaixo da média, o reservatório estaria, respectivamente, ao final de abril de 2022, na faixa de operação “alerta” ( armazenamento entre 30% a 40%) e faixa de operação “especial” (armazenamento entre 0% e 20%). Ressalta-se que esses cenários podem ser modificados de acordo com mudanças na vazão de interligação com o Rio Paraíba do Sul bem como as extrações do Sistema a serem praticadas pelo operador, nos próximos meses.
Figura 5. Projeções de armazenamento do Sistema Cantareira (linhas tracejadas) para cinco cenários de precipitação: 50% (verde) e 25% (azul claro) abaixo da média histórica, na média histórica (cinza) e 25% acima da média histórica (azul escuro) e cenário crítico (laranja). Nesta simulação foi considerada uma vazão de aporte da interligação com a bacia do Rio Paraíba do Sul com média igual a 5,13 m³/s entre novembro de 2021 a abril de 2022 (entre novembro e dezembro de 2021 somente foi considerada a interligação quando o volume útil do reservatório for inferior a 30%) . A linha magenta mostra a evolução do armazenamento observado do Sistema Cantareira entre maio de 2020 a abril de 2021 e a linha roxa no período de maio a outubro de 2021. As faixas coloridas referem-se às faixas de operação do reservatório de acordo com a resolução conjunta da ANA/DAEE Nº 925.