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Situação Atual e Projeção Hidrológica para o Sistema Cantareira 08/04/2024 Ano 10 Nº 91
Esta edição do boletim traz um resumo da situação referente ao mês de março de 2024, e projeções hidrológicas de abril a setembro de 2024. O armazenamento dos reservatórios do Sistema Cantareira, no final de março, foi de 78% do volume útil total. Esse valor representa um aumento de 2% em relação ao final do mês anterior, um patamar ligeiramente inferior comparativamente ao mesmo período do ano de 2023 (82%). Com a situação atual de armazenamento, os reservatórios do Sistema Cantareira encontram-se na faixa de operação “Normal” (armazenamento entre 60% e 100%)[1], cuja máxima vazão de extração para o atendimento da demanda hídrica da região metropolitana de São Paulo é 33 m³/s. Em março de 2024, a média de extração para o abastecimento da região metropolitana de São Paulo foi, de aproximadamente, 29 m³/s. Ressalta-se que, com o atual nível de armazenamento superior a 60%, a contribuição proveniente do reservatório da Usina Hidrelétrica (UHE) Jaguari, na bacia do rio Paraíba do Sul, para o reservatório do rio Atibainha, integrante do Sistema Cantareira permanece suspensa, de acordo a Resolução conjunta ANA/DAEE Nº 925/2017.
A precipitação e a vazão registradas no Sistema Cantareira, no mês de março foram equivalentes a 100% e 67% da média histórica do mês, respectivamente. Atualmente, o Sistema Cantareira encontra-se classificado em seca hidrológica fraca, de acordo com o Índice Padronizado Bivariado Precipitação-Vazão (TSI) em ambas as escalas temporais, de 6 e 12 meses. Essa condição representa uma intensificação da seca comparativamente ao mês anterior, quando ainda estava estabelecida uma situação de normalidade na bacia.
Com relação às projeções hidrológicas a partir do modelo PDM/CEMADEN (Probability-Distributed Model/CEMADEN) (Tabela 01), as simulações indicam que, no cenário hipotético de precipitação na média histórica, a vazão afluente média aos reservatórios do sistema Cantareira, no próximo trimestre, de abril a junho de 2024, seria 30 m³/s, o que representa 82% da média histórica para este período. Ainda, considerando o cenário de precipitações na média histórica, o modelo hidrológico projeta um armazenamento no sistema, no final de junho, de 71%, na faixa de operação “Normal”. Para um horizonte de tempo maior, entre abril e setembro, o modelo indica vazão média de 24 m³/s, correspondente a 83% da média histórica e armazenamento no final de setembro, de 57%, na faixa de operação “Atenção”.
Ressalta-se que esses cenários podem ser modificados de acordo com mudanças na vazão de interligação com a bacia do rio Paraíba do Sul, bem como as extrações do Sistema a serem praticadas pelo operador, nos próximos meses.
[1] De acordo com a Resolução conjunta ANA/DAEE Nº 925/2017.
Situação atual do Sistema Cantareira
A precipitação acumulada durante os meses chuvosos de nos meses chuvosos de 2023/2024, de outubro de 2023 a março de 2024, baseado nas redes pluviométricas que cobrem as sub-bacias de captação do Sistema Cantareira (Figura 1), incluindo 26 pluviômetros do CEMADEN e 7 pluviômetros do DAEE/ SAISP[1], foi 1129 mm (11682 mm). Esse valor corresponde a 1% (5%2) acima da média histórica para a estação chuvosa, compreendida entre os meses de outubro a março (1118 mm).
No mês de março de 2024, a precipitação acumulada foi de 174 mm (1842 mm), equivalente a um valor de, aproximadamente, 100% (106%2) da média histórica para este mês (174 mm). Ainda neste mês, a média de vazão afluente registrada foi, de aproximadamente, 39 m3/s, o que representa, cerca de 67% da média mensal histórica (59 m3/s).
O Sistema Cantareira encontra-se classificado em condição de seca hidrológica fraca, de acordo com o Índice Padronizado Bivariado Precipitação-Vazão (TSI) para as escalas temporais de 6 e 12 meses (TSI-6 = -0,55; TSI-12 = -0,64) (Figura 2a e 2b). Ainda de acordo com o TSI, a atual condição no Sistema Cantareira representa uma intensificação da seca com relação ao mês anterior, quando ainda era observada uma situação de normalidade em relação a seca hidrológica. Embora uma condição de normalidade tenha prevalecido na bacia entre março de 2023 a fevereiro de 2024, ressalta-se que, o Sistema Cantareira enfrentou condições de seca hidrológica crítica desde o início de 2012, variando de fraca a excepcional (à exceção dos meses entre maio e 2016 e maio de 2017).
A média de vazão afluente aos reservatórios do Sistema Cantareira (Sistema Equivalente + Paiva Castro), nos meses chuvosos de 2023/2024, entre outubro de 2023 e março de 2024, de acordo com dados da SABESP[3] e da ANA[4] foi, de aproximadamente, 39 m3/s. Esse valor corresponde a, aproximadamente, 80% da média histórica para a estação chuvosa (49 m3/s). Para o mesmo período, a extração total média dos reservatórios foi 33 m³/s, enquanto a média de extração de água do Sistema Cantareira para o elevatório Santa Inês (Qesi), que abastece a região metropolitana de São Paulo, foi 28 m³/s.
Adicionalmente, em março de 2024, Qesi foi de, aproximadamente, 29 m3/s, e a vazão de jusante (Qjus), que contribui com as bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (Região do PCJ), foi de, aproximadamente, 3 m³/s. Juntas, estas duas vazões representam a extração total do sistema Cantareira, que foi de, aproximadamente, 32 m³/s. Neste mês, o aporte proveniente da interligação com o Sistema Paraíba do Sul para o reservatório Atibainha, manteve-se desativado, uma vez que, o armazenamento foi superior a 60% da capacidade total (em acordo com a Resolução conjunta ANA/DAEE Nº 925/2017). Ressalta-se que, a interligação foi suspensa em 27 de dezembro de 2022, quando o volume registrado nos reservatórios do Sistema Cantareira era de 39% da capacidade total.
O Sistema operou no dia 31 de março de 2024 com, aproximadamente, 78% do volume útil total (982 hm3), na faixa de operação “Normal” (nível de armazenamento entre 60% e 100%), de acordo com o estabelecido pela Resolução conjunta ANA/DAEE Nº 925/2017. O volume atual no Sistema Cantareira caracteriza um aumento de 2% em relação ao final do mês anterior, porém, um patamar ligeiramente inferior comparativamente ao mesmo período do ano de 2023 (82%, também na faixa de operação “Normal”). Adicionalmente, representa uma condição melhor ao apresentado no período pré-crise, em março de 2013 (62%, na faixa de operação “Normal”), como pode ser observado na Figura 3.
[2] DAEE / SAISP: Departamento de Águas e Energia do Estado de São Paulo / Sistema de Alerta a Inundações de São Paulo.
[3] SABESP: Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo/Situação dos Mananciais.
[4] ANA: Agência Nacional de Águas.
Previsão de chuva
A região da bacia de captação do Sistema Cantareira já se encontra no período de transição entre a estação chuvosa e a estação seca, onde as chuvas se tornam menos abundantes e frequentes. Em particular, para os próximos 10 dias (Figura 4) as previsões baseadas no modelo GENS/NOAA (50x50 km) apontam ocorrência de algumas precipitações na bacia, com volumes totais que estarão, provavelmente, próximos dos valores médios da época. A tendência para a segunda semana (Figura 5), também aponta a ocorrência de chuvas com volumes totais próximos à média histórica.
Projeções de vazão afluente para os próximos meses
A Figura 6 apresenta as médias mensais de vazão afluente observada e, na sequência, projeções de vazão usando a média dos membros de previsão (05 a 14 de abril de 2024) e, a partir do dia 15 de abril foram considerados cinco cenários hipotéticos de precipitação: média histórica (1981-2023), 25% acima da média, 25% e 50% abaixo da média histórica e cenário crítico (abril a setembro de 2021).
As simulações indicam que, no cenário de chuva na média histórica, a vazão afluente média no próximo trimestre, de abril a junho de 2024, seria em torno de 30 m³/s, o que representa 82% da média histórica para este período. Adicionalmente, para os cenários de precipitações 25% e 50% abaixo da média histórica, as simulações projetam vazões da ordem de 23 m3/s (65%) e 19 m3/s (52%), respectivamente. Além disso, no cenário de precipitação crítica, ocorrido em 2021, o modelo hidrológico aponta vazão média de 21 m3/s, correspondente a 58% da média do período. Por outro lado, em um cenário de chuvas mais otimista, 25% acima da média histórica, o modelo indica vazão média de 35 m3/s, equivalente a 98% da média histórica deste período. Um resumo de tais valores também podem ser visualizado na Tabela 1.
Considerando um horizonte de tempo maior, correspondente aos meses secos de 2024, de abril a setembro, de acordo com as projeções, para o cenário de chuva na média histórica, a vazão afluente seria em torno de 24 m³/s, o que representa 83% da média histórica para este período. Nos cenários de precipitações 25% e 50% abaixo da média histórica, as simulações apontam projeções de vazões da ordem de 18 m³/s (61%) e 13 m³/s (46%) da média, respectivamente. Em um cenário de chuvas 25% acima da média histórica, o modelo indica vazão média de 30 m³/s, caracterizando um valor de 3% acima da média histórica deste período.
Projeções de volume armazenado para os próximos meses
A Figura 7 apresenta as projeções da evolução do volume útil armazenado nos reservatórios do Sistema Cantareira utilizando: (i) previsão e projeções de vazão afluente; (ii) vazão de extração para a estação elevatória Santa Inês (Q esi) de acordo com as regras condicionais estabelecidas pela Resolução conjunta ANA/DAEE Nº 925/2017 (foram aplicados valores médios entre as faixas); (iii) aporte médio de 5,13 m3/s proveniente da interligação entre o Sistema Paraíba do Sul e o reservatório Atibainha, apenas para períodos com o volume armazenado inferior a 60% da capacidade total e; (iv) vazão defluente (Q jusante) para as bacias do PCJ (rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí) de 7,0 m³/s e 3,2 m³/s para estação seca e chuvosa, respectivamente, valores médios referentes ao período de 2022/2023.
Considerando um cenário hipotético de precipitação na média histórica, por exemplo, as projeções indicam que, os reservatórios estariam no final do próximo trimestre, junho de 2024, na faixa de operação “Normal” (armazenamento entre 60% e 100%), com 71% do seu volume útil. Para os cenários de precipitação 25% e 50% abaixo da média, os reservatórios chegariam ao final de junho, com 66% e 63% do volume útil, respectivamente, também na faixa de operação “Normal”. Por fim, para o cenário de precipitações mais otimista, 25% acima da média, as simulações apontam um volume armazenado, no final de junho, de 76% da capacidade total (Tabela 01). Ressalta-se que, em todos os cenários hipotéticos de precipitação, o volume armazenado nos reservatórios do Sistema Cantareira, no final de junho de 2024, estaria classificado na faixa de operação “Normal”.
No entanto, considerando um horizonte de tempo maior, para o cenário hipotético de precipitação na média histórica, as projeções indicam que, os reservatórios estariam no final do horizonte de projeções (setembro de 2024), na faixa de operação “Atenção” (armazenamento entre 40% e 60%), com 57% do seu volume útil. Nos cenários de precipitação 25% e 50% abaixo da média, os reservatórios permaneceriam, ao final de setembro de 2024, na faixa de operação “Atenção”, com 49% e 42% do volume útil, respectivamente. Adicionalmente, para o cenário de precipitação crítica, igual ao ocorrido em e 2021, o volume projetado pelo modelo hidrológico no final de setembro de 2024 é de 47% da capacidade total do sistema, na faixa de operação “Atenção”. Apenas para o cenário de chuvas mais otimista, 25% acima da média histórica, que os reservatórios se manteriam até o final do horizonte de projeções na faixa de operação “Normal”, alcançando um valor de 65% da capacidade total, em 30 de setembro.
É importante destacar que, esses cenários podem ser modificados de acordo com mudanças na vazão de interligação com a bacia do Rio Paraíba do Sul, bem como as extrações do Sistema a serem praticadas pelo operador, nos próximos meses.