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Situação Atual e Projeção Hidrológica para o Sistema Cantareira 06/11/2024 Ano 10 Nº 98
Esta edição do boletim traz um resumo da situação referente ao mês de outubro de 2024, e projeções hidrológicas de novembro de 2024 a março de 2025. O armazenamento dos reservatórios do Sistema Cantareira, no final de outubro, foi de 47% do volume útil total. Esse valor representa uma redução de 4% em relação ao final do mês anterior, e adicionalmente, um patamar inferior comparativamente ao mesmo período do ano de 2023 (73%). Com a situação atual de armazenamento, os reservatórios do Sistema Cantareira encontram-se na faixa de operação “Atenção” (armazenamento entre 40% e 60%)[1], cuja máxima vazão de extração para o atendimento da demanda hídrica da região metropolitana de São Paulo é 31 m³/s. Em outubro de 2024, a média de extração para o abastecimento da região metropolitana de São Paulo foi, de aproximadamente, 28 m³/s. É importante destacar que, desde maio de 2024, após um longo período de desativação, a contribuição do reservatório da Usina Hidrelétrica (UHE) Jaguari, localizado na bacia do rio Paraíba do Sul, para o reservatório do rio Atibainha, que faz parte do Sistema Cantareira, foi retomada, conforme a Resolução Conjunta ANA 1.931/17. Atualmente, a contribuição mensal proveniente dessa interligação entre o Sistema Cantareira e o Paraíba do Sul é de 7,5 m3/s, de acordo com o Ofício OA 008/2024.
A precipitação e a vazão registradas no Sistema Cantareira, no mês de outubro foram equivalentes a 108% e 52% da média histórica do mês, respectivamente. Atualmente, o Sistema Cantareira encontra-se classificado em seca hidrológica severa, de acordo com o Índice Padronizado Bivariado Precipitação-Vazão (TSI) nas escalas temporais de 6 e 12 meses. Em comparação ao mês anterior, a condição de seca hidrológica no Sistema Cantareira apresentou desintensificação na escala de 6 meses, mas agravamento na escala temporal de 12 meses.
Com relação às projeções hidrológicas a partir do modelo PDM/CEMADEN (Probability-Distributed Model/CEMADEN) (Tabela 01), as simulações indicam que, no cenário hipotético de precipitação na média histórica, a vazão afluente média aos reservatórios do sistema Cantareira, nos últimos dois meses de 2024, entre novembro e dezembro, oscilará em torno de 32 m³/s, o que corresponde a 83% da média histórica deste período. Ainda, considerando o cenário de precipitações na média histórica, o modelo hidrológico projeta um armazenamento no sistema, no final de dezembro, de 47%, na faixa de operação “Atenção”. Para um horizonte de tempo maior, entre novembro de 2024 e março de 2025, o modelo indica vazão média de 50 m³/s, correspondente a 93% da média histórica, e armazenamento no final de março de 2024, de 69%, na faixa de operação “Normal”.
Ressalta-se que esses cenários podem ser modificados de acordo com mudanças na vazão de interligação com a bacia do rio Paraíba do Sul, bem como as extrações do Sistema a serem praticadas pelo operador, nos próximos meses.
Situação atual do Sistema Cantareira
A precipitação acumulada durante os meses secos de 2024, de abril a setembro, baseado nas redes pluviométricas que cobrem as sub-bacias de captação do Sistema Cantareira (Figura 1), incluindo 26 pluviômetros do CEMADEN e 7 pluviômetros do DAEE/ SAISP[2], foi 125 mm (1572 mm). Esse valor corresponde a 34% (43%2) da média histórica para a estação seca, compreendida entre os meses de abril a setembro (368 mm). No mês de outubro, início da estação chuvosa de 2024, a precipitação acumulada foi 137 mm (1412 mm), equivalente a um valor de, aproximadamente, 8% (11%2) acima da média histórica para este mês (127 mm).
O Sistema Cantareira encontra-se classificado em condição de seca hidrológica severa, de acordo com o Índice Padronizado Bivariado Precipitação-Vazão (TSI) para as escalas temporais de 6 e 12 meses (TSI-6 = -1,58; TSI-12 = -1,54, respectivamente) (Figura 2a e 2b). Ainda de acordo com o TSI, a atual condição no Sistema Cantareira representa uma desintensificação da seca com relação ao mês anterior na escala temporal de 6 meses (seca hidrológica excepcional), mas agravamento na escala temporal de 12 meses (seca hidrológica moderada). Ressalta-se que, embora uma condição de normalidade tenha prevalecido na bacia entre março de 2023 a fevereiro de 2024, o Sistema Cantareira tem enfrentado condições de seca hidrológica crítica desde o início de 2012, variando de fraca a excepcional (à exceção dos meses entre maio e 2016 e maio de 2017).
A média de vazão afluente aos reservatórios do Sistema Cantareira (Sistema Equivalente + Paiva Castro), nos meses secos de 2024, entre abril e setembro, de acordo com dados da SABESP[3] e da ANA[4] foi, de aproximadamente, 15 m3/s. Esse valor corresponde a, aproximadamente, 52% da média histórica para a estação seca (29 m3/s). Para o mesmo período, a extração total média dos reservatórios foi 38 m³/s, enquanto a média de extração de água do Sistema Cantareira para o elevatório Santa Inês (Qesi), que abastece a região metropolitana de São Paulo, foi 28 m³/s.
[2] DAEE / SAISP: Departamento de Águas e Energia do Estado de São Paulo / Sistema de Alerta a Inundações de São Paulo.
[3] SABESP: Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo/Situação dos Mananciais.
[4] ANA: Agência Nacional de Águas.
Previsão de chuva
A região da bacia de captação do Sistema Cantareira está, desde meados de outubro, em fase de transição para a estação chuvosa, caracterizada por precipitações mais frequentes e volumosas. Especificamente, para os próximos 10 dias (Figura 4), as previsões do modelo GEFS/NOAA (50x50 km) indicam chuvas relativamente constantes e intensas, com acumulados totais próximos ou superiores aos valores médios. Para a segunda semana (Figura 5), espera-se uma redução tanto no volume quanto na frequência das chuvas em comparação com a primeira semana.
Projeções de vazão afluente para os próximos meses
A Figura 6 apresenta as médias mensais de vazão afluente observada e, na sequência, projeções de vazão usando a média dos membros de previsão (04 a 13 de novembro de 2024) e, a partir do dia 14 de novembro foram considerados cinco cenários hipotéticos de precipitação: média histórica (1981-2023), 25% acima da média, 25% e 50% abaixo da média histórica e cenário crítico (novembro de 2013 a março de 2014, quando choveu 52% da média histórica).
As simulações indicam que, no cenário de chuva na média histórica, a vazão afluente média, correspondente aos últimos dois meses de 2024, novembro e dezembro, seria em torno de 32 m³/s, o que representa 83% da média histórica para este período. Adicionalmente, para os cenários de precipitações 25% e 50% abaixo da média histórica, as simulações projetam vazões da ordem de 22 m3/s (56%) e 14 m3/s (36%), respectivamente. Além disso, no cenário de precipitação crítica, ocorrido em 2013, o modelo hidrológico aponta vazão média de 15 m3/s, correspondente a 38% da média do período. Por outro lado, em um cenário de chuvas mais otimista, 25% acima da média histórica, o modelo indica vazão média de 43 m3/s, equivalente a 110% da média histórica deste período. Destaca-se que, apenas para o cenário de precipitações 25% acima da média, o modelo indica vazões acima da média histórica para o período. Em contrapartida, no demais cenários há um claro um viés negativo de vazão, para esta região até o final de 2024.
Considerando um horizonte de tempo maior, de novembro de 2024 a março de 2025, de acordo com as projeções, para o cenário de chuva na média histórica, a vazão afluente seria em torno de 50 m³/s, o que representa 93% da média histórica para este período. Nos cenários de precipitações 25% e 50% abaixo da média histórica, as simulações apontam projeções de vazões da ordem de 29 m³/s (55%) e 14 m³/s (26%) da média, respectivamente. Em um cenário de chuvas 25% acima da média histórica, o modelo indica vazão média de 72 m³/s, caracterizando um valor de 35% acima da média histórica deste período. Um resumo de tais valores também podem ser visualizado na Tabela 1.
Projeções de volume armazenado para os próximos meses
A Figura 7 apresenta as projeções da evolução do volume útil armazenado nos reservatórios do Sistema Cantareira utilizando: (i) previsão e projeções de vazão afluente; (ii) vazão de extração para a estação elevatória Santa Inês (Q esi) de acordo com as regras condicionais estabelecidas pela Resolução conjunta ANA/DAEE Nº 925/2017 (foram aplicados valores médios entre as faixas); (iii) aporte médio de 7,5 m3/s proveniente da interligação entre o Sistema Paraíba do Sul e o reservatório Atibainha durante o mês de novembro de 2024, de acordo com o Ofício OA 008/2024 e; (iv) vazão defluente (Q jusante) para as bacias do PCJ (rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí) de 4,9 m³/s e 9,4 m³/s para estação chuvosa e seca, respectivamente, valores médios referentes ao período de 2023/2024.
Considerando um cenário hipotético de precipitação na média histórica, por exemplo, as projeções indicam que, os reservatórios estariam no final do ano de 2024 (31 de dezembro), na faixa de operação “Atenção” (armazenamento entre 40% e 60%), com 47% do seu volume útil” (Tabela 01). Nos cenários de precipitação 25% e 50% abaixo da média, os reservatórios estariam, ao final de dezembro de 2024, nas faixas de operação “Atenção” e “Alerta” (armazenamento entre 30% e 40%), com 42% e 38% do volume útil, respectivamente. Adicionalmente, para o cenário de precipitação crítica, igual ao ocorrido em 2013, o volume projetado pelo modelo hidrológico no final de dezembro de 2024 é de 38% da capacidade total do sistema, também na faixa de operação “Alerta”. Por fim, no cenário de chuvas mais otimista, 25% acima da média histórica, o modelo indica que os reservatórios permaneceriam até o final de dezembro de 2024 na faixa de operação “Atenção”, alcançando um valor de 53% da capacidade total.
Considerando um horizonte de tempo maior, para o cenário hipotético de precipitação na média histórica, as projeções indicam que, os reservatórios estariam no final do horizonte de projeções (31 de março de 2025), novamente na faixa de operação “Normal” (armazenamento entre 60% e 100 %), com 69% do seu volume útil. Nos cenários de precipitação 25% e 50% abaixo da média, os reservatórios atingiriam, ao final de março de 2025, as faixas de operação “Atenção” e “Restrição” (armazenamento entre 20% e 30%), com 42% e 26% do volume útil, respectivamente. Adicionalmente, para o cenário de precipitação crítica, igual ao ocorrido em 2013/2014, o volume projetado pelo modelo hidrológico no final de março de 2025 é de 29% da capacidade total do sistema, também na faixa de operação “Restrição”. Por fim, no cenário de chuvas mais otimista, 25% acima da média histórica, que os reservatórios estariam até o final do horizonte de projeções na faixa de operação “Normal”, alcançando um valor de 97% da capacidade total, em 31 de março.
Salienta-se que, para o cenário de precipitação igual a média histórica, entre novembro de 2024 a março de 2025, o volume armazenado no Sistema Cantareira, no final do horizonte de projeção (março de 2025), estaria em uma faixa de operação superior à atual, porém em um patamar menor comparativamente ao registado no mesmo período de 2023 (82%).
É importante destacar que, esses cenários podem ser modificados de acordo com mudanças na vazão de interligação com a bacia do Rio Paraíba do Sul, bem como as extrações do Sistema a serem praticadas pelo operador, nos próximos meses.