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Situação Atual e Projeção Hidrológica para o Sistema Cantareira 06/11/2023 Ano 9 Nº 86
Esta edição do boletim traz um resumo da situação referente ao mês de outubro de 2023, e projeções hidrológicas de novembro de 2023 a março de 2024. O armazenamento dos reservatórios do Sistema Cantareira, no final de outubro, foi de 73%. Esse valor representa um aumento de 6% em relação ao final do mês anterior, e uma situação significativamente melhor quando comparado ao mesmo período do ano de 2022 (32%). Com a situação atual de armazenamento, os reservatórios do Sistema Cantareira encontram-se na faixa de operação “Normal” (armazenamento entre 60% e 100%)[1], cuja máxima vazão de extração para o atendimento da demanda hídrica da região metropolitana de São Paulo é 33 m³/s. Em outubro de 2023, a média de extração para o abastecimento da região metropolitana de São Paulo foi, de aproximadamente, 26 m³/s. Ressalta-se que, com o atual nível de armazenamento superior a 60%, a contribuição proveniente do reservatório da Usina Hidrelétrica (UHE) Jaguari, na bacia do rio Paraíba do Sul, para o reservatório do rio Atibainha, integrante do Sistema Cantareira é suspensa, de acordo a Resolução conjunta ANA/DAEE Nº 925/2017.
A precipitação e a vazão registradas no Sistema Cantareira, no mês de outubro, foram equivalentes a 140% e 77% acima da média histórica do mês, respectivamente. Atualmente, o Sistema Cantareira encontra-se classificado em condição de normalidade em relação a seca hidrológica, de acordo com o Índice Padronizado Bivariado Precipitação-Vazão (TSI) em ambas as escalas temporais, de 12 e 24 meses. Condição essa melhor à registrada no mês anterior.
Com relação às projeções hidrológicas a partir do modelo PDM/CEMADEN (Probability-Distributed Model/CEMADEN) (Tabela 01), as simulações indicam que, no cenário hipotético de precipitação na média histórica, a vazão afluente média aos reservatórios do sistema Cantareira, no período de novembro a dezembro de 2023, seria 50 m³/s, o que representa 29% acima da média histórica para este período. Ainda, considerando o cenário de precipitações na média histórica, o modelo hidrológico projeta um armazenamento no sistema, no final de dezembro de 2023, de 81%, na faixa de operação “Normal”. Para um horizonte de tempo maior, entre novembro de 2023 e março de 2024, o modelo indica vazão média de 62 m³/s, correspondente a 16% acima da média histórica e armazenamento no final de março de 2024, de 100%, na faixa de operação “Normal”.
Ressalta-se que esses cenários podem ser modificados de acordo com mudanças na vazão de interligação com a bacia do rio Paraíba do Sul, bem como as extrações do Sistema a serem praticadas pelo operador, nos próximos meses.
Situação atual do Sistema Cantareira
A precipitação acumulada durante os meses da estação seca de 2023, de abril a setembro, baseado nas redes pluviométricas que cobrem as sub-bacias de captação do Sistema Cantareira (Figura 1), incluindo 26 pluviômetros do CEMADEN e 7 pluviômetros do DAEE/ SAISP[1] foi 290 mm (2952 mm). Esse valor corresponde a, aproximadamente, 79% (80%2) da média histórica deste período (370 mm).
No mês de outubro de 2023, início da estação chuvosa na região, a precipitação acumulada foi de 295 mm (3022 mm), equivalente a um valor de, aproximadamente, 140% (145%2) acima da média histórica para este mês (123 mm). O Sistema Cantareira encontra-se classificado em condição de normalidade em relação a seca hidrológica, de acordo com o Índice Padronizado Bivariado Precipitação-Vazão (TSI) para as escalas temporais de 12 e 24 meses (TSI-12 = 0,25; TSI-24 = -0,43) (Figura 2a e 2b). Ainda de acordo com o TSI, a atual condição no Sistema Cantareira representa uma desintensificação da seca em relação ao mês anterior (de normal a seca fraca). Ressalta-se que, apesar da condição atual de normalidade, o Sistema Cantareira enfrentou condições de seca hidrológica crítica, variando de fraca a excepcional, desde o início de 2012, à exceção dos meses entre maio e 2016 e maio de 2017.
No mês chuvoso correspondente a outubro de 2023, a média de vazão afluente registrada foi, de aproximadamente, 50 m3/s (Figura 4), o que representa, cerca de 77% acima da média mensal histórica (28 m3/s). A média de vazão afluente aos reservatórios do Sistema Cantareira (Sistema Equivalente + Paiva Castro), na estação seca de 2023, compreendida entre abril e setembro de 2023, de acordo com dados da SABESP[2] e da ANA[3] foi, de aproximadamente, 24 m3/s. Esse valor corresponde a, aproximadamente, 81% da média histórica deste período (30 m3/s). Para o mesmo período, a extração total média dos reservatórios foi 33 m³/s, enquanto a média de extração de água do Sistema Cantareira para o elevatório Santa Inês (Qesi), que abastece a região metropolitana de São Paulo, foi 25 m³/s.
Adicionalmente, em outubro de 2023, Qesi foi de, aproximadamente, 26 m3/s, e a vazão de jusante (Qjus), que contribui com as bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (Região do PCJ), foi de 4 m³/s. Juntas, estas duas vazões representam a extração total do sistema Cantareira, que foi de, aproximadamente, 30 m³/s. Neste mês, o aporte proveniente da interligação com o Sistema Paraíba do Sul para o reservatório Atibainha, manteve-se desativado, uma vez que, o armazenamento foi superior a 60% da capacidade total (em acordo com a Resolução conjunta ANA/DAEE Nº 925/2017). Ressalta-se que, a interligação foi suspensa em 27 de dezembro de 2022, quando o volume registrado nos reservatórios do Sistema Cantareira era de 39% da capacidade total.
O Sistema operou no dia 31 de outubro de 2023 com, aproximadamente, 73% do volume útil (716 hm3), na faixa de operação “Normal” (nível de armazenamento entre 60% e 100%), de acordo com o estabelecido pela Resolução conjunta ANA/DAEE Nº 925/2017. O volume atual no Sistema Cantareira caracteriza uma elevação de 6% em relação ao final do mês anterior e uma situação significativamente melhor que no mesmo período do ano de 2022 (32%, na faixa de operação “Alerta”). Adicionalmente, representa uma condição melhor ao apresentado no período pré-crise, em outubro de 2013 (37%) ( Figura 3 ).
[1] DAEE / SAISP: Departamento de Águas e Energia do Estado de São Paulo / Sistema de Alerta a Inundações de São Paulo.
[2] SABESP: Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo/Situação dos Mananciais.
Previsão de chuva
A região da bacia de captação do Sistema Cantareira se já encontra no período chuvoso. Contudo, é importante ressaltar que o início antecipado da estação chuvosa não garante a qualidade (volume, duração, entre outros) da quadra chuvosa como um todo. Por outro lado, as precipitações na região de captação do Sistema Cantareira não são influenciadas, pelo menos de forma clara, pelo fenômeno do “El Niño”, atualmente em curso.
Em particular, para os próximos 10 dias (Figura 4) as previsões baseadas no modelo GENS/NOAA (50x50 km) apontam ocorrência de precipitações irregulares na bacia, fundamentalmente em forma de pancadas relativamente localizadas, com volumes totais que estarão, provavelmente, abaixo dos valores médios da época. A tendência para a segunda semana (Figura 5), também indica precipitações relativamente irregulares em forma de pancadas e com volumes totais inferiores à média histórica.
Projeções de vazão afluente para os próximos meses
A Figura 6 apresenta as médias mensais de vazão afluente observada e, na sequência, projeções de vazão usando a média dos membros de previsão (01 a 10 de novembro de 2023) e, a partir do dia 11 de novembro foram considerados cinco cenários hipotéticos de precipitação: média histórica (1981-2022), 25% acima da média, 25% e 50% abaixo da média histórica e cenário crítico (novembro de 2013 a março de 2014).
As simulações indicam que, no cenário de chuva na média histórica, a vazão afluente média nos últimos dois meses de 2023, novembro e dezembro, seria em torno de 50 m³/s, o que representa 29% acima da média histórica para este período. Adicionalmente, para os cenários de precipitações 25% e 50% abaixo da média histórica, as simulações projetam vazões da ordem de 38 m3/s (97%) e 27 m3/s (68%), respectivamente. Além disso, no cenário de precipitação crítica, ocorrido em 2013, o modelo hidrológico aponta vazão média de 26 m3/s, correspondente a 68% da média do período. Por outro lado, em um cenário de chuvas 25% acima da média histórica, o modelo indica vazão média de 63 m3/s, equivalente a 62% acima da média histórica deste período. Um resumo de tais valores também podem ser visualizado na Tabela 1.
Projeções de volume armazenado para os próximos meses
A Figura 7 apresenta as projeções da evolução do volume útil armazenado nos reservatórios do Sistema Cantareira utilizando: (i) previsão e projeções de vazão afluente; (ii) vazão de extração para a estação elevatória Santa Inês (Q esi) de acordo com as regras condicionais estabelecidas pela Resolução conjunta ANA/DAEE Nº 925/2017 (foram aplicados valores médios entre as faixas); (iii) aporte médio de 5,13 m3/s proveniente da interligação entre o Sistema Paraíba do Sul e o reservatório Atibainha (apenas para volume armazenado inferior a 60% da capacidade total) e; (iv) vazão defluente (Q jusante) para as bacias do PCJ (rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí) de 7,0 m³/s e 3,2 m³/s para estação seca e chuvosa, respectivamente, valores médios referentes ao período de 2022/2023.
Considerando um cenário hipotético de precipitação na média histórica, por exemplo, as projeções indicam que, o reservatório estaria no final de dezembro de 2023, na faixa de operação “Normal” (armazenamento entre 60% e 100%), com 81% do seu volume útil. Para os cenários de precipitação 25% e 50% abaixo da média, o reservatório chegaria ao final de dezembro, com 74% e 68% do volume útil, respectivamente, também na faixa de operação “Normal”. Por fim, para o cenário de precipitações mais otimista, 25% acima da média, as simulações apontam um volume armazenado, no final de dezembro, de 87% da capacidade total (Tabela 01).
Considerando um horizonte de tempo maior, para os cenários hipotéticos de precipitação na média histórica e 25% acima da média histórica, as projeções indicam que, o reservatório estaria no final do horizonte de projeções (março de 2024), na faixa de operação “Normal”, com 100% do seu volume útil. Nos cenários de precipitação 25% e 50% abaixo da média, o reservatório chegaria, ao final de março de 2024, com 80% (faixa de operação “Normal”) e 58% (faixa de operação “Atenção”, armazenamento entre 40% e 60%) do volume útil, respectivamente. Adicionalmente, para o cenário de precipitação crítica, igual ao ocorrido entre novembro de 2013 e março de 2014, o volume projetado pelo modelo hidrológico no final de março de 2024 é de 61% da capacidade total do sistema. Salienta-se que, se chover 25% abaixo na média histórica, nesse mesmo período, o volume no final do horizonte de projeção alcançaria um valor similar ao registado no mesmo período de 2022 (82%).
Ressalta-se que esses cenários podem ser modificados de acordo com mudanças na vazão de interligação com a bacia do Rio Paraíba do Sul, bem como as extrações do Sistema a serem praticadas pelo operador, nos próximos meses.