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Situação Atual e Projeção Hidrológica para o Sistema Cantareira 06/06/2024 Ano 10 Nº 93
Esta edição do boletim traz um resumo da situação referente ao mês de maio de 2024, e projeções hidrológicas de junho a setembro de 2024. O armazenamento dos reservatórios do Sistema Cantareira, no final de maio, foi de 70% do volume útil total. Esse valor representa uma redução de 4% em relação ao final do mês anterior, e adicionalmente, um patamar inferior comparativamente ao mesmo período do ano de 2023 (84%). Com a situação atual de armazenamento, os reservatórios do Sistema Cantareira encontram-se na faixa de operação “Normal” (armazenamento entre 60% e 100%)[1], cuja máxima vazão de extração para o atendimento da demanda hídrica da região metropolitana de São Paulo é 33 m³/s. Em maio de 2024, a média de extração para o abastecimento da região metropolitana de São Paulo foi, de aproximadamente, 29 m³/s. Ressalta-se que em maio, após uma longa temporada desativada, a contribuição proveniente do reservatório da Usina Hidrelétrica (UHE) Jaguari, na bacia do rio Paraíba do Sul, para o reservatório do rio Atibainha, integrante do Sistema Cantareira, voltou a operar de acordo a Resolução conjunta ANA 1.931/17.
A precipitação e a vazão registradas no Sistema Cantareira, no mês de maio foram equivalentes a 68% e 59% da média histórica do mês, respectivamente. Atualmente, o Sistema Cantareira encontra-se classificado em seca hidrológica variando de severa a moderada, de acordo com o Índice Padronizado Bivariado Precipitação-Vazão (TSI) para as escalas temporais de 6 e 12 meses, respectivamente. Comparativamente ao mês anterior, a atual condição de seca no Sistema Cantareira se manteve estável.
Com relação às projeções hidrológicas a partir do modelo PDM/CEMADEN (Probability-Distributed Model/CEMADEN) (Tabela 01), as simulações indicam que, no cenário hipotético de precipitação na média histórica, a vazão afluente média aos reservatórios do sistema Cantareira, entre os meses secos de junho a setembro de 2024, oscilará em torno de 18 m³/s, o que corresponde a 73% da média histórica. Ainda, considerando o cenário de precipitações na média histórica, o modelo hidrológico projeta um armazenamento no sistema, no final de setembro, de 55%, na faixa de operação “Atenção”.
Ressalta-se que esses cenários podem ser modificados de acordo com mudanças na vazão de interligação com a bacia do rio Paraíba do Sul, bem como as extrações do Sistema a serem praticadas pelo operador, nos próximos meses.
Situação atual do Sistema Cantareira
A precipitação acumulada durante os meses secos de 2024, de abril a maio, baseado nas redes pluviométricas que cobrem as sub-bacias de captação do Sistema Cantareira (Figura 1), incluindo 26 pluviômetros do CEMADEN e 7 pluviômetros do DAEE/ SAISP[2], foi 55 mm (712 mm). Esse valor corresponde a 35% (45%2) da média histórica deste período (156 mm), e 15% (19%2) da média histórica para a estação seca, compreendida entre os meses de abril a setembro (368 mm).
No mês de maio, segundo mês correspondente ao período seco de 2024, a precipitação acumulada foi de 50 mm (672 mm), equivalente a um valor de, aproximadamente, 68% (90%2) da média histórica para este mês (74 mm). Ainda neste mês, a média de vazão afluente registrada foi, de aproximadamente, 20 m3/s, o que representa, cerca de 59% da média mensal histórica (33 m3/s).
O Sistema Cantareira encontra-se classificado em condição de seca hidrológica variando de severa à moderada, de acordo com o Índice Padronizado Bivariado Precipitação-Vazão (TSI) para as escalas temporais de 6 e 12 meses (TSI-6 = -1,53; TSI-12 = -0,86) (Figura 2a e 2b), respectivamente. Ainda de acordo com o TSI, a atual condição no Sistema Cantareira representa uma estabilidade da seca com relação ao mês anterior, em ambas as escalas. Ressalta-se que, embora uma condição de normalidade tenha prevalecido na bacia entre março de 2023 a fevereiro de 2024, o Sistema Cantareira tem enfrentado condições de seca hidrológica crítica desde o início de 2012, variando de fraca a excepcional (à exceção dos meses entre maio e 2016 e maio de 2017).
A média de vazão afluente aos reservatórios do Sistema Cantareira (Sistema Equivalente + Paiva Castro), nos meses secos de 2024, entre abril e maio, de acordo com dados da SABESP[3] e da ANA[4] foi, de aproximadamente, 22 m3/s. Esse valor corresponde a, aproximadamente, 75% da média histórica para a estação seca (29 m3/s). Para o mesmo período, a extração total média dos reservatórios foi 38 m³/s, enquanto a média de extração de água do Sistema Cantareira para o elevatório Santa Inês (Qesi), que abastece a região metropolitana de São Paulo, foi 30 m³/s.
Adicionalmente, em maio de 2024, Qesi foi de, aproximadamente, 29 m3/s, e a vazão de jusante (Qjus), que contribui com as bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (Região do PCJ), foi de, aproximadamente, 9 m³/s. Juntas, estas duas vazões representam a extração total do sistema Cantareira, que foi de, aproximadamente, 38 m³/s. Esse valor representa, comparativamente ao mês anterior, um aumento equivalente a 1 m3/s.
Ainda no mês de maio, o aporte proveniente da interligação com o Sistema Paraíba do Sul para o reservatório Atibainha, voltou a operar com valor médio de 3,7 m3/s, em acordo com a Resolução conjunta ANA 1.931/17. Ressalta-se que, a interligação estava suspensa desde 27 de dezembro de 2022, quando o volume registrado nos reservatórios do Sistema Cantareira era de 39% da capacidade total.
O Sistema operou no dia 31 de maio de 2024 com, aproximadamente, 70% do volume útil total (982 hm3), na faixa de operação “Normal” (nível de armazenamento entre 60% e 100%), de acordo com o estabelecido pela Resolução conjunta ANA/DAEE Nº 925/2017. O volume atual no Sistema Cantareira caracteriza uma redução de 4% em relação ao final do mês anterior, e adicionalmente, um patamar inferior comparativamente ao mesmo período do ano de 2023 (84%, também na faixa de operação “Normal”). Além disso, representa uma condição melhor ao apresentado no período pré-crise, em maio de 2013 (59%, na faixa de operação “Atenção”), como pode ser observado na Figura 3.
[2] DAEE / SAISP: Departamento de Águas e Energia do Estado de São Paulo / Sistema de Alerta a Inundações de São Paulo.
[3] SABESP: Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo/Situação dos Mananciais.
[4] ANA: Agência Nacional de Águas.
Previsão de chuva
A região da bacia de captação do Sistema Cantareira se encontra atualmente no início do período seco, caraterizado por chuvas escassas que ocorrem basicamente em decorrência da passagem de sistemas frontais. Tanto para os próximos 10 dias (Figura 4) quanto para a segunda semana (Figura 5) as previsões baseadas no modelo GENS/NOAA (50x50 km) apontam a ausência de precipitações significativas na bacia.
Projeções de vazão afluente para os próximos meses
A Figura 6 apresenta as médias mensais de vazão afluente observada e, na sequência, projeções de vazão usando a média dos membros de previsão (04 a 13 de junho de 2024) e, a partir do dia 14 de junho foram considerados cinco cenários hipotéticos de precipitação: média histórica (1981-2023), 25% acima da média, 25% e 50% abaixo da média histórica e cenário crítico (junho a setembro de 2021, quando choveu 42% da média histórica).
As simulações indicam que, no cenário de chuva na média histórica, a vazão afluente média, correspondente aos meses secos de 2024, de junho a setembro, seria em torno de 18 m³/s, o que representa 73% da média histórica para este período. Adicionalmente, para os cenários de precipitações 25% e 50% abaixo da média histórica, as simulações projetam vazões da ordem de 13 m3/s (52%) e 9 m3/s (36%), respectivamente. Além disso, no cenário de precipitação crítica, ocorrido em 2021, o modelo hidrológico aponta vazão média de 12 m3/s, correspondente a 48% da média do período. Por outro lado, em um cenário de chuvas mais otimista, 25% acima da média histórica, o modelo indica vazão média de 23 m3/s, equivalente a 93% da média histórica deste período. Destaca-se que, em todos os cenários de precipitações, o modelo indica um viés negativo de vazão, para esta região. Um resumo de tais valores também podem ser visualizado na Tabela 1.
Projeções de volume armazenado para os próximos meses
A Figura 7 apresenta as projeções da evolução do volume útil armazenado nos reservatórios do Sistema Cantareira utilizando: (i) previsão e projeções de vazão afluente; (ii) vazão de extração para a estação elevatória Santa Inês (Q esi) de acordo com as regras condicionais estabelecidas pela Resolução conjunta ANA/DAEE Nº 925/2017 (foram aplicados valores médios entre as faixas); (iii) aporte médio de 7,5 m3/s proveniente da interligação entre o Sistema Paraíba do Sul e o reservatório Atibainha e; (iv) vazão defluente (Q jusante) para as bacias do PCJ (rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí) de 7,0 m³/s e 3,2 m³/s para estação seca e chuvosa, respectivamente, valores médios referentes ao período de 2022/2023.
Considerando um cenário hipotético de precipitação na média histórica, por exemplo, as projeções indicam que, os reservatórios estariam no final do horizonte de projeções (setembro de 2024), na faixa de operação “Atenção” (armazenamento entre 40% e 60%), com 55% do seu volume útil” (Tabela 01). Nos cenários de precipitação 25% e 50% abaixo da média, os reservatórios permaneceriam, ao final de setembro de 2024, na faixa de operação “Atenção”, com 51% e 48% do volume útil, respectivamente. Adicionalmente, para o cenário de precipitação crítica, igual ao ocorrido em e 2021, o volume projetado pelo modelo hidrológico no final de setembro de 2024 é de 49% da capacidade total do sistema, também na faixa de operação “Atenção”. Por fim, no cenário de chuvas mais otimista, 25% acima da média histórica, que os reservatórios se manteriam até o final do horizonte de projeções na faixa de operação “Atenção”, alcançando um valor de 58% da capacidade total, em 30 de setembro.
Salienta-se que, em todos os cenários de precipitação, entre junho e setembro de 2024, o volume armazenado no Sistema Cantareira, no final do horizonte de projeção, estaria em uma faixa de operação inferior à atual, e alcançaria um patamar menor ao registado no mesmo período de 2023 (67%).
É importante destacar que, esses cenários podem ser modificados de acordo com mudanças na vazão de interligação com a bacia do Rio Paraíba do Sul, bem como as extrações do Sistema a serem praticadas pelo operador, nos próximos meses.